Terça-feira, 30 de Dezembro de 2008

Avisam-nos que em 2009 vamos ser mais pobres. Então que sejamos mais ricos em liberdade para resolver o que falta resolver. O melhor 2009 possível para todos os que por acaso, por embirração ou por simpatia encalharem aqui. Tarda nada encontramo-nos por aí.

Como é possível que um número tão alto de cidadãos nascidos numa maravilhosa e livre ilha socialista, com educação para todos, saúde para todos, emprego para todos, participação cívica para todos, opte pela nacionalidade de um país capitalista e com alta taxa de desemprego? Uma conclusão possível é que ainda restam muitos cubanos a aguardar operações às cataratas e foram preteridos nas listas de espera pelos velhotes de Vila Real de Santo António com falta de vista. E com cataratas não é fácil ler o “Avante”.
Imagem: Longas filas de cubanos formam-se junto ao Consulado de Espanha em Havana procurando preencher os papéis com direito à almejada nacionalidade espanhola.

Como já aqui se assinalou, a que propósito quem se absteve na votação na Assembleia da República não faz o mesmo agora e tem a lata de comentar a reacção presidencial zangada, encostando-se a Sua Excelência? Duplo oportunismo sem vergonha, é o que é. Além de que há aqui um ciclo de bravatas que vai desde quem aprova até quem se zanga para iludir a incapacidade de cada um em tomar posições frontais e respectivas consequências. É o picar pela surra próprio dos valentões de meia tigela.
Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Leio na prosa jardim de Maria da Conceição:
E eu, que coração de pedra não tenho, compreendo e adiro, prometendo que, em 2009, haja o que houver, vou melhorar a minha relação com ela, a doce MC. Depois não se queixe de diabetes, porque só lhe vou dar açúcar e mel. E verificar amiúde o meu saldo para exultar com os meus créditos contra-cíclicos de felicidade.

Custa, lá isso custa, mas aguente que é democrático. Pois, e nós outros que não votámos nele, não gostamos dele e temos de o suportar durante um mandato, suposto único mas que, por azar, até pode ser duplo?

Em 250 hectares da Amareleja (Moura), estão agora, por ligação fotovoltaica ao sol, instalados 93 milhões de kilovolt/hora (que poupa a emissão de cerca de 90.000 tonelada/ano de emissões de CO2 se a mesma produção de energia eléctrica fosse obtida numa central a carvão).
Confirma-se: de Espanha, maus ventos mas bons casamentos tecnológicos.

O post mais errado do ano (pelo menos na terminação) está aqui. Isto por mim falando.

O Jorge Ferreira não devia amofinar-se com pouco. E logo quem, um useiro em teclado afiado (diz da esquerda o que Maomé nunca se atreveu a dizer sobre a entremeada). O que só lhe fica bem e nos anima. Pois tome nota que, aqui, as palmas todas de fim de ano estavam guardadas para concordar redondamente com este post. A vida democrática é assim, feita de palmas e assobios.

As televisões tendem a parecerem-se e a parecerem-nos. Lá, na terra onde manda Putin, o Zé dos Bigodes ficou em terceiro com o Alexandre Nevski a ganhar a Taça. Cá, ganhou o Botas. A diferença virá do número de vítimas?
Adenda: Muito a propósito, não perder as leituras deste post mais este.

Por coincidência, a presidência checa da União Europeia coincide com o primeiro semestre do ano anunciado como o do boom da crise financeira e económica. A escala de rotatividade impôs que o próximo “presidente europeu”, um senhor antipático chamado Václav Klaus, seja um eurocéptico inveterado. Coisas da roleta democrática numa União em constante alargamento e diluição.
Vai ser interessante verificar como, no contexto de dificuldades que aí vêm, a República Checa, para mais com um primeiro-ministro em dissonância com o respectivo Presidente da República, vai exercer a liderança europeia. E, por outro lado, como é que esta liderança político-institucional se casa com uma Comissão Europeia com a mediocridade nivelada por Durão Barroso. E ainda como é que os Estados mais fortes, nomeadamente a França e a Alemanha, vão suportar o caldo das tibiezas checas e barrosistas. De qualquer modo, sendo lamentável que a crise não intervale por seis meses, teremos aí, ao virar do ano, o início de uma das maiores provas a que se submete a aparente robustez da construção europeia alargada. Com uma hipótese de crise política em cima de uma crise económica e financeira. Preparemo-nos para o pior se uma admirável surpresa não acontecer.
Domingo, 28 de Dezembro de 2008


Já há muito tempo que ando a coleccionar discordâncias vivas com Rui Bebiano, sempre à beira de polémicas adiadas. Não sei se é da quadra ou mera evidência que me estou a radicalizar com a aproximação das pelejas eleitorais, eis senão quando de repente me apetece pedir-lhe licença para assinar por baixo o texto integral deste post. E, sendo assim, declaro tréguas, embora elas fossem mais necessárias lá, em Gaza.

A fasquia entregue de bandeja a Sua Excelência:
Nesta aba da esquerda não se pede nem se exige, muito menos se afronta com as desigualdades desagradáveis por serem gritantes, apenas se agradece o que Ele, o que mais fez, possa fazer ainda melhor.
Porca miséria situacionista!
Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2008

Fica aqui para a cara Cristina ler a pensar quando tiver um bocadinho de tempo para arrumar os desconsolos no armário da fé com crença tremida. Sem merdas nem paneleirices.

A Revolução Cubana deu (e dá!) um valioso contributo para a causa da emancipação humana, e ensina não só o que é a liberdade, mas muito mais importante, ensina que é possível ser livre.