Segunda-feira, 23 de Junho de 2008

O PINGO

Remeto para uma história de um pingo que pinga. E pingando, não só confirma um excepcional talento narrativo como é o retrato de um sistema falido. Razão para desconfiar que Marx não disse mas terá pensado, se profeta era mesmo, quando apelou para nos unirmos para acabar com o capitalismo, que devíamos experimentar muito pior para se dar real valor ao que se combate. E Lenine, Estaline, Mao e Fidel, todos sádicos de vocação, fizeram-lhe a vontade. E assim nasceu e cresceu o marxismo-leninismo. Com povos a sofrerem para verificarem que o pingo, afinal, não é azul nem traz a esperança, é sujo e suja. 

Publicado por João Tunes às 22:17
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JANELA RÁDIO PARA SANDOKAN

 

Quem leu e gostou algum dia das aventuras de Sandokan, o Tigre da Malásia, nele projectando o heroísmo capaz de nos matar os medos, pode recordá-lo aqui. Com a ajuda de Pedro Rolo Duarte e comigo como guia improvisado em breve viagem pela memória.

Publicado por João Tunes às 18:23
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E A CLASSE MÉDIA, MEUS SENHORES?

 

 

A classe média, sustentáculo das democracias consolidadas e tendencialmente social-democrata por opção moderadora face aos extremos socialmente desequilibrantes, é esmagada em dois contextos: em disparidades sociais extremadas (em que perde o etapismo inerente ao processo de ascensão percebido) e nos nivelamentos forçados por vias de deskulakização social (em que o futuro se associa ao pessimismo da descida à proletarização). E sem uma classe média forte, o principal sustentáculo da democracia e da alternância, nem o proletariado (aqui entendido como a camada assalariada de rendimentos mais baixos e não segundo a clássica associação marxista com o proletariado industrial e agrícola, agora nitidamente em declínio em termos de presença social) se quieta na impaciência reformista acerca das expectativas quanto à subida no estatuto social (que transmuta o desespero de classe em consciência reivindicativa reformista) nem os mais ricos e poderosos são moderados nos ímpetos de ganância e de poder impune.
 
Ao contrário do que o centro político tem percebido, exactamente aquele que devia – se houvesse consonância sócio-política – representar o espectro social da classe média, o maior dos erros cometidos nos últimos anos, com PSD e PS nos governos, tem estado na consecutiva proletarização das classes médias. O que os mais ricos têm tacitamente agradecido pois a dualidade social resume-se, agora, à alternativa de ser-se pobre ou muito rico. Ao lado dos que agradecem e deitam foguetes porque o proletariado se degrada nas suas condições de vida, na medida em que a pauperização crescente, não lhes interessando resolvê-la, dá pasto ao alastrar das ondas de protesto (pese embora estes fenómenos terminarem mais em soluções de direita que em resoluções revolucionárias socializantes, mas talvez um Cruzador dê uma salva de remorso…).
 
Desde Guterres, o PS não superou o social-cristianismo do assistencialismo social como panaceia para a erosão do alastrar do fosso das desigualdades sociais, como se o núcleo ideológico do poder se tivesse transferido de São Bento para o Palácio Patriarcal. E o que Sócrates mudou de substancial relativamente ao guterrismo, após o desastrado interregno laranja de Durão e Santana, foi dar-lhe substância tecnocrática, poder de retórica comunicacional e ataque nunca visto contra a base de sustentação do centro, as classes médias, sobretudo a vastíssima clientela profissional do Estado. Com pouco talento e muita fúria suicidária.
 
Se o socratismo desertificou a direita, ocupando-lhe o terreno, a esquerda revolucionária agradeceu o bónus e meteu mãos à obra, perante tamanha oferenda de desmantelamento da ideia de Estado liberal e democrático, deslocando-se as opções políticas comuns para o desespero e o pessimismo, o pai dos extremos. Com Manuela Ferreira Leite, dificilmente se esperando melhor, temos mais do mesmo mas em pior: um mais extremado desmantelamento do Estado e um aprofundar do assistencialismo como retórica eleitoralista, em nome da emergência social de cada vez mais franjas crescentes de pobreza. Com Sócrates e Ferreira Leite, separados ou juntos, teríamos mais ou menos Estado (do que dele resta em termos de intervenção) mas também o alargar do fosso social (para o qual, há evidentes limites de possibilidade) com o concomitante definhamento progressivo das classes médias.
 

Sem referências à esquerda e à direita, com o centro de costas voltadas, o que resta à classe média? Suicidar-se enquanto classe, assistindo impotente ao empolamento dos mais ricos rumando à oligarquia e ao paralelo esmagamento proletário até que a sua última esperança se confine à próxima manifestação? Vá-se lá saber, agora que estão orfãs de partido.

 

 

--- 

 

Adenda: Estava longe de esperar que fosse um discípulo europeizado de Pol Pot a comentar um meu sermão tão mal espremido. O que não impede que tire o chapéu à veemência radical do contraditório pois dela, não resultando qualquer “limpeza social”, não vem mal ao mundo e, para mais, ganha a polémica. Sai, então, uma cordial chapelada à moda setubalense 

Publicado por João Tunes às 16:27
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Dona África de las Heras (1909-1988)

 

África de las Heras foi uma senhora espanhola especial. De menina educada em colégio de freiras passou a espia e fuziladora de traidores ou caídos em desgraça segundo o sinal dos dedos dos donos do Kremlin, paraquedista guerrilheira, Modista de senhoras ricas, instrutora de espiões,  acabando com o posto de Coronel do Exército Vermelho (com oito medalhas a enfeitar-lhe o peito). Vai perdurar como Lenda do Komintern. E como desafio permanente aos historiadores para lhe lavrarem os socalcos do mistério que lhe enfeita o mito. Mas que terão de suar repugnâncias se forem trotsquistas ou trânsfugas, o que, custando, não são mais que ossos do ofício.

 

Publicado por João Tunes às 14:39
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PPV, NOVO PARTIDO COM TERÇOS E VELAS

 

"Tragam um terço e uma vela com copo. Passem a palavra a quantos estejam solidários com a causa da vida, a sacerdotes e leigos, a grupos de jovens e outros movimentos da Igreja", é a mensagem, a que a Lusa teve acesso, que está a ser enviada por correio electrónico e por SMS a dezenas de pessoas residentes na área de Guimarães.

(…)

Coordenado por Luís Botelho Ribeiro, o movimento "Portugal pró Vida" está a recolher as sete mil e quinhentas assinaturas necessárias para entregar no Tribunal Constitucional e poder transformar-se um partido político.

 

É caso para dizer: quando tiverem as assinaturas, o partido com emblema, bandeira e hino e os corpos gerentes bem escolhidos e melhor abençoados, vai ser uma festa (ou seja, vai ser só vida).

 

Publicado por João Tunes às 12:37
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UNIVERSAL PARA UMA PARTE?

 

E porque hoje é Dia da Língua Portuguesa segundo a UNESCO, assinale-se convenientemente a data citando Manuela Ferreira Leite que defende o SNS como um
 
sistema que deve ser universal e de acesso gratuito a todos os que não têm meios para comparticipar o custo dos serviços prestados

 

Publicado por João Tunes às 12:19
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EFEITO DA DISTÂNCIA?

 

o Zimbabué encaminha-se para mais uma tragédia africana
 
E o que falta , Professor? É sangue? Muito sangue de zimbabweanos cortados às postas?

 

Publicado por João Tunes às 12:07
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Domingo, 22 de Junho de 2008

HÁ QUE TAXAR

 

Para manter a coerência com a semântica política europeia, proponho que o governo crie uma taxa Zé do Telhado a aplicar às fortunas de futebolistas ricos para comprar bolas para os filhos das classes mais desfavorecidas.

 

Publicado por João Tunes às 22:59
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Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

AGORA...

 

Agora ... que Scolari vá depressa ter com as libras do Abramovitch e leve Madail para lhe tratar do jardim (o servilismo atávico do Presidente da FPF para com o sargentão deve dar para isso). Quanto a Sócrates, pense bem na figura que faz o Ricardo e treine a saída nos cruzamentos, principalmente nos cantos e livres marcados pelo lado esquerdo do terreno.

Publicado por João Tunes às 21:04
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Quinta-feira, 19 de Junho de 2008

E DÁ TEMPO PARA DEPOIS IR VER O JOGO

 

Hoje, às 18 horas, no Príncipe Real (Lisboa), um encontro com um homem que foi de luta e, como diz a canção, irá sempre a nosso lado.

 

Publicado por João Tunes às 15:15
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PARA QUE NÃO DIGAM QUE NÃO FALO DA FOTOSSÍNTESE

 

Quem aprendeu a proteger-se das ofensivas da libido, sabe, com certeza, proteger-se do sol.

 

Publicado por João Tunes às 14:53
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MAIS UM DIA DA RAÇA

 

Nota: Não é muito avisado invocar o tema da raça em disputas com alemães mas, depois de ler a imprensa desportiva de hoje, não lembrei melhor. E, além disso, gosto de agradar ao Presidente. Fica assim.

Publicado por João Tunes às 12:37
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A CONQUISTA É UMA CANSEIRA

 

 

Conquistar uma mulher dá trabalho, requer organização e disciplina, capacidade de planeamento e motivação das tropas, qual general em congeminação profunda enquanto se prepara para invadir o território inimigo. E tal como nos negócios, o segredo, a dissimulação e a surpresa são a alma do sucesso.

 

Publicado por João Tunes às 11:46
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Quarta-feira, 18 de Junho de 2008

E SE ARRANJAREM UM SURDO-MUDO PARA LÍDER AINDA GANHAM AS ELEIÇÕES

 

 

 

 

Manuela Ferreira Leite incomoda mais calada em Londres do que Menezes incomodava a falar em Lisboa.

 

Publicado por João Tunes às 22:41
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ORTEGA Y GASSET versus JOSÉ MARTÍ

 

O antigo presidente cubano Fidel Castro formalizou a sua reprovação a que tenham atribuído a Yoani Sánchez, pelo seu blogueGeneración Y”, o Prémio Ortega y Gasset de Jornalismo e esta o tenha aceite, manifestando vontade de o receber. O édito de reprovação foi feito por Fidel no prólogo a um livro, mais um livro que lhe cultiva a figura. A blogger Yoani a quem antes responderam com o silêncio ao seu pedido de se deslocar a Espanha para receber o Prémio, vê assim, através de um “despacho” de Fidel, a primeira “justificação condenatória” para que as autoridades cubanas não permitam a Yoani viajar para fora de Cuba. Mas, sendo público o machismo de Fidel, Yoani delegou no seu marido, o jornalista Reinaldo Escobar, que respondesse ao ditador agora em fase de prolongada agonia sabática. E que resposta saiu!

 

Publicado por João Tunes às 22:09
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