Em termos de estratégias de combate, a da Igreja sobre o referendo sobre o aborto, lembra-me a do PCP. A Conferência dos Bispos encomendou o programa da mobilização discreta, mas disciplinada, das hostes do “não” e lança os leigos fiéis à liça com a Zita Seabra a liderar as vozes ao manifesto. O PCP concede à Assembleia da República a qualidade de Soviete Supremo para evitar o referendo para ter honras de vanguarda do “sim” e mandou a Odete Santos dar show oratório parlamentar para inflamar o feminismo da classe operária.
As igrejas estão cada vez mais igrejas. Mas, de tão iguais, estão a ficar demasiadamente parecidas e previsíveis. Tanto que a Zita e a Odete parecem gémeas políticas disfarçadas de comadres zangadas, cada qual no seu frete.
A efeméride dos 70 anos decorridos sobre a abertura do Campo de Concentração do Tarrafal (na localidade de Chão Bom, Ilha de Santiago, Cabo Verde) podia e devia servir para desmistificar os logros do branqueamento na história, mitos e outros silêncios associados na escrita e reescrita da memória. Num esforço para que o passado histórico não se associe a uma recriação da propaganda e não sobreviva como registo exclusivo de meias verdades, silêncios e heroificações trabalhadas.
- O Campo de Concentração do Tarrafal funcionou em três períodos: de
- O modelo da concepção e da implantação do Campo do Tarrafal, desmentindo os pruridos dos que dizem que o salazarismo “não foi um fascismo”, foi copiado dos modelos nazis e foi, na escala portuguesa, um decalque de Dachau ou Buchenwald. Ou seja, locais de extermínio para minorias activistas recalcitrantes à aceitação da ditadura. A par da PIDE, da Legião, da Censura e da Mocidade Portuguesa, o Campo foi um sinal da tendência copista dos modelos repressivos e de enquadramento do nazi-fascismo.
- Embora a maioria dos prisioneiros na primeira fase do funcionamento do Campo tenham sido militantes comunistas, o universo prisional foi mais vasto, incluindo anarquistas, sindicalistas-revolucionários, republicanos democratas, espanhóis derrotados na Guerra Civil e alemães anti-nazis. E, entre os 32 prisioneiros que perderam a vida no Campo, além do então Secretário-Geral do PCP (Bento Gonçalves), inclui-se o principal líder sindicalista-revolucionário, Mário Castelhano.
- Como em qualquer universo prisional concentracionário, o Campo não foi só uma revelação, da parte de todos os prisioneiros, de comportamento heróico, exemplar e destemido perante uma repressão processada em condições limite para a força da resistência humana. Ao lado dos mártires impolutos, casos existiram de presos que se passaram para o lado dos carrascos ou a eles, em forma clara ou mitigada, deram mais colaboração que solidariedade aos seus companheiros. “Passagens” para o lado dos carcereiros deram-se não só na primeira fase como na segunda em que lá penaram combatentes africanos (por exemplo, a facção guineense que alinhou com a PIDE na acção de posterior infiltração no PAIGC e que culminou com o assassinato de Amílcar Cabral, foi “trabalhada” no Tarrafal). Igualmente há uma marca extremamente negativa do comportamento generalizado dos prisioneiros europeus do Campo e que muito se tenta fazer esquecer - a do seu racismo anti-africano manifestado quer para com os militares angolanos que ali fizeram serviço de guarda quer para com a população caboverdiana do meio envolvente.
- Pelo isolamento, pelas condições de internamento, pelo humano desejo de sobrevivência, pela dinâmica das evoluções políticas e ideológicas, com muitas fracturas pelo meio, o Campo foi uma enorme fonte de intensidade de debate e alinhamentos e realinhamentos que marcaram o posicionamento político de muitos dos prisioneiros, nomeadamente entre os comunistas. Ali, nomeadamente, ganhou expressão considerável a facção da “política de transição” (que admitia, nela apostando, uma via pacífica de transição do fascismo para a democracia) que levou ao ostracismo violento de vários dirigentes destacados do PCP (caso de José de Sousa, que consumou ainda no campo a ruptura) e uma mancha curricular sobre outros. Por exemplo, a mitigação do culto de Bento Gonçalves pelo PCP e que ainda hoje perdura, deve-se às “manchas” que são atribuídas às posições políticas que ele adoptou no campo (e a denúncia dos seus “erros” nunca teve expressão muito evidente porque, entretanto, não sobreviveu às agruras do Campo e assim nunca representou um “perigo político” para a linha cunhalista). Mas outros dirigentes comunistas sobreviventes (Júlio Fogaça, Militão Ribeiro, etc) haveriam de “pagar” mais tarde pelo ferrete dos “erros” das posições defendidas no Tarrafal. Pese embora o viciado e vicioso jogo de história-propaganda que o Tarrafal continua a alimentar na memória permitida e autorizada do PCP (leiam-se as observações de Pacheco Pereira ao livro recentemente lançado pelas Edições Avante), em que a “história oficial” é a que retrata aquele partido como uma organização monolítica e sem falhas nem contradições, seguindo sempre, como uma procissão militante, o itinerário político-partidário de Cunhal. Razão bastante para o PCP continuar a querer que os historiadores andem bem longe dos seus arquivos.
Miguel Sousa Tavares e os blogues:
“Todo esse universo dos «chats» e dos blogues não apenas me é absolutamente estranho como ainda o acho, paradoxalmente, uma preocupante manifestação de um processo de dessocialização e de sedentarização das solidões para que o mundo de hoje parece caminhar. Saber que nesses ‘sítios’ imateriais é possível fazer praticamente tudo, desde arranjar parceiros amorosos até recrutar terroristas para a Al-Qaeda, não é, a meu ver, um progresso ou facilidade, mas uma espécie de impotência, de desistência de viver a vida como ela é.”
(…)
“O que já sabia dos blogues confirmei: em grande parte, este é o paraíso do discurso impune, da cobardia mais desenvergonhada, da desforra dos medíocres e dessa tão velha e tão trágica doença portuguesa que é a inveja.”
(No “Expresso” e com transcrição integral aqui)
Conclusão: A dessocialização, a sedentarização, a impotência, a desistência de viver a vida, a impunidade, a cobardia, a mediocridade e a inveja, são males que afligem o mundo desde que existem blogues. Antes deles, o mundo era regido por jogos entre damas e cavalheiros. Se a Internet trouxe a barbárie, que o tempo volte para trás.
Não resisti a ver a entrevista de António Lobo Antunes na RTP durante a semana. Um SMS e uma chamada de atenção do meu filho transformaram a sessão televisiva numa espécie de cumprimento de dever. E vi.
Valeu a pena. Não pela entrevista porque ela não existiu apesar do muito suor arfado pela diligente Judite no desespero de encontrar um fio de comunicação. Valeu pelo espectáculo de uma entrevista não entrevistada. Talvez se explicando pela minha fraca prestação como tele-espectador, nunca tinha assistido a tamanha contrariedade de alguém ali estar sem qualquer vontade de conversar ou dizer o quer que seja. O homem não queria falar, nem abrir boca, mas estava ali sentado, sempre mal sentado, a cumprir um frete (doloroso para ele, para a pobre entrevistadora, para quem o estava a ver e ouvir). De onde deduzo que aquele espectáculo de sacrifício se deveu a uma obrigação de ganha-pão, imposto pela editora, que o cidadão-escritor transformou, subverteu, num acto de resistência cívica e connosco, no papel de parvos, a pagar as favas. Consciente. Preparado (a maior parte das vezes, impossibilitado de não falar, ele acintosamente apoiava o maxilar inferior sobre as mãos para não se perceber patavina do que soletrava). E julgo que entendi a mensagem do criador literário - neste país de treta em que todo o mundo dá o cú e dez tostões por aparecer na televisão eu estou aqui metido num trono de famoso para falar e não falo, nem para a televisão nem para vocês, se me querem ouvir leiam os meus livros e não me chateiem que eu tenho mais que escrever.
Um grande sacana este Lobo Antunes. Que se apaga para nos apagar, desligando-nos a televisão na cara. Mas um bom sacana como não deixa mentir aquele sorriso iluminado e cortante de menino meigo e cruel com que amenizou, de tempo a tempo, a pólvora da provocação.
No fundo, o marketing (e tão mal habituado ele anda) ainda está para aprender que há escritores que escrevem livros. Por isso, as editoras que agradeçam ao sacana. Eu não. Contribuí com o meu papel de parvo e chega.
Confesso que quando o concurso televisivo, ou lá o que é, aquele dos “Grandes Portugueses”, foi lançado, torci o nariz ao empreendimento. Cheirou-me a mais do mesmo, ou seja concentração populista de escolha entre famosos com proveito. Ou um desfile de artistas com santos e heróis à mistura. Tão desconfiado fiquei que até me passou pela cabeça que a ideia tivesse saído da mente brilhante do Scolari.
Logo a seguir fui apanhado no chinfrim dos saudosistas do chanfalho para voltar a meter o pessoal na ordem, arregalando o escândalo de o “Manholas” (como o Manuel Correia bem lhe recordou a alcunha) não constar da primeira lista. E ganharam o primeiro “round” – o “Manholas” entrou mesmo nos canhenhos dos “recomendados” ou “sugeridos”. Aqui, vi o caso mais a fino. Percebi que há campanha organizada para resultar numa concentração de votos que enalteça a saudade do tirano que nos apertou o torniquete décadas e décadas e nos conservou no cú da Europa de onde ainda agora temos dificuldade
E já votei. Numa figura que julgo encarnar, para além dos seus elevados méritos como patriota, democrata, professor, cientista e pedagogo divulgador, uma antítese do “Manholas”. Este sim, um daqueles nossos grandes (e tão pouco divulgados) cuja perda ainda hoje se sente. Para dar coluna de dignidade e pundonor a este país bom em campeonatos e
Permito-me a transcrição de um texto que me impressionou pela limpidez dorida da sua sinceridade. E não o digo porque o seu anunciado sentido de voto coincide com o meu (estou vacinado contra a euforia unicista do élan da vitória pela minha já longa prática acumulada de perder aos votos). Antes, pela sinceridade adulta e cidadã que esta estimada companheira da blogosfera, uma católica exaltante, demonstrou de se abrir ao entendimento do mundo e alargar a alma para além da defesa dos cristais que dão corpo à sua consciência. Teimando corajosamente em olhar a vida pelo cristal, além do cristal, não permitindo que seja ele, o cristal da crença ou convicção, a filtrar-lhe a luz do entendimento perante o mundo, as mulheres, os homens, a vida.
“Até há poucos meses eu defendia, rotundamente, sem reservas, o "não". E ficava de consciência tranquila. Entretanto, aprendi que, por vezes, se tem de viver com pesos na consciência.”
”Nunca fiz nenhum aborto. Também, por várias razões, nunca o irei fazer. Nunca aconselhei ou aconselharei, alguém a fazê-lo. É do foro íntimo de cada um. Há uma jovem que eu apoio no que posso, que diz que não fez um aborto por minha causa. Mas eu nunca lhe disse tal. Apenas, lhe fiz ver da responsabilidade das várias opções que tinha à frente.”
”Continuo a achar o aborto um mal. Eu, como mulher e mãe, acho que o melhor dom que Deus nos deu foi a vida. Como mulher, sinto-me feliz e realizada pela maternidade. Mas este é o meu contexto de vida. Nem todas as mulheres o podem dizer e sentir como eu. Para mim a vida, tem um valor absoluto. Mas não é para toda a gente assim. Não posso obrigá-los, não posso proporcionar-lhes as condições, para que o sintam como eu.”
”Resumindo, o meu desejo é que não fosse necessário, mulher alguma, fazer um aborto. Independentemente das razões que podem ser múltiplas. Mas porque algumas o fazem, com consciência maior ou menor do que estão a fazer. Porque o fazem por necessidade ou até por egoísmo. Não quero "atirar pedras a ninguém". Não quero ver nenhuma mulher na cadeia por causa disso. Também não quero a hipocrisia de alguns julgamentos que são mas não são. Nem a hipocrisia de que é crime, mas a gente fecha os olhos. Também não quero que quem tem dinheiro, vai a clínicas seguras e faz o "serviço limpinho", quem não tem, sujeita-se a gente sem escrúpulos e minimamente preparada.”
”Por isso, vou votar sim à pergunta do referendo. Vou fazê-lo
(Nos “comentários” lidos aqui)
Hugo Chavez demonstrou o seu notável fair play político. Incapaz de angariar os votos necessários para ocupar uma cadeira nos lugares não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, diz-se disposto a abdicar da competição a favor do seu pupilo boliviano Evo Morales. “Toma lá que é democrático!”, como diria o outro.
O valor da vida se resumido ao existir, é pouco mais que nada. Em muitos casos, menos que nada. Ou quando muito, um mero determinismo de uma fatalidade biológica em que o futuro e a sua qualidade dependem do que for. No caso do nascimento de uma nova pessoa, há quem o pretenda ainda menos que tudo isso de muito pouco – uma obrigação que resulta de um acto sexual sem os constrangimentos que evitem a procriação.
Uma gravidez não desejada ou imediatamente arrependida é sempre um drama humano. E um drama que a biologia impõe que a sua intensidade seja vivida numa desproporção gritante, porque muitíssimo mais por um dos dois parceiros construtores do resultado. Pois é sempre sobre a mulher-mãe que recai o ónus maior desse drama. E como se essa componente inelutável fosse pequena, é a ela que a sociedade pedirá contas da decisão sobre o que irá fazer sobre uma gestação que foi obra de um par. Deixando na paz serena ou perturbada o co-autor. Acrescendo a parte adicionalmente perversa de, no caso, a mulher responder perante sociedades maioritariamente gerida por homens, perante leis feitas maioritariamente por homens, perante usos, costumes, valores e tradições maioritariamente formatados por homens, perante religiões celebradas e dirigidas maioritariamente por homens, perante uma opinião pública maioritariamente formada por um somatório de opiniões masculinas.
A penalização de um aborto é um castigo aplicado pela sociedade predominantemente masculina (com a cumplicidade de várias acólitas femininas) sobre duas pessoas – uma mulher e uma criança não desejada. Em nome de a mulher não ter direito a evitar uma fatalidade. À criança porque lhe é imposta a obrigação de existir que sobreleva sobre o direito à vida entendida com a qualidade mínima de ser saudada e cuidada como um novo ser desejado. Só uma sociedade paranoicamente procriadora, pessimista, castigadora, rancorosa perante a felicidade humana, consegue ser coerentemente penalizadora perante a mulher que resolve o drama da gravidez não desejada ou arrependida pelo drama do aborto. E essa crueldade, traduzida em leis de castigo, só podia ter, como tem, a cumplicidade ideológica de uma religião que fosse, como é ela mesma, dirigida por uma seita misógina que secundariza a mulher, a vê como “fonte da tentação e do pecado”, lhe interdita a ascensão ao sacerdócio ou a construção de um lar com um dos sacerdotes ordenados. Uma mesmíssima religião que, sadicamente, paralelamente faz tudo por interditar as práticas da contracepção e uma vida sexual esclarecida. No fundo, uma sociedade e uma religião contra a vida, contra as vidas.
Obviamente que resta ainda e também, para que o quadro seja completo, o naipe da irresponsabilidade, o das “liberalizadoras” da barriga à mostra com a inscrição estupidamente hedonista do “aqui mando eu”. Mas circunscrever, confundindo, o drama feminino da gravidez não desejada ou arrependida com o leque ínfimo das meninas infantilizadas folclóricas do género "bloquista", é ir-se remexer na gaveta retórica da demagogia. Como se um qualquer abuso da liberdade justificasse o fim do direito à liberdade. Por exemplo, um qualquer vómito traduzido num escrito justificasse o regresso da censura. Mas mesmo essas irresponsáveis disfarçadas de “liberais”, é bom que, em caso de engravidarem, possam abortar. Porque, assim e em cada caso, seriam duas poupanças úteis à vida – menos uma mãe irresponsável e menos uma criança destinada a ser não amada.
Segundo o Messias:
“Cumpre-nos estar atentos e vigiar. É necessário, sobretudo, que o povo católico saiba sacudir as duras carapaças ancestrais que tolhem as suas liberdades, exigindo das hierarquias o cumprimento dos compromissos da fé. O capitalismo é uma construção artificial corrupta. O comunismo continua a não ter alternativa válida. É o futuro dos povos. Os mais fortes somos nós! ...”
“As televisões também estão em todo o lado aonde vai o Presidente da República, nem que seja a Budapeste, onde se associou a todos os anticomunistas militantes para glorificar a «liberdade» que os húngaros hoje vivem e para tentar apagar o papel inestimável da União Soviética para a consolidação da paz no mundo e para transformá-lo num mundo digno de ser vivido pelos trabalhadores e pelos povos.”
(No “Avante”)
“O Governo, surpreendido pela dimensão, pela força e pela composição diversificada dos participantes da manifestação, estremeceu: não esperava tanta gente – e isso preocupou-o; não esperava tanta convicção – e isso aumentou-lhe as preocupações; não esperava tanta força - e isso irritou-o; e muito menos esperava que, entre os manifestantes, estivessem tantos eleitores e eleitoras que nas últimas eleições votaram no partido do governo, designadamente membros desse partido – e isso apavorou-o.”
(A esquizofrenia da Rua do Jerónimo, traduzida no Editorial épico-trágico do último “Avante”)
Vou reservar passagens e estadia para Londres. Finalmente, surge a possibilidade, de que já havia desesperado, de me tornar um homem bonito.
Imagine-se estes manifestantes, pois a luta - como o capital - não tem pátria, a desfilarem
(foto copiada daqui)
Só posso agradecer ao Pepe o cuidado erudito como, abordando a problemática da eventual adesão da Turquia à União Europeia, se afincou em desdobrar os fundamentos dos seus pontos de vista e cuja leitura vivamente recomendo aos interessados mais em desvendar o saber que agitar bandeiras de circunstância (dá corda aos neurónios mas vale a pena). Fê-lo através de quatro posts em que desdobrou tematicamente as suas apreciações:
Assim, sempre digo que valeu a pena “provocá-lo”. Obrigado. E abraço (este nada “polémico”).
Está em maré de insucesso a venda da imagem da chamada República Turca do Chipre do Norte (um “país” só reconhecido pelo país tutor e invasor). Esta habilidade acabou em multa e daí não passou. Não está nada fácil o mercado publicitário da turcofilia.
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