Segunda-feira, 17 de Março de 2008

PARA SENHORAS COM SEDE

 

Um dos países com maior taxa de alcoolismo é a Rússia (e já assim era no tempo da URSS). São muitos milhões os alcoólicos entre os russos e as russas. E tamanho é o mercado que foi agora lançado o “Damskaya”, um “vodka para senhoras” e que se anuncia como ideal para ser tomado para acompanhar uma salada e depois de uma sessão no ginásio para manter a linha. Por aquelas bandas parece que aprenderam bem com o famoso erro de Gorbatchov, numa das suas medidas que mais impopularidade interna lhe rendeu, ao tentar restringir o fabrico, venda e consumo de vodka. Ieltsin, que se lhe seguiu, emendou logo o “erro” e foi um recuperador, como exemplo vivo, do abundante consumo de álcool. Está-se agora na fase de sofisticação, o da segmentação de um vasto mercado de consumo. Hoje, vodka para senhoras. Amanhã para quem?

Publicado por João Tunes às 12:36
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AS VIAS BUS PARA O SOCIALISMO

 

Manejar o SMS e encher autocarros para levar convictos de um lado para o outro, parece ser a chave da forma moderna de, nas esquerdas, se fazerem afirmações partidárias:

 

Observando as dezenas de autocarros que chegavam de todo o país, alguém dizia que «não via nada assim desde 1975». Para além dos milhares que entraram, foi necessário colocar um ecrã gigante exterior para os milhares que ficaram na rua. Não contra ninguém, mas em prol do trabalho em curso. Quando isso acontece num acto público fora de qualquer campanha eleitoral e sem o cimento do protesto sindical de uma classe profissional, as conclusões são mais claras do que se pensa. Talvez muitos só o percebam em 2009.

Publicado por João Tunes às 00:09
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Sábado, 15 de Março de 2008

TIBETE: LIBERDADE EM VEZ DE SANGUE

Publicado por João Tunes às 23:12
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Quarta-feira, 12 de Março de 2008

OS AFECTOS ENTRE DITADORES

 

Que consistência pode ter a amizade entre dois ditadores? Pode ela ir além da transitoriedade da comunhão de interesses expressa ou não numa aliança? Poderão eles partilhar por muito tempo a constância da cumplicidade de eventuais afectos desenvolvidos entre eles?

 

Sabemos que ditadores próximos, ou por ideologia e/ou por proximidade de interesses, por vezes pela partilha de defesa face a um inimigo comum, como Salazar e Franco, ou Hitler e Mussolini, a afectividade cúmplice entre eles foi sempre pautada com tensões, desconfianças e sobreavisos quanto à disponibilidade do outro de se sobrepor e se possível estender à sua custa a dimensão do domínio. Por outro lado, tendo em conta que cada ditador tem de si conta que é especialmente dotado de clarividência iluminada, assumindo uma postura normalmente messiânica, a tendência natural é que o seu instinto ditatorial tenda a pautar as suas relações externas, inclusive com outros ditadores, mesmo que da sua área político-ideológica. Mesmo entre os ditadores comunistas que foram contemporâneos, onde normalmente se praticava uma hierarquia piramidal tacitamente aceite, em que o cume da orientação era atribuído ao ditador soviético, sabe-se de algumas poderosas rivalidades e ódios violentos, sobretudo quando se verificaram independentismos centrífugos, como foram os casos das querelas extremas entre Estaline e Tito, depois de Krutchov com Mao e com Hoxa. A que se poderia acrescentar a raiva desabrida de Fidel Castro quando, para evitar uma guerra mundial nuclear, Krutchov retirou os mísseis de Cuba.

 

O livro de Greg Annussek (*) sobre o resgate de Mussolini, quando este foi derrubado pela própria direcção fascista italiana e aprisionado pelas novas autoridades, além dos contornos dos episódios da espantosa acção de comandos que retirou Mussolini da prisão e lhe devolveu um palmo de terra italiana para este representar o prolongamento da sua ditadura, tem o adicional interesse de fornecer pistas sobre como se estabeleceram os laços pessoais e afectivos entre Hitler e Mussolini, ditadores bem próximos, assim como a forma como os laços adquiridos entre ambos funcionaram numa situação já de adversidade. Neste sentido, o livro é um bom instrumento auxiliar para a análise psicológica do relacionamento entre ditadores e a forma como gerem estimas e interesses.

 

(*)“Hitler e o resgate de Mussolini”, Greg Annussek, Editora Babel

Publicado por João Tunes às 16:37
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Terça-feira, 11 de Março de 2008

O MAIOR SENDO O MAIS PEQUENO

 

Para conhecer o mais poderoso Estado do mundo, sendo talvez o mais pequeno, vão até aqui.

Publicado por João Tunes às 23:08
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UM HOMEM NÃO É DE PAU

 

É caso para dizer (com todo o respeito), “o gajo chateou-se”:

 

Não enxergais que a democracia é aquilo que quereis infirmar? Voto e participação. Ela não morre no voto, mas também não se protela no sentido anterior desse mesmo voto. O contrato pode sempre ser denunciado. Ou não ledes vós a pequenas letras com que se constrói a democracia. Ou apenas enxergais o que as vossas doutas profecias escreveram nos canhenhos da Democracia pluralista e participativa. Se por um lado afrontais a fraca participação, quando ela acontece desdenhais da sua expressão. Afinal que quereis vós. A doce embriaguez de truísmos já falsos? Não vedes que avançamos? Para onde não quereis. Parece-me. Mas isso é problema vosso. Indignai-vos agora que essa é nossa condição. Para que serve a concertação social afinal? Para que a Democracia não se esgote no esgoto da plutocracia.

Publicado por João Tunes às 22:52
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JORNALISMO DE SARJETA

 

É feio dizê-lo. Mas que o há, lá isso há.

Publicado por João Tunes às 22:19
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11 M

Há 33 anos:

Há 4 anos:

No mesmo dia do mesmo mês, com o espaço de 29 anos, a mesma expressão de valentia dos cobardes. Só com paz na memória que queira ser justa quando Bin Laden fizer companhia, no inferno, a Spínola.

Publicado por João Tunes às 21:53
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DA APOSTA ATÉ À MÚMIA

 

Van Aerts é o nick name de um visitante-comentador habitual deste blogue que, vaidoso da sua estadia madrilena (aspecto que ele usa e abusa para me acicatar o pecado de inveja), por aqui me vai dando a honra da estima e de algum troco. Há dias, a propósito de uma benfiquice, avançou com o desplante de fazer aposta sobre uma profecia. Como perdeu vai ter de pagar nos exactos termos em que formulou o preço da derrota: ir de peregrinação até à Praça Vermelha visitar a múmia de Lenine. Se com honra governa a face, cumprirá o compromisso e disso se aguarda que envie prova. Para o compensar dos incómodos da peregrinação patusca, aqui fica “consolo” para que relativize o feito a que se obrigou pelo mau apostador que demonstrou ser. Pois meu caro, também por lá peregrinei, faz agora 25 anos, mandava então o Andropov, e por aqui ando sem que a múmia me marque caminho ou pensamento. [no grupo, sou o terceiro a contar da esquerda]

Publicado por João Tunes às 18:55
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RAZÕES E RAZÕES

 

Obviamente que Sócrates tem todo o poder legítimo para conservar Maria de Lurdes Rodrigues como ministra. E pode fundamentá-lo com sábias razões ou até evidências (permanece a confiança política, as reformas são para se fazerem, as rectificações podem fazer-se com a ministra, os sindicatos não são quem mais ordena). Mas a partir de agora, o que Sócrates não conseguirá explicar jamais é porque Correia de Campos saiu do governo.

Publicado por João Tunes às 18:03
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DEBATE ELEVADO

 

Quando comecei a assistir ao debate do “Prós e Contras” de ontem sobre república versus monarquia, ia a querela em estado adiantado, estavam todos os participantes a felicitarem-se uns aos outros sobre a civilidade e elevação com que o debate estava a decorrer. E tantos foram os intermináveis elogios mútuos que se notava à légua que ali faltava verdadeiro assunto para debater. É saudável para a educação democrática que haja debates como este, serenos e educados. Para tal, nada como escolher para profilaxia do espírito republicano, de quando em vez, uma qualquer bizarria como tema para puxar por oratórias corteses que lustrem o convívio democrático contraditório necessário ao encontro de rumo para o que interessa.

Publicado por João Tunes às 17:30
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NA BANALIZAÇÃO DO QUE É DEMAIS

 

Volta e meia, o abuso, pelo poder da insistência, banaliza-se e entra na paisagem dos excessos admitidos. Conferindo-lhe ou não o cariz de anedótico, permite-se-lhe, porque se tornou habitual, mesmo quando indigno, que integre como dado adquirido a realidade política portuguesa, recheando o seu capítulo folclórico. E de abuso em abuso, o salto para o desaforo dispensa bem os talentos de Naide ou de Nelson, chegando-lhe um pulo a pé coxinho

 

Foi assim que Jardim se entronou no reino do inimputável. E Valentim se tornou valente e imortal.

 

Agora, o quarto partido em representação parlamentar treina-se no cerco ao partido que governa (mal ou bem, péssimo digo eu, mas com maioria absoluta obtida nos votos e ainda não revogada), organizando, a par de manifestações (essas legítimas), tentativas de boicotes a que nas suas sedes se reúnam dirigentes e militantes, através de arruaças “espontâneas” e ilegais, com vaias e epítetos de fascistas, invocando a posse antecipada da ditadura sobre as ruas.

 

E como se reage à truculência arruaceira? Pelo silêncio conivente quase unânime. Ou pior, condenando-se quando alguém reaja, destemperado nos modos e no verbo (como foram os casos de Sócrates e Augusto Santos Silva), à afronta que colide com o princípio básico do direito a reunião. Porque, justifica-se, os da arruaça vencem em dois direitos contra um, se os da “política de direita” querem usar o direito a reunirem-se sobram dois direitos para os arruaceiros: o de expressão e o de manifestação. Ou seja, uma espécie de 2-1, em que a selvajaria da rua vence o campeonato da democracia. E, assim, eles persistem, primeiro foi no Largo do Rato, recentemente em Trás-os-Montes, amanhã algures. Até que ao PCP seja consignado tacitamente o direito exclusivo a reunir-se.

 

O contexto é claro: a partir do momento em que o governo entrou em desnorte e em isolamento por quebra acentuada de ligação às realidades e as hostes guerreiras do PCP acharam que chegou a hora de tomarem conta das ruas, pela possibilidade vislumbrada de a revolução derrotar a democracia, forma única de alcançarem o poder, o espírito de exigência democrática atemorizou-se e desguarneceu a exigência do cumprimento de regras para o exercício legítimo dos procedimentos democráticos. E se o governo, por autismo e esquizofrenia, alijou a componente de apoios e desvertebrou o PS, a incompetente oposição do campo democrático, incapaz de apresentar alternativas, refugiou-se no melhor que os cábulas conseguem fazer – pendurou-se nos que mexem e sabem-se mexer, o lumpen da democracia que se julga dono da rua.

 

Entre as poucas vozes que alertaram para o plano inclinado a que a contumácia dos abusos anti-democráticos do PCP nos está a levar, conta-se a de Vital Moreira. Mas, mesmo no caso, repare-se no mimo oratório em que se exprime este cavalheiro do culto pelo rigor das palavras bem medidas: há uma fronteira da tolerância democrática que não devia ser permitido ultrapassar, nem sequer ao PCP”. Pois: “nem sequer”. Um “nem sequer” que já concede ao hooliganismo partidário um estatuto de benevolência para com a excepção. E, assim e como diz o outro, a gente anda, anda, até se “habituar”. Já vimos do mesmo com Jardim e Valentim. Restando, cada vez mais, o escape do riso (amarelo).

Publicado por João Tunes às 16:56
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OITO SEGUNDOS DE VALENTIA É MAIS QUE UMA HORA

 

O silêncio não consegue calar urros cobardes. Ou só cala quando e enquanto consegue calar. No tempo de 1 minuto, comparando com os 52 segundos de amigos de assassinos, 8 segundos de valentia do Não a políticos-pistoleiros é muito mais que uma hora:

 

Mas entremos em campo. E que campo: San Mamés, do Athletic de Bilbao. (…) Domingo, em San Mamés, uma estreia: um minuto de silêncio por alguém que não era do clube. Um minuto de silêncio por Isaías Carrasco, morto porque o País Basco é o único pedaço não democrático da Europa - lá mata-se por se ser da oposição e para ser da oposição basta não ser pelos assassinos da ETA. Um minuto de silêncio. Durou oito segundos. Os amigos dos assassinos assobiaram. Mas foram oito segundos. O copo irremediavelmente se encherá.

 

Quando os bascos, povo que merece atingir o estatuto de gente digna na diferença honrada, ganharem na disputa do minuto aos pistoleiros, obrigando-os ao silêncio do respeito pelos caídos cobardemente abatidos pelas costas, então eles têm direito a tudo o que compete aos povos em liberdade, incluindo, naturalmente, o direito ao divórcio.

Publicado por João Tunes às 15:23
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ESPANHA E KOSOVO

 

Oportuno o lembrete de Gabriel Silva, um dos nossos mais velhos blogger-companheiros e desde quando ele editava a solo, sobre a improcedência do alarme espalhado quando da independência do Kosovo com profecias negras sobre o efeito de contágio nos separatismos em Espanha. Afinal, como se viu, os separatistas radicais encolheram em vez de se deixarem contagiar pelo sindroma kosovar. O que demonstra, contra as teorias dos contágios automáticos, que cada caso é um caso. Como comprova que, mesmo quando as evidências se revelam, há quem tenha rebuço consistente a dar o braço a torcer.

Publicado por João Tunes às 13:21
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O CONTRADITÓRIO SOBRE AS FARC

 

1) Segundo este artigo, as FARC, acossadas militarmente e prisioneiras das contradições geradas pela sua natureza mafiosa de bando sequestrador e narco-traficante, entrou em processo de desagregação. A média de deserções é agora de 200 guerrilheiros que se entregam às autoridades colombianas em cada mês. E crescem os conflitos internos, muitas vezes sob formas sangrentas, como foi o caso do comandante Iván Rios (foto) abatido por um dos seus adjuntos. A baixa de Iván Rios junta-se à de Raúl Reyes (o nº 2 das FARC), deixando o secretariado, órgão máximo, das FARC, reduzido a cinco membros. E no Estado Maior do bando de gangsters colombianos, verificaram-se recentemente as perdas de quatro dos seus altos quadros de comando.   

 

2) Ponto de vista diferente tem a direcção do PCP que emitiu mais um comunicado de solidariedade para com as FARC:

 

O PCP expressa a sua solidariedade ao povo, aos comunistas e a todas as forças progressistas da Colômbia que continuam a luta contra o regime fascizante de Uribe pela paz e o progresso social. Solidariza-se e associa-se a todos aqueles que na Colômbia e na América Latina se manifestam nestes dias contra a guerra, pelo respeito do direito internacional e pela solução pacífica dos conflitos. Transmite aos companheiros, aos familiares e aos amigos de Raúl Reyes as condolências dos comunistas portugueses.

 

Publicado por João Tunes às 12:55
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