O culto da personalidade é uma constante necessária nas práticas e nos rituais que vertebram a vida comunista. A segurança obtida pela confiança cega no líder é o parafuso necessário que segura toda a construção mecânica do edifício do centralismo democrático. Este culto, no entanto, é dúctil, pode atingir diversas formas de expressão.
Álvaro Cunhal, enquanto vivo, praticou e desenvolveu a forma mais eficiente e sofisticada entre os cultos de personalidade – contê-la na inibição da sua expressão, explorando e acumulando a energia imensa que resulta da interiorização e da sublimação. Levando a traduzir-se por modéstia a habitação de um egocentrismo temperado pelo misticismo do comandante único, incontestado e incontestável.
Desaparecido, Cunhal legou ao PCP a possibilidade de despertar o culto reprimido que lhe foi prestado em vida sob a forma acumulativa do recalque, oferecendo a um líder fraco seu sucessor, mas um orador eficaz na difusão da afectividade da cumplicidade da vulgaridade militante, muitos furos quilométricos abaixo da sua estatura política, a oportunidade da exploração da chance da santificação necrófila de Cunhal, libertando as palmas, os vivas e as lágrimas que ele, quando vivo, não permitia que lhe dirigissem na forma de pessoa. O que permite, hoje, transformar o valor simbólico do Mausoléu de Cunhal num foral de legitimação da geração de estalinistas serôdios que, através de rituais revivalistas, gere a sobrevivência da Obra - O Partido - a que Cunhal dedicou a vida, a inteligência e o talento e a quem impôs uma memória reflexa, elaborada través do seu mito e do seu culto com um cenário de névoa de outros mitos messiânicos associados (a classe operária, a luta de classes, a revolução, o socialismo, o comunismo) que enquadra o perfil do Profeta.
Mas, pelo menos, que se paguem os devido direitos de autor a Estaline, pois foi este que entendeu bem as potencialidades deste marketing político, ao criar o marxismo-leninismo e ao erigir o Mausoléu do Kremlin, o grande percursor do culto pela necrofilia política e partidária, tendo chegado a ocupar lugar de companhia com a múmia do Grande Ausente Inspirador no altar maior do comunismo internacional.
Yoani Sánchez: “Necesito algo más que kilobytes, estoy precisada de realidades.”
Adenda:
Para infelicidade de Yoani, ela é carente de um congresso do P C Cubano em que uma camarada cubana encante os pares vestidos de luces como a artista Odete Santos o fez aqui - em faena no Campo Pequeno - mas, com risco mínimo, encostada às tábuas.
Mas não adianta a Yoani, caso se encantasse com o espiche oratório incoerente da advogada revisteira, virar a esperança para o Campo Pequeno. Ali, ouviria ovações à ditadura que a oprimem a ela e aos seus patrícios.
fosse, afinal, um anúncio valorativo da sua participação empenhada no “XVIII Congresso dos Barbeiros de Valdivostok”.
Os ingleses, os juízes ingleses vizinhos da City, estão preocupados com a solidão prisional do banqueiro Oliveira e Costa. Devem ter achado que devia ter companhia pois não era possível que, enquanto banqueiro rodeado de um conselho de administração, decidisse tudo sozinho. Como se arrasta a morosidade dos efeitos do nosso furacão, proporcionando parceiros de sueca para o isolado Oliveira e Costa, deram o seu contributo: decidiram extraditar o Vale e Azevedo. Não chega para o bridge nem para a sueca mas dá para a bisca de dois. Ou para a lerpa. Bacanos, os juízes bifes.
Considero excessiva, desde o início, a proposta de aumento remuneratório da função pública, de 2,9%, bem superior à inflação que o Orçamento estimava para 2009 (2,5%).
Mas agora que as previsões da OCDE apontam para uma inflação muito inferior (1,3%), em consonância com a recessão económica prevista, o aumento real dos salários públicos (1,6%) será um dos maiores de sempre.
Um ego inchado de político feliz nunca rebenta?
Espanha, terra das querelas demoradas. Eles avançam e bem, mas discutem que se fartam. O que é virtude.
Ao ler-se aqui a notável sinopse de Miguel Cardina sobre o maoísmo em Portugal, percebe-se melhor como é difícil caçar aranhas.
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