Os imperialistas britânicos, arrogantes na sua sanha capitalista, armados em judeus, decidiram esta manhã fechar aeroportos e impedirem os trabalhadores conscientes de viajarem de avião pelo mundo fora a fim de reactivarem o internacionalismo proletário sob o lema “Eternas Vidas para o Comandante Fidel e o Seu Irmão!”. Bush, sempre pronto a lamber as botas de Blair, seguiu-lhe o exemplo. Como se esperava, mais uns tantos apaniguados disfarçados de democratas, imitaram as potências que lideram o terrorismo de Estado. Entretanto, as agências noticiosas controladas por Pinto Balsemão e seus parceiros, espalham o alarme e a calúnia sobre as verdadeiras intenções dos revolucionários.
O pretexto para esta nova ofensiva imperial é a descoberta de uma pseudo-conjura, em que, pretensamente, as vítimas revolucionárias organizadas pelo Comandante Bin Laden se preparavam para destruir alguns nichos voadores do capitalismo imperialista-sionista. Como se o ar, assim como a terra e o mar, e não lhes bastando o petróleo, fosse só deles e interdito à revolução libertadora. Dizem ainda as agências de (nossa) confiança que dezenas de patriotas islâmicos, nossos companheiros de luta, foram presos pela Gestapo inglesa e possivelmente estarão já a ser torturados em Guantanamo.
As vidas das vítimas aprisionadas na preparação de acções de combate anti-imperialista e anti-sionista correm perigo. Não paremos. Circulem posts, abaixo-assinados, e-mails, SMS, o que seja, exigindo a imediata libertação dos revolucionários londrinos. Organize-se uma manifestação frente à Embaixada da Grã Bretanha, com passagens de repúdio pelas Embaixadas dos Estados Unidos e de Israel, exigindo a consagração dos lutadores aprisionados como revolucionários de novo tipo. No final, a manifestação deve concentrar-se frente à Embaixada de Cuba para um comício onde se reze pelo restabelecimento da saúde de ferro do incansável Comandante, nosso Libertador. Já!
O Tiago Barbosa Ribeiro veio trazer para o debate um interessantíssimo contributo para aclarar posições, algumas muito bem encapotadas, sobre o anti-semitismo (*) dos tempos actuais.
Claro que é, em alguns casos, uma pressa de combate incluir automaticamente na categoria de anti-semitas (ou anti-judaicos) todos os que odeiam Israel e celebram, entre amigos políticos, cada rocket lançado pelo Hezbollah. Aliás, estes, os da banda esquerda, bem sublinham que são apenas anti-sionistas e nunca, por nunca ser, anti-semitas. Ou seja, o anti-semitismo seria um património direitista, coisa de nazis e quejandos, gente pouco recomendável e com quem não admitem misturas. Quanto aos combatentes da esquerda anti-Israel, eles afirmam condenar exclusivamente o imperialismo guerreiro e o expansionismo dos israelitas, o martírio dos palestinianos, libaneses e tudo quanto é muçulmano e sobretudo, mal maior, a aliança de Israel com o Império do Mal. Em termos de organização teórica das ideias, mais ainda nas intenções, é evidente que se pode admitir que alguém, ou uns tantos, por muito afirmativos que sejam, tentem essa ginástica política de separar os vários “anti” que lhes povoam as cabeças.
Julgo que em termos concretos, ou efeitos práticos, a distinção pretendida, se já fez algum sentido, e isso não nego de todo, está datada na discussão e na oportunidade quando da criação do Estado de Israel há cerca de sessenta anos. Na altura, a “ideia sionista” que levou à implantação do Estado de Israel, apresentando argumentos de fundamentação, tinha um sem número de óbices e constrangimentos para ser aceite como legítima, sobretudo tendo em conta os direitos de implantação no terreno dos palestinianos. O certo é que a existência do Estado de Israel foi uma realidade de facto e legitimada pela comunidade internacional, no que pesou decisivamente o facto de tanto os Estados Unidos como a União Soviética terem apadrinhado a nova realidade.
Não é responsável quem defende, hoje, o desaparecimento do Estado de Israel e que se obriguem os judeus ali instalados a sofrerem um novo êxodo de fuga errante pelo mundo. E tirando os fanáticos que governam o Irão, mais os grupos ultra-fundamentalistas, poucos têm coragem de defender uma nova “solução final”. O pretexto usado na propaganda de ódio anti-israelita é o pretendido entorse sionista que transforma Israel, pela sua prática mas sobretudo pela sua natureza, numa potência militarista e expansionista em missão de genocídio de palestinianos e dos seus irmãos e camaradas, um aliado do imperialismo americano em terras próximas de muito petróleo. E, nas ideias e nas propagandas, as imagens utilizadas são sistematicamente repetidas – o drama palestiniano, o drama libanês, os “territórios ocupados”, as vítimas da metralha israelita, acabando sempre na reedição metafórica da luta entre David e Golias. Nada havendo a dizer quanto à condenação dos métodos de retaliação usados por Israel, maioritariamente repugnantes porque cruéis e indiscriminados, o certo é que os “anti-sionistas” esquecem sistematicamente, nos seus julgamentos parciais, dois factores fundamentais – por um lado, a brutalidade israelita é defensiva (segundo o princípio “quem se mete connosco, apanha!”), incluindo as ocupações de territórios fora das suas fronteiras, com um grau de violência que dissuada os apetites agressivos ou provocatórios; segundo, não é “melhor”, nem “mais humano”, nem de grau diferente, a brutalidade do terrorismo e dos ataques que pretendem castigar Israel e obrigá-lo a recuar no seu direito à existência em segurança.
É a parcialidade do “anti-sionismo” dos tempos modernos, inscrita no arco do activismo anti-americano, com uso e abuso de “dois pesos e duas medidas”, em que a ameaça do terrorismo, do fanatismo e do fundamentalismo islâmico (com os apoios e meios poderosos e agressivos do Irão e da Síria, usando os instrumentos Hamas e Hezbollah), é silenciada (como se cada ponto que o terrorismo islâmico marcasse contra Israel não fizesse ricochete nas cabeças bem pensantes), vestindo os palestinianos de David e os israelitas de Golias, que torna estultamente falhada a pretensão invocada de se querer ser, ou parecer-se, anti-sionista sem ser anti-semita. Porque, na prática, se trata, afinal, da mesmíssima coisa, prisioneira que está do maniqueísmo em que todos os palestinianos são bons e mártires e, como pensa a direita nazistóide, o único judeu bom é o judeu morto.
(*) – Sei que o termo “anti-semitismo” não é rigoroso como categoria de aversão exclusivamente “anti-judaica”. Porque, de facto, semitas são tanto os judeus quanto os outros povos da região. Mas, ressalva feita, como a expressão acabou por adquirir uma parcialidade que lhe deu identidade (ninguém fala em “anti-semitismo” a propósito de sentimentos “anti-árabes”!), continuaremos a utilizá-la.
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Adenda: O seu a seu dono. A imagem transcrita de reprodução do despacho de louvor de Sexa Freitas foi reproduzida e tem como origem o site de José da Silva Marques.
A Comissão Europeia parece ter corrigido a patacoada de um Comissário chamado Vladimir Spidla. Antes assim. Mas espere-se pela próxima volta. Os fundamentalistas não costumam desarmar.
Em simultâneo, parece que o bom senso (e a liberdade de concorrência), na mesma matéria, chegou ao governo luso. Refiro-me à publicitada abertura do governo em permitir aos estabelecimentos de restauração optarem por serem livres de fumo ou locais onde não se chateiem os adeptos das fumaças. Desde que devidamente anunciada, à entrada e de forma bem visível, se o local é aberto ao vício ou se ali se conserva a vida eterna e higiénica, cada um escolhe sabendo ao que vai. E, caso a lei contemple a liberdade de opção, sempre quero ver como se vai manifestar a coerência fundamentalista, isto é, quantos são os que escolhem o proibicionismo além do negócio. Pelo que vi em Espanha, depois de entrar em vigor uma lei idêntica, não vou ter grande dificuldade em continuar a encontrar um café para ler o jornal em paz e sossego.
Temos uma luz no túnel da crise.
Se o Deco é português e o Liedson para aí caminha, tu és português de gema, gema de ouro.
1 – Têm plena razão teórica os que lembram que o Líbano, além da Palestina projectada e das marciais e imperiais Turquia e Indonésia, foram as grandes esperanças de concretização democrática, multicultural e multireligiosa, até civilizada e moderna, no mundo muçulmano. Mas, agora, é o Líbano que está no palco, o pior dos palcos – o palco das bombas. Fiquemos, pois, pelo Líbano, a chamada “Suiça do Médio Oriente” (e a alcunha não é nada inocente).
2 – O Líbano tem factores específicos na sua identidade que se distinguem da realidade circundante: possui uma tradição burguesa-mercantil consolidada em séculos e que, na sua irradiação mundial (encontram-se comerciantes libaneses por tudo quanto é parte do mundo) lhe conferiu uma componente capitalista sólida e transnacional e, concomitantemente, um liberalismo de conveniência, uma plasticidade perante outras sociedades e outras culturas; foi colónia francesa, mantendo esta cultura de raiz, num mundo essencialmente colonizado por otomanos e ingleses; comporta uma dualidade islâmico-cristã (60/40) que dissuade hegemonias e fundamentalismos; tem uma tradição turística e mundana que a torna permeável a osmoses cosmopolitas, abrindo-se ao mundo.
3 – Tragicamente, o Líbano não escapou, na sua procura de uma identidade sui generis, ao fatalismo da sua inserção cultural-geográfica. Cultural e politicamente, o Líbano tinha e tem uma forte tendência centrípeta relativamente aos modelos democráticos e europeus. Mas, geograficamente, o Líbano fica (demasiadamente) perto das praças fortes do irredentismo islâmico, das erupções do “socialismo árabe”, de Israel, da Palestina e, não tendo petróleo, está a dois passos do petróleo. O conjunto destes factores, moldados nas estratégias de conflito, ditou a perenidade do drama libanês. Tornou-o vulnerável pela tentativa de afirmação cristã fracassada; pelos apetites de hegemonização e domínio do vizinho sírio; porque foi um importante reduto de refúgio da diáspora palestiniana, viu-se mergulhado no conflito israelo-muçulmano
4 – Os mais interessados na “diferença libanesa” sempre foram, entre os vizinhos do Líbano, o Estado de Israel. Na estrita medida em que essa “diferença” seria um tamponamento suficiente e generoso perante a agressividade islâmica. O mesmo Israel que se afirmou sempre como implacável face a qualquer condescendência libanesa perante osmoses ou promiscuidades com posicionamentos que lhe fossem hostis. Esta tensão e as tensões simétricas de oposição e controlo (da Palestina, da Síria e do Irão) impediram a mínima tranquilidade para estabilizar o Estado e o seu aparelho ao serviço da autonomia libanesa.
5 – O Líbano não teve condições para se consolidar como Estado autónomo. Fragilizado internamente pelas tensões mortíferas entre cristãos e muçulmanos, viu-se ocupado pela diáspora combatente da Palestina, sofreu a retaliação israelita pela sua transformação em santuário dos palestinianos, caiu na esfera da influência da Síria, baqueou perante a afirmação agressiva e terrorista do Hezbollah (com apoio iraniano e sírio) e a quem não foi capaz de impor o desarmamento. Pagou sempre elevadas perdas em vidas, património e capacidade autonómica, cada vez que um input dos vizinhos lhe caiu dentro de casa. Agora, mais uma vez, o Líbano sofre o fogo israelita por não ter tido a força suficiente para impedir que o Hezbollah se transformasse, no Líbano, um Estado dentro do Estado e um sub-Estado agressivo e terrorista, generosamente incentivado, armado e financiado pelo Irão com a cumplicidade síria.
O João Carvalho Fernandes, distinto director do “Democracia Liberal”, o órgão oficial da “direita monteirista”, é também autor consagrado de um dos veteranos e conceituados blogues – o célebre e incontornável “Fumaças”. Assumindo sem tibiezas as suas opções, o JCF costuma reger-se pelo rigor e pela ética. Por isso, granjeou uma larga e merecida estima blogosférica (e não só). Também por isso mesmo, tenho vaidade em o ter como meu amigo pessoal, numa amizade que foi forjada em lutas comuns pela liberdade, o bem supremo que deve estar acima de todas as diferenças.
Por motivos pessoais, o JCF teve de interromper, durante uns tempos, os alimentos ao seu blogue. Voltou depois para entrar de férias e impor nova interrupção. Talvez por lapso devido aos interregnos, o JCF escreveu como não costuma escrever – deu eco a uma mentira repetida, ecoada e desmentida. Mas, sabe-se bem, um desmentido nunca repara todos os danos da atoarda. Agora, se até o Professor Marcelo já emendou a mão, como não esperar o mesmo desta “fumaça”?
Diz o Professor no DN de hoje:
Não julguem, pois, a Igreja Católica. Continuem, então, as romagens ao Vaticano, a Fátima, a Lourdes, a Covadonga e ao Vale dos Caídos, autênticas “unidades de cuidados intensivos”. Eles, por lá, não são bons, mas curam os maus.
Acho bem a “disposição europeia” que consagra a liberdade de um patrão não admitir trabalhadores que sejam viciados no tabagismo. Aliás, os do cigarrinho têm alternativa: imitem os patrões transnacionais e deslocalizem-se, procurando trabalho fora da Europa limpa, higiene, pura e unida. Enquanto restarem desterros para viciados e se, entretanto, não lerparem em Oncologia.
A Europa, seguindo os Estados Unidos, amanhã em todo o mundo, quer saúde, muita saúde, só saúde. É a procura ancestral da eterna juventude, pela higiene absoluta, pela pureza livre do vício. Admirável utopia esta, a de um admirável mundo novo anunciado, em que, pela via da higiene e do decoro, as sociedades se querem saudáveis e, no limite, constituídas apenas por cidadãos eternos e imaculados. Santos, isso também. Aquilo em que as religiões, o fascismo e o comunismo falharam (a redenção humana, no espiritual e no social) está preste a ser conseguido pela cruzada contra o tabaco. A seguir, step by step, erradica-se o consumo de álcool, o sexo em excesso (todo o que esteja além do necessário para a procriação), as leituras inconvenientes, a Internet (mãe de tantos vícios), a inveja, o hedonismo, o anarquismo, a injustiça, as festas fora de horas, as guerras, todos os pecados – os mortais e os outros. Então, os homens serão livres, limpos e higiénicos. A caminho da vida eterna sem o desvario de um vício como amostra. Verdade que, todos higiénicos e com vida eterna, castrados na liberdade de escolha entre virtude e vício, entre a saúde e a doença, entre a vida e a morte, não vamos caber no planeta. Mas como, então, a humanidade não será outra coisa que camadas sobrepostas de chatos e de censores, mas higiénicos e empreendedores, cavem-se tuneis e subterrâneos e alonguem-se os prédios, transformando o mundo numa imensa Nova Iorque. De qualquer forma, sem vícios, os novos homens não terão o vício da revolta. Estarão por tudo, até pensarem-se eternos porque limpos.
Declaração de interesses: Sou fumador, não procuro emprego, (ainda) não tenho consulta marcada para Oncologia, não luto por um admirável mundo novo.
Pensem bem os que estranham que Raul Castro não mostre letra, palavra ou figura. Se a evolução do estado de saúde do Comandante é, segundo o próprio, um “segredo de Estado”, como não haveria de o ser também o seu irmão Raul, Segundo Comandante ora em funções de Primeiro Provisório? E os “segredos de Estado” não se revelam, guardam-se bem guardados.
Para mais, os que sabem disso das revoluções, não se inquietam nem se deixam devorar pela curiosidade. Rezam.
O impacto noticioso, sobretudo via televisão, vive de sangue, morte, crime, drama, dor, vítimas (sobretudo se velhos, mulheres e crianças). Esta é a escolha do sensacionalismo e a culpa dos consumidores que querem isso mesmo – beber sangue, contemplar a morte, condenar os criminosos, chorar por vítimas na sede de muitas vítimas. Assim, o sensacionalismo casa-se com a morbidez sádica e autoflagelante dos públicos. A mistura, sob a lei das “shares”, dá nos noticiários que temos.
A sensação televisiva, muitas vezes, serve um dos contendores, sobrelevando as causas e as problemáticas. O lado que mostrar mais vítimas, mais sangue, mais dor, sobretudo mais crianças mortas ou a chorar, marca mais pontos. Muitos mais. É um lado perverso das tragédias. Mas incontornável.
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Adenda: O Manuel Correia deu-se ao trabalho inspirado de dar uma versão reversa deste post. Agradeço e recomendo a leitura. Sobretudo porque demonstra que a imaginação e a ideologia estão bem vivas. E vamos voltar a cruzar-nos em cavaqueira ainda sobre o mesma tema de fundo. "Aquilo" está para durar e, pelo já visto, os dois teimamos em "andar por aí".
Um criativo, mesmo que publicitário, não passa disso mesmo – um criativo. Ou seja, é pago para pensar, imaginar, se possível com o máximo de loucura inconformista, procurando o flash que leve à mensagem instantânea que realce um produto. Neste mister, o criativo publicitário procura o insólito, o chocante, aquilo que seja capaz de fazer a diferença, a prisão da atenção fugaz no meio da enxurrada de mensagens publicitárias com que o consumidor é diariamente bombardeado. Um criativo publicitário é pago apenas pelo talento na arte de imaginar e inovar. Um criativo pode ter ideias parvas, sem que por isso seja considerado parvo. Mas é um irresponsável, na medida em que ele não decide qual a mensagem escolhida para ser lançada no mercado da publicidade.
A responsabilidade pelas mensagens emitidas publicitariamente e concebidas a partir da imaginação dos criativos, umas geniais, outras parvas, a maioria medíocres, é, exclusivamente, dos donos das empresas, das instituições, dos produtos. São estes, apenas estes, os responsáveis pela emissão da mensagem, nomeadamente aferir se ela é eticamente aceitável, se fere ou não o respeito concorrencial e perante o consumidor, sobretudo tem a responsabilidade de não permitir, muito menos pagar, que se fira a dignidade humana.
Na Galp Energia, ou a Administração anda a dormir em serviço, e então devem descontar-lhes as sestas nas mordomias, ou o seu sector de marketing corporativo e de comunicação, tem um poder de decisão desbragadamente irresponsável. Há pouco tempo, foi a gaffe do hino publicitário de apoio à Selecção no Mundial, em que uma parte da letra (que falava em “paneleiros”) teve de ser riscada, obrigando a uma segunda versão. Agora, temos a bronca de um infelicíssimo anúncio de mecenato na prevenção rodoviária (em colaboração com o Ministério da Administração Interna!) em que se usa a imagem inadmissível de um … avião cheio de crianças, como contraponto de horror e de repulsa sentimental. Nem a quantidade de crianças mortas anualmente em acidentes rodoviários enche um Boeing (muito menos um 747) nem faz sentido comparar o meio de transporte mais seguro com o menos seguro. É uma mistura, eticamente condenável, em nome da aparente defesa de maior segurança rodoviária, atacar, como comparação negativa, outro meio de transporte, não esclarecendo mas fazendo mais ruído. Assim, mais um caso de péssima e desprestigiante publicidade.
Que necessidade tinha a Galp, depois de irritar a Opus Gay (emendando a mão, depois e com gastos adicionais chorudos), ir meter-se com a TAP e os aviões, de braço dado com um Ministro distraído?
Tal como o João Paulo Sousa, também recomendo a leitura do texto de Timothy Garton Ash traduzido ontem no Público, intitulado «O Médio Oriente enquanto problema da Europa».
Para que não andemos por aí, a mostrar mãos limpinhas e armados em juízes de sentenças sobre “sarilhos alheios”. Sarilhos a que não somos tão alheios como, por vezes, se quer fazer crer. E lembrando também que, em tempos idos não há muito, a luta contra a perseguição iníqua a Dreyfus, fazia parte do património do combate da esquerda europeia. Hoje, o antisemitismo já não é património exclusivo da direita, infelizmente. Hoje, outros são os tempos, outras as preferências e as políticas de alianças.
Adenda: Um comentador deste post “esclarece” que o “caso Dreyfus” “nada tem a ver com semitismo ou anti-semitismo”. As coisas que “aprendemos” com os negacionistas. Mas, todos juntos, não chegam para apagar a História. Inclusive, desmentir os factos, como o fartamente documentado e comprovado de o Capitão Dreyfus ter sido expulso do Exército Francês acusado de “traição ao serviço da conspiração judaica” (faz parte do processo).
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