Falar de memória, recuperação de memória, parece-me uma forma de adoçar a pílula. Porque não são memórias quaisquer essas que vêm das brumas do tempo. São pesadelos, senhores. Tempos de chumbo, chumbando vidas. A lembrar para não esquecer.
Aqui, recuperar os passos e os corpos atirados para Peniche, Aljube e Caxias. No Atlântico, lembrar Tarrafal. E a perfídia teimosa da longa guerra colonial. Nunca esquecendo que existiu e o que fez essa associação criminal chamada Pide.
Lembrar a Espanha de Franco e as suas décadas de assassínio de vingança.
No Chile, dizer, pelo menos, honrando-os, os nomes dos assassinados, dos desaparecidos e dos torturados dos tempos de Pinochet. E como se chamavam os esbirros e os seus mandantes. Como no Brasil. No Uruguai. Na Argentina.
Também lembrar os das prisões do “socialismo real”. Não esquecendo que Estaline assassinou mais comunistas que Hitler. Explicando que existiu o Gulag, esse sósia matulão de Buchenwald e seus irmãos da morte. Para que não restem dúvidas que o comunismo é, também, inexoravelmente, uma ideologia da morte e do crime. Charmoso e generoso a namorar o poder, a cativar votos e a fazer protestos, comícios, manifestações, fados e bailes, cavalgando as lutas dos oprimidos. Mas mortífero, implacável, bando de assassinos e de torturadores logo que os rabos marxistas-leninistas se sentam nos cadeirões do mando. Enfiando a paranóia do genocídio de “classe”, mais o resto que venha na rede, onde os nazis instituíram a paranóia do genocídio de “raça”. Mas paranóia do mesmo tipo e mesmas consequências, porque nada os parava e pára a assassinarem diferenças.
Estão aqui, perto de nós, ao nosso lado, os adoradores de Milosevic, os irmãos de Fidel e dos seus carcereiros. A recordarem Caxias, António Maria Cardoso, Peniche e Tarrafal, assobiando para o lado quanto a Lubianka, Katin e Kolin, mais as lagartas dos tanques que profanaram as avenidas de Budapeste e de Praga, apenas querendo passar por alegres e inimputáveis amigos de Milosevic, Fidel e Lukashenko.
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