Sábado, 31 de Janeiro de 2009

Ou um princípio de efeito boomerang sobre o racismo e xenofobia que há muito tempo transpira por aqui.
Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2009

Vamos lá a ser condescendentes. Seria pior se a ministra Ana Jorge localizasse Praga na Eslovénia. Assim, demonstrou que, pelo menos, não se baralhou quanto à cesta dos ovos partidos.
Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2009

São conhecidas as dificuldades e os obstáculos que hoje se colocam à acção dos trabalhadores: os propagandistas da política de direita levam por diante uma ofensiva ideológica que, amplamente difundida pelos média dominantes – propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros - tem como objectivo essencial a desmobilização dos trabalhadores; o Governo e o grande capital conluiados, rasgando a Constituição da República Portuguesa, enveredam crescentemente pela ilegalidade, pelo arbítrio, pelo abuso do poder; multiplicam-se as ameaças, as chantagens, as represálias, a repressão, num crescendo de autoritarismo e arrogância que ferem profundamente a democracia.
Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

Na entrevista à SIC-N de ontem, Freitas do Amaral convenceu-me completamente
[que ele vai votar no PS-Sócrates].

O encadeado está viciado, minha cara irmã por escolha. Nós, os ateus, não negamos nada. Simplesmente não acreditamos no que vocês, os crentes, inventaram (os deuses). O que é mais velho que o cristianismo, vem já do paganismo. Mas, diga-se em vosso abono, que a invenção dos deuses, sem atender aos seus porquês e a que necessidades atendem, é obra de imaginação prodigiosa, um património cultural da humanidade. E as sociedades laicas, ao remeterem a religiosidade para o seu domínio apropriado, o da cultura, são as únicas que podem ser verdadeiramente eucuménicas, aquelas em que ninguém precisa de negar o outro para afirmar a sua identidade nem fabrica tolerâncias, essas formas subtis de disfarçar superioridades (como a do sofisma de dizer “eu acredito no que não provo, tu não acreditas naquilo de que não provas a negação” como se houvesse similitude na necessidade de prova).
Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

Inevitável recordar, hoje, os 64 anos passados desde o primeiro encerramento de um campo de concentração nazi, o de Auschwitz, libertado pelo Exército Vermelho em 27 de Janeiro de 1945. Só neste campo, os nazis haviam liquidado um milhão de pessoas, judeus na sua esmagadora maioria. Mas Auschwitz foi apenas uma das peças da máquina de extermínio montada pela besta fascista. O animalesco humano, invocando a necessidade de apuramento da raça, paradoxalmente imitado pelos libertadores de Auschwitz sob pretexto de apurarem a classe, representado no Holocausto de que Auschwitz ficou como símbolo maior, é algo que ainda hoje consegue espantar-nos pelos caminhos a que podem levar o fanatismo ideológico. Como não deixa de surpreender que também hoje, perante a monstruosidade repulsiva do Holocausto, haja não só quem o negue (decerto para que ele se repetisse) como gostariam de o ver de regresso pela destruição de Israel, essa fantasia paranóica dos que, com o lenço “fatha” ao pescoço, lambem a propaganda do Hamas e a repetem da mesma forma que os velhos adoradores das SS gabavam nestes a sincronia dos seus passos de ganso após atulharem as câmaras de gás com descargas dos seus ódios aos judeus.
Adenda: A não perder a leitura deste post de Ana Cristina Leonardo. A mensagem do Secretário-Geral da ONU sobre a efeméride pode ser lida aqui.

O que se andou para tanto descobrir:
Quando o problema sempre foi outro, o de descobrir que seja o que for que se escolha, há sempre outros. Como nós, por serem outros. Mas, com o tempo, a religião, como a cor da pele, o traje, a língua ou o gosto sexual, tende a perder a identidade guerreira da tribo para ser uma banalidade de escolha e gosto quando não é fruto da condição ou do mero acaso. E as crispações actuais - duras e pagas com muito sangue - são as despedidas dos domínios perdidos. O prazer pela diferença há-de compensar as dores de parto. Porque o conforto adquirido com a segurança da unicidade está frito.

Manuel António Pina consegue ir mais longe na estratégia securitária apoiada por Vital Moreira sobre “a engenhosa solução do Ministério da Justiça de retirar as caixas Multibanco dos tribunais”:
(processos, juízes e funcionários serão retirados mais tarde, altura em que os tribunais ficarão, por fim, completamente seguros, sem nada que roubar)
Domingo, 25 de Janeiro de 2009

Suponhamos que o Governo anuncia a construção de um chafariz para abastecer de água uma população sequiosa, promover o turismo e aumentar o emprego. Vem o CDS e diz que os velhinhos não podem deslocar-se ao chafariz. Vem o PSD indignar-se pelo prejuízo da iniciativa privada. Vem o PC organizar uma manifestação e reclamar um chafariz em cada bairro. Vem o BE demonstrar que as construtoras pressionaram o Governo. Há-de haver também um sindicato a denunciar a precariedade do trabalho e uma ONG a condenar o desvio da água.
Como chegámos a isto? O CDS diz-se do centro, tem um eleitorado de direita mas é um projecto pessoal de sobrevivência política. O PSD afirma-se social-democrata mas é, na verdade, liberal, quando o liberalismo está em queda, depois de ter reunido os disfarçados apoiantes do regime que desaparecera. O PC é uma cassete gasta que vive dos herdeiros e deserdados do orçamento de Estado. O BE reúne os sonhadores utópicos com vocação adolescente.
J. L. Pio Abreu (via Rui Namorado)

O blogue do Presidente Obama está aqui.

Depoimento de Bruno, antigo aluno do Instituto Antonio Provolo de Verona pertença da Congregação da Companhia de Maria, considerado um modelo da caridade da Igreja Católica na educação de crianças pobres surdas-mudas:
- "Dois padres do colégio levaram-me ao palácio episcopal e deixaram-me a sós com ele [Giuseppe Carraro, Bispo de Verona entre 1958 e 1978, já falecido e actualmente em processo de canonização, na foto]. Foi em 1959. Eu tinha 11 anos. Sodomizou-me e tentou outras práticas sexuais. Foi uma experiência terrível.”
Bruno é um dos 70 ex-alunos surdo-mudos do Colégio Provolo de Verona, hoje homens e mulheres entre os 41 e os 70 anos de idade, que decidiram romper o silêncio sobre os abusos sexuais e outros maus tratos a que foram sujeitos quando crianças entregues à caridade católica. (ler notícia aqui)
Sábado, 24 de Janeiro de 2009

“Cautela com os internatos dirigidos por sacerdotes católicos e freiras. Pensem duas vezes antes de entrarem, pensem muito seriamente, mesmo que sejam surdos-mudos, pois podem meter-se num monte de sarilhos que nem o Papa sabe onde é que acabam.”

Tempo para recordar uma obra-prima de Jacques Tati, através de uma crítica de cinema:
Entre a nostalgia e uma aceitação mais ou menos melancólica do "presente" nasce o magistral burlesco de "O Meu Tio". A desarrumação da ordem, a orquestração da desordem. Do "gag" minimalista ao maximalista, "O Meu Tio" contém alguns dos mais clássicos momentos do humor "tatiano". É começar a contá-los. Não há nada de remotamente parecido com isto em lado nenhum, o burlesco (e toda a comédia, se calhar) é uma tradição morta.