Quarta-feira, 29 de Outubro de 2008

O Comité Central considera que esta nova crise do sistema capitalista revela, como tem sido assinalado, em particular em sucessivas Resoluções Políticas dos Congressos do PCP, a sua natureza estrutural e sistémica, evidencia os limites históricos do capitalismo e o seu carácter explorador, opressor e destruidor, confirmando a validade das teses fundamentais do marxismo-leninismo sobre o capitalismo, seu funcionamento e desenvolvimento.
Aos trabalhadores e aos povos do mundo está colocada como grande exigência do nosso tempo, a luta por profundas transformações sociais e económicas antimonopolistas e libertadoras, pela superação revolucionária do capitalismo e pela construção do socialismo como única, real e necessária resposta à profunda crise do sistema.

É suficiente o silêncio arrastado de referências desde que os “gatos fedorentos” começaram a emitir na SIC, para se concluir que o modelo continuado dos seus programas está gasto, sendo agora uma penosa repetição requentada e enfadada do já visto e mastigado. E é lamentável se os autores não se derem conta disso, insistindo em disco gasto. Tanto mais que são tipos inteligentes e que faziam falta para animar a malta. Assim sendo, deviam entender que se mudaram para a SIC por razões de mercado, não mudando de produto, a prateleira onde vendiam humor foi entretanto ocupada, com proveito público, por outros, seus concorrentes contemporâneos. São as leis do mercado, senhores mercadores do riso.

A querela prolongada e crispada do desentendimento entre Cavaco Silva e Sócrates sobre o Estatuto dos Açores é medida exasperante do provincianismo instalado na política portuguesa. Pela forma desproporcionada de se valorizarem coisas pequenas em tempo de problemas graúdos. Em vez de mandarem os seus assessores jurídicos entenderem-se, dão foros de crise grave a um problema de escrita burocrático-jurídica. Nunca a Covilhã esteve tão perto de Boliqueime. Com a Aldeia da Crise ao fundo, entre as brumas.
Terça-feira, 28 de Outubro de 2008

Morreu Gerard Damiano, realizador de “Garganta Funda” (1972) que foi um sucesso de bilheteira também em Portugal (imediatamente após o 25 de Abril). Foi vitimado por um derrame cerebral.

não vejo nenhuma incompatibilidade no facto de um partido de esquerda moderada, como o PS, ter como objectivo disputar à direita o eleitorado do centro, sem perder a esquerda. Um partido socialista/social-democrata moderno tem de ser um partido de largo espectro político-ideológico, abarcando desde o social-liberalismo até à esquerda socialista tradicional.
há um grande défice de esquerda na Europa. Uma nova esquerda só poderá nascer de várias rupturas das diferentes esquerdas consigo mesmas.

Fonte: Cubanet.

À primeira vista destinado a públicos sitiados em necrofilias políticas, a dos saudosistas salazaristas e a de algum antifascismo de memória, o livro de Paulo Otero sobre o período que vai do acidente de Salazar em Agosto de 1968 até à sua morte em Julho de 1970 (*), surpreende como relatório (é esse o estilo do livro), aclarando muitos aspectos pouco conhecidos ou ainda não levantados, da atribulada movimentação palaciana nos bastidores da sucessão que levou Marcello Caetano a substituir Salazar na cadeira do poder ditatorial.
Sendo o autor um académico de ciências jurídicas, não um historiador, nota-se no livro uma elaboração ético-defensiva na sua feitura em que, sem perder objectividade e o bom tratamento das fontes, arrasta a obra para inúmeras repetições e para uma saturação exasperante de referências às fontes que tornam o livro um desafio à paciência do leitor e à sua boa capacidade de vencer o enfado. Apetecendo dizer que um historiador com boa capacidade de escrita trataria o mesmo tema, sem perda de análise de factos e de ângulos de enfoque, com uma economia superior a metade das páginas impressas.
O tema da análise da transição de Salazar para Caetano, parecendo uma questão já sobejamente conhecida, de que só faltaria a divulgação de quaisquer aspectos anedóticos, surpreende, através do livro de Paulo Otero, como sendo de enorme riqueza identificadora sobre a complexidade e jogos de interesses que atravessavam a elite do Estado Novo, revelando um puzzle de personalidades, ambições e velhacarias frequentemente soterrado em apreciações redutoras e simplistas (de apoio ou de rejeição para com o regime derrubado em 1974). E, neste aspecto, pese embora o suor inútil, por desproporcionado relativamente à sua necessidade, para suportar a leitura do livro, Paulo Otero presta um estimável serviço ao aprofundamento do conhecimento do período político abordado. E se o livro revela a esplendorosa miséria da forma sobressaltada como a elite do fascismo português lidou e geriu a sucessão do Chefe, denotando as suas fragilidades, rivalidades e contradições da época, uma conclusão não equacionada pelo autor permite aproximar uma tese que julgamos implícita e decorrente das demonstradas: a oposição antifascista, apesar das aparências difundidas pela literatura de exaltação, estava na época, como tinha estado antes e esteve depois, numa incapacidade absoluta de, sem o bramir das espadas, apear o regime. Não o ter feito em 1968-70, com a consistência do regime no seu nível mais baixo (se exceptuarmos, para comparação, o período crítico de 1958 com Delgado), provou que enquanto os militares não saíssem dos quartéis não havia hipóteses de “insurreição popular” ou "insurreição nacional" que fossem motores da queda da ditadura e da reimplantação da democracia.
(*) – “Os últimos meses de Salazar”, Paulo Otero, Edições Almedina
Segunda-feira, 27 de Outubro de 2008

O Cebola quer voltar para o Benfica. Mas dizem-me que não é para jogar, é para poder andar de automóvel.

Ao contrário do meu amigo e consócio Luís que, num mesmo fim-de-semana, conseguiu ser feliz em Matosinhos e em Paços Ferreira, eu confesso que, para o mesmo género de prazer, só consigo ser feliz aqui. Em camas alheias, os lençóis cheiram-me a frio.
PS - Para mais, aqui posso expandir-me com o gozo extra de zumbir aos ouvidos da Joana.

Não existem casais sem problemas. Há os que os ultrapassam e os que não os ultrapassam. Todo o verdadeiro amor passa pela cruz. (*)
(…)
Infelizmente de vez em quando aparecem uns políticos que, descobrindo com surpresa aquilo que toda a gente sempre soube, decidem usar a lei para atacar a civilização. Aconteceu recentemente entre nós com as iniciativas legislativas sobre o divórcio.
(…)
Ninguém nos ganha em sofisticação científica e artística, mas as nossas atitudes perante divórcio e promiscuidade, aborto e eutanásia, pornografia e prostituição horrorizariam até a tribo mais primitiva.
----
(*) - Não sei o que são verdadeiros ou falsos amores. Amores, sim. Desamores, também. E - que me perdoe o sofrimento auto-flagelado do César e que ele gostaria de espalhar pelo próximo - acumulei, no meu circuito de vida já vivida, talvez porque a vida seja feita de mudança: uma vitória 2-1 no derby casamento-divórcio, nenhuma cruz, zero problemas e sem cartões amarelos ou vermelhos para faltas por culpas.

Com que então, as senhoras já têm acesso à Palavra. Ena pá, o que tanto andaram para só aqui chegarem.


A ILGA deve andar muito distraída. Ou confusa. Ainda não disse que tinha feito, ou estava a fazer, luto pela perda de Jörg Haider (o Bi) e pela demissão do sucessor deste (o Breve).

No seu movimento político da direita para a esquerda (este começou no "Jovens de Portugal" e no MIRN de Kaúlza e já vai nas bordas de Sócrates, quem sabe se a preparar-se para prestar culto da personalidade a Louçã), José Miguel Júdice encalhou agora a defender um governo da União Nacional presidido por Cavaco Silva, isto se a crise apertar. Enfim, vertigens de recaída num direitinha em movimento.

Sim, também acontece estar de acordo com Vasco Pulido Valente:
Ninguém como ele [José Cardoso Pires] contribuíra para transformar o português literário, arcaico, rural e afectado, ou populista, académico e pseudo-lírico, numa língua moderna.
A maioria dos escritores e literatos formaram gostos e talentos a lerem os clássicos. E fizeram muito bem. Eu li alguns, não muitos, gozando, para bónus da preguiça laboriosa, do meu estatuto de amador e autodidacta, guiando-me antes e sobretudo pelo impulso anárquico da partilha de estados de alma temperados com a exigência no estilo e a permanente procura da magia das palavras que seja capaz de meter a vida, as vidas, dentro de um livro. E, sem vergonha, antes com um orgulho feito de saudade do Zé, digo que “O Anjo Ancorado” e “O Delfim” nunca deixaram de ser os livros da minha vida, os que me descobriram a literatura como um gosto de gostar viver.
Domingo, 26 de Outubro de 2008

Também para mim, ler aquele letreiro do “VENDE-SE” é como se grande parte do meu gosto acumulado pelo cinema estivesse a ser trocado por um prato de lentilhas. É que no Quarteto morou uma das minhas igrejas cinéfilas.
(Foto e inspiração obtidas aqui)