Quinta-feira, 31 de Julho de 2008

E sobre a Madeira nem uma palavrinha? Não há por lá anomalias graves que degradam a qualidade democrática? Está bem, abelha. Perdão, muito bem Senhor Presidente.


Só uma das minhas intermitências na relação com a Internet, explica não me ter referido no devido tempo ao recente falecimento de Álvaro Rana, um dos mais empenhados e antigos dirigentes da CGTP-IN, tendo feito parte do seu núcleo histórico.
Com o Rana mantive, durante vários anos, uma cordial relação de camaradagem nas lides sindicais que nos foram comuns. Mantivemos um trato que foi sempre correcto e cordial, apesar do seu entranhado sectarismo partidário-sindical e dos inúmeros problemas que a sua posição de assumida “correia de transmissão” da ortodoxia partidária causou na unidade do movimento sindical. Depois de separarmos caminhos, quando nos encontrávamos ocasionalmente, nunca perdemos, um relativamente ao outro, o respeito pelas diferenças e a cordialidade, agora formal mas continuando a ser sincera. Assim, não foi sem uma ponta de saudade que recebi a notícia do seu desaparecimento. Aqui fica a minha singela homenagem, a que julgo dever-lhe.

A propósito da detenção em Espanha (depois solta sob fiança e estando a aguardar julgamento) de Maria Remédios Garcia, representante das FARC na Europa, o PCP não faltou com o seu “comunicado de solidariedade”:

Uma iemenita, entre colegas, numa cerimónia de graduação universitária. Que haja sempre quem faça a diferença e mostre o rosto.

Outro (Ehud Olmert) que, como Bush, vai e não deixa saudades.

Até uma garrafa de “água suja do imperialismo” pode servir para boicotar a Galp. A foto é de Manila (Filipinas) mas fica a ideia como sugestão para os directores do boicote.

Aquela das barbas compridas, cabeleira farta e carrapito no cimo da cabeça não foi grande ideia. Assim, com ar plácido de quem não faz mal a uma mosca, barbeado e com cabelo penteado, quem daria por ele?
Imagem: Foto recente de Radovan Karadzic, publicada na página web do diário alemão 'Bild'.

Razões decerto ponderosas levam o Presidente a interromper os banhos para falar logo à noite para a Nação. O país está suspenso e ansioso, imerso no mistério sobre as razões de uma gravidade sobre a qual as apostas são múltiplas mas incertas. Eu, por mim, arrisco vaticínio: é desta que vamos recuperar Olivença.

Não sei se foi essa a ideia mas, se foi, está bem esgalhada. Um portátil “português” a teclar sob a bandeira da Intel, chamando-se Magalhães, é uma boa alegoria de que damos bem, se nos deixam dar, a volta ao mundo, quando sob bandeira estrangeira. E se Magalhães fez o paradigma, Figo, Cunhal e Ronaldo, aí estão, ou estiveram, para o comprovar.
Quarta-feira, 30 de Julho de 2008
Terça-feira, 29 de Julho de 2008

Oiço na rádio, um senhor comandante marítimo das praias do All Garve explicar porque resolveu proibir as massagens nas praias que comanda. Disse ele, em argumento supremo e em defesa da moralidade e dos bons costumes, que "todos sabemos como uma massagem começa mas ninguém sabe como acaba". Pois não e, por isso, acho sábia esta precaução, mesmo tratando-se de massagens entre adultos em pleno uso das suas faculdades e gostos. Tanto como a que nos ensina que, sobre um marinheiro, sabemos que ele começa por o ser ao navegar no mar, mas ninguém sabe como e em que é que acaba. Até pode dar à costa numa praia e depois ir para o Seminário, terminando aí a sua carreira.
Domingo, 27 de Julho de 2008

Diferenças relativamente ao tempo em que era Fidel a discursar: o discurso demorou menos de uma hora e o número de assistentes foi de 10.000.

Quem gosta, ou gostou, do cinema italiano, sobretudo o do seu período glorioso, 1945/1970 (*), só pode ter (desculpe-se o atrevimento) um apreço particular por Mario Monicelli, autor e guionista de 65 películas, sendo algumas delas autênticas obras-primas do neo-realismo e da comédia. Com 93 anos de idade (há dois anos, ainda rodou um filme), Mário Monicelli vai ser homenageado no próximo Festival de San Sebastian, em que haverá uma retrospectiva da sua obra com a projecção de 41 dos filmes que escreveu e dirigiu. Motivo que serviu de pretexto para uma entrevista do “El País” deveras interessante.
Na entrevista, Mário Monicelli discorre sobre as gerações italianas do pós-guerra e sobre a que se lhe seguiu (a dos “68”):
Respecto a la generación de la posguerra, todo cambió mucho. Aquella era gente muy solidaria y comprometida. Había un sentimiento colectivo de país, queríamos sacar a Italia de una guerra estúpida y hacerla entrar en Europa, modernizarla, industrializarla. Después entregamos el país a la generación siguiente, que se corrompió rápidamente. Empezó a mandar el mercado, que es la ley menos piadosa que existe, que no perdona ni tiene caridad, y las cosas fueron empeorando.
[68] fue el primer movimiento que tomó ese testigo. Esa generación de veinteañeros tomó Italia y pensaron poder revolucionarla entera cambiando lo que hacían sus padres, ridiculizándonos, tratándonos como a viejos que había que dejar de lado. Creían que lo podían hacer todo de nuevo, sin piedad, eligiendo su nueva vida. Fue una generación de violentos y corruptos. Ese tanto de corresponsabilidad colectiva se perdió. La gente se volvió individualista y empezó a pensar en imponerse al vecino.
Sobre a actual situação italiana após a vitória de Berlusconi, Monicelli, que continua a considerar-se comunista, tem uma frase curiosa:
"El Gobierno Berlusconi dice que la lucha de clases no existe, pero sólo hace falta ver cómo hemos convertido a los gitanos en el chivo expiatorio para saber que es mentira".
(*) – Muitos filmes italianos foram exibidos em Portugal e gozaram de grande popularidade, apesar de quase todos eles serem miserável e largamente retalhados pela Censura. A seguir ao 25 de Abril, foi uma grata descoberta para muitos cinéfilos voltarem a ver filmes italianos marcantes e aperceberem-se de que, afinal, “não os tinham visto”, tão decisivas na unidade fílmica eram as longas partes antes cortadas pelos censores do fascismo português. A popularidade do cinema italiano, além de estar recheado de grandes obras, teve muito a ver com o facto de grande parte dos filmes tratarem de situações quotidianas e passadas com “gente comum”, havendo, apesar das diferenças em termos da extroversão exuberante das gentes italianas, uma grande proximidade de cultura latina entre portugueses e italianos, a que acrescia o humor transbordante de muitas das películas. Além, é claro, da enorme galeria de grandes actores e grandes actrizes.
Sábado, 26 de Julho de 2008