Quarta-feira, 16 de Agosto de 2006

A NATUREZA BOMBEIRA

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Com as falhas acumuladas e nunca resolvidas na prevenção e combate aos incêndios, a Natureza arma-se em bombeira e anunciou que vem dar uma ajuda. Escusava era de ameaçar com mangueiradas à bruta.  

Publicado por João Tunes às 14:13
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MÁ NOTÍCIA…

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… para Marques Mendes.

Publicado por João Tunes às 13:55
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SINDICALISTA EM FUGA

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Em 13 de Agosto, Carlos Ortega evadiu-se da Penitenciária “Ramo Verde”, na Venezuela. A sua qualidade de “criminoso perigoso” deve-se ao facto de ser sindicalista e Presidente da CTV – Central dos Trabalhadores da Venezuela. Considerado o principal opositor a Hugo Chavez, estava a cumprir pena de 16 anos de prisão por ter organizado uma greve de protesto contra a política “chavista”. A fuga deu-se durante a visita de Hugo Chavez a Fidel Castro, para lhe dar abraços de parabéns pelo 80º aniversário do “amigo cubano”. Suspeita-se que a segurança venezuelana, ocupada a guardar as costas do peregrino-profeta do anti-imperialismo, se distraiu na guarda ao perigoso sindicalista. Agora, temos a Venezuela em reboliço e na "caça ao homem". Um sindicalista à solta é sempre um perigo para a revolução.  

Publicado por João Tunes às 13:14
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DIFERENÇAS

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Comparando Gunter Grass com o Rosa Casaco cá do sítio, quais as diferenças?

 

- Rosa Casaco foi fotógrafo amador, Gunter Grass é escritor profissional.

 

- Rosa Casaco escrevia pessimamente, Gunter Grass é mestre da escrita.

 

- Rosa Casaco confessou-se cedo dos seus amores e serviços à Pide e a Salazar, Gunter Grass silenciou até demasiado tarde os seus amores e serviços à SS e a Hitler.

 

- Gunter Grass foi (é?) ícone moral (e moralista) da esquerda social-democrata e anti-global, Rosa Casaco nunca passou além de carrasco foragido.

 

- Gunter Grass arrependeu-se e pediu perdão, Rosa Casaco nunca.

 

Algo mais?

Publicado por João Tunes às 12:22
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Terça-feira, 15 de Agosto de 2006

PUBLICIDADE CRUEL

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A ganância das multinacionais não tem limites nem ética, muito menos vestígios de sentimentos. Aproveitam-se de tudo, tudo lhes servindo, para o lucro, o sacrossanto lucro, não respeitando nada nem ninguém. Usam e abusam da publicidade, sem olharem a meios e aproveitamentos que lhes dê notoriedade e vendas. Sobretudo vendas, razão de ser deste capitalismo sem pátria a explorar todas as pátrias, incluindo os patriotas. Até os internacionalistas. Normalmente, as grandes marcas, na publicidade sem pudor nem roque, aproxima-se e aproveita-se dos que têm fama e proveito, aumentando-lhes os proventos, para que os consumidores anónimos, revendo-se nos famosos, os imitem, comprando, comprando.

 

A “Nike” é useira e vezeira a utilizar famosos, os do desporto é claro. Vejam o caso do Ronaldinho, esse inspirador de dentistas e mães carentes porque não tiveram todos os filhos que gostariam de ter tido, a ser usado e abusado numa publicidade sem fim. Agora, até uma fitinha lhe puseram a segurar o cabelo para propagandearem o “cachimbo estilizado” da marca famosa. A “Adidas”, não querendo perder terreno para a “Nike”, optou por outra simbologia e outras sublimações. Muito pior, cruel mesmo. Se, com o Ronaldinho, se exploram sentimentos afectivos de ternura retardada em mistura com apelos a se tratarem dos dentes, aceitável enfim, a “Adidas”, muito mais cruel por estar mais atrasada na luta de concorrência entre marcas, não teve escrúpulos em aproveitar-se de um famoso velho e enfermo. Com se vê pela imagem, vestiram-lhe fato desportivo da marca com o logo bem visível sobre o peito doente, com o paciente, ainda acamado, a mostrar, ego-pateticamente, o jornal oficial como se fosse um seu espelho. Sugerindo, pois claro, que se o jornal é tão seu como o partido que o edita, o logo da marca capitalista não lhe falta no peito. Total falta de escrúpulos e de respeito. Mas talvez tenham pago bem. Eles pagam sempre bem, desde que vendam.

Publicado por João Tunes às 13:18
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A PROPÓSITO DOS FOGOS NAS MATAS

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“O primeiro transporte que utilizei foi um comboio, meio de locomoção que me provoca sempre um doce êxtase, devido à vibração e ao ruído que faz aquela imitação curiosa do Better Things dos Massive Attack (tum-tum-tcht-weunweun-weun-tum-tum-tcht). Ia eu assim absorvido, de olhos semicerrados, quando vejo sentada à minha frente uma matrona silvestre, no Setembro da vida, adormecida e ressonante. Cansada, decerto, dos trabalhos e dos dias da cidade. A saia exageradamente curta para a abundância de tudo o que se sentava no banco, tinha subido bastante. Vittorio de Sica ter-se-ia babado, mas, a mim, a visão daquela donna dormente em tais preparos inspirou-me uma reflexão sobre um dos principais problemas do nosso país e que vem muito a propósito nesta altura: a mata.”
”É no Verão que toda a gente se lembra da mata. Que está uma desgraça, que ninguém a limpa, que faz começar os fogos, e assim. A gente que tem matas reage de maneiras muito diferentes: quem tem mais vergonha, rapa-a totalmente e orgulha-se de mostrar aos vizinhos o terreno glabro. Outros são pela naturalidade e exibem, desafiadores, matagais imensos onde não entra homem sem pau. Há também a gente manhosa, que limpa só as extremas dos campos, até onde se avista de fora, para "não dar mau aspecto", e deixa o centro cheio de tufos.”
”A mim quer-me parecer que o problema nunca foi bem compreendido pelas autoridades: a mata pode ser perigosa ou não consoante o local onde cresce e o tipo de vegetação que envolve. Por exemplo: se for nas colinas, é óbvio que se tem de limpar a mata, porque a inclinação dificulta o trabalho dos bombeiros e, com o vento, propaga-se o fogo mais depressa. Já nas pequenas veigas e covas, onde nascem os braços dos rios, é normalmente húmido, pelo que pode ficar uma matinha aparada, desde que aromática (alecrim, rosmaninho, esteva, carqueja, etc.).”
”Por outro lado, se tiverdes mata nos mamoeiros, não tardeis e limpai-a asinha. Mas se for nas coníferas e nos carvalhos, deixai-a como preferirdes.”

Publicado por João Tunes às 12:51
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Segunda-feira, 14 de Agosto de 2006

ISABEL LAVA MAIS BRANCO

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Na sua tréplica a Esther Mucznik, no Público de hoje, Isabel do Carmo diz do Hezbollah: “não é uma organização terrorista”. E esclarece mais: “É um partido organizado, tem deputados eleitos e foi a forma daquela população se organizar”.

 

Este diploma passado ao Hezbollah tem a chancela da imensa autoridade da sua autoria. Ela, Isabel do Carmo, dirigiu muitos anos o PRP-BR (*), provavelmente “um partido organizado, sem deputados eleitos e que foi a forma da população portuguesa se organizar”. Foi sempre um partido armado, semi-clandestino, basista, inspirador de Otelo e do Copcon, recusando o jogo democrático-burguês e qualquer consenso político, que terminou na deriva das FP-25 (em que, diga-se, Isabel do Carmo e Carlos Antunes já não participaram). Nunca terão sido terroristas, apenas um “partido organizado” (haverá “partidos desorganizados”?). Ai a coerência perante o passado…

 

(*) – Sigla do “Partido Revolucionário do Proletariado – Brigadas Revolucionárias”.    

 ----------------------------

Adenda: Para conhecimento da versão integral do texto de Isabel do Carmo (não disponível on-line) ler aqui, onde pacientemente foi dado à estampa por um ilustre admirador da médica mediática.

Publicado por João Tunes às 14:24
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Sexta-feira, 11 de Agosto de 2006

OS NEGACIONISTAS DA VIA SEMÂNTICA

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Não existem modelos puros na prática política. Que mais não seja, porque esta não passa da arte do possível. E, para o ser, tem de se adaptar, moldando-se, aos status e às circunstâncias. A maior partes das vezes, não para se impurificar ou degenerar, antes para ganhar a eficácia da adaptação.

 

Se a formatação do “comunismo soviético” for tomado como um absoluto, em que cópia é tudo e imitação nada, então só tinha havido prática comunista na União Soviética.  Seguindo as exigências rigoristas dos exegetas do copismo, Cuba, Coreia do Norte, Vietname, Laos e China de hoje, Roménia, Polónia, RDA e Jugoslávia de ontem, nunca foram regimes comunistas. Porque não são ou não foram cópias exactas, quimicamente puras, do modelo soviético. E, por aquilo que defendeu e propôs, em que sempre pincelou o seu marxismo-leninismo com fortes adaptações nacionalistas, Cunhal, ele mesmo, sumo sacerdote da ortodoxia do estalinismo dos tempos modernos, seria, vá lá, um nacional-conservador-revolucionário de inspiração leninista mas não um verdadeiro e puro comunista. O que, sublinhe-se, seria insultuoso para com o ícone sagrado e eterno do PCP. Pela nossa parte, ele que descanse em paz que não lhe faremos tamanha desfeita.

 

Puristas da veracidade copista dos modelos da praxis política andam por aí a bramar que fascismo mesmo foi o italiano e mais nenhum. O nazismo terá sido outra coisa, bem pior. As variantes fascistas havidas em Espanha e em Portugal não lhe chegaram aos calcanhares, porque mais imperfeitas, mais brandas (ou mais doces?), mais católicas, mais conservadoras, mais provincianas. Não tendo preenchido todos os parágrafos dos cânones, rituais e excessos do fascismo italiano, terão sido, quando muito, formas de autoritarismo conservador-católico e não mais que isso. Fascismo, fascismo mesmo, isso é que não.

 

E no entanto, os condimentos (sobretudo as arestas) do modelo fascista, do original italiano, estiveram bem presentes e sofridos no corpo e na alma dos que viveram o fascismo português. Não faltaram as cópias que se pretenderam integrais (a Legião Portuguesa, a Mocidade Portuguesa, a Obra das Mães, a PIDE, o Campo do Tarrafal, a Censura, o Partido Único) que, depois, deram numa ou outra versão pífia tipo "tuga". E a “grande diversidade” do fascismo português face ao modelo copiado teve a ver sobretudo com a adaptação nacionalista ao mundo rural-católico que enformava então a sociedade portuguesa. Mas não lhe faltou sequer a componente expansionista e da conquista de “espaço vital” para a “raça portuguesa” (o império colonial). O que não representou qualquer desvio mas, antes, foi prova de uma talentosa capacidade adaptativa. Como foram os casos da Croácia, da Hungria, da Roménia, de Espanha, da Eslováquia, da França de Petain. Todos fascismos, todos diferentes, todos iguais.

 

A única curiosidade especial da agudeza actual dos negacionistas da natureza fascista da ditadura que nos consumiu 48 anos, tem a ver, exclusivamente, com este momento especial em que um movimento se opõe a que a memória do fascismo português se apague na História, tentando evitar que desaparecam as suas marcas para que as novas gerações saibam que houve fascismo, e longo, e brutal, em Portugal. Agora, a via dos negacionistas, objectivamente branqueando a ditadura, é a do rigorismo semântico. Sobra-lhes em lata o que lhes falta em coragem de se confessarem quanto à real intenção - poupar o fascismo português de ser julgado pela memória colectiva. Porquê e para quê?

Publicado por João Tunes às 21:10
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CHAVEZ & DIALÉCTICA segundo ALBANO NUNES

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“Há uma dialéctica. Os nossos camaradas [os comunistas da Venezuela] sentem que existe um reforço do partido pela participação nas transformações, e assumem que do próprio processo emerge a necessidade de afirmação e envolvimento dos comunistas. Quando apontam para o reforço do partido, tendo em conta a opção revolucionária que defendem, entendem que tem que existir uma vanguarda. Neste contexto, os nossos camaradas apontam uma debilidade: o envolvimento da classe operária venezuelana no processo revolucionário que, segundo eles, tem condições para crescer muito, enraizar-se com trabalhadores, com operariado que participe na consolidação e avanço da revolução, aliás como entendem também o presidente Chávez e outros membros da direcção bolivariana.”

 

(…)

 

“Para além do reforço do partido, promover a unidade da classe operária, o sindicalismo de classe e contribuir decisivamente para formas de cooperação e articulação política que possam assegurar uma força de vanguarda colectiva, sublinhe-se, colectiva e alargada, o que ainda não está cabalmente garantido.
Em matéria de forças políticas podemos dizer que o processo bolivariano assenta no partido do presidente Chávez, o Movimento V República – que é em si mesmo um grupo contendo forças diversificadas – o Partido Comunista Venezuelano, que em matéria de aparelho de Estado tem a 2.ª vice-presidência do parlamento, e outros partidos que não sendo do ponto de vista eleitoral mais pequenos que o PCV, não têm nem a história, nem a estrutura, nem a organização nem a influência dos comunistas.”

 

(…)

 

“O PCV [Partido Comunista da Venezuela] foi o primeiro, desta forma colectiva, altamente responsável, a expressar o apoio à candidatura do presidente Chávez. Existe uma grande confiança e como a oposição sente que não tem bases, está a encarar a possibilidade de boicotar as eleições de maneira a acusar o futuro governo de falta de legitimidade. Teme-se que a abstenção aumente sobretudo pela desmobilização para votar, pelo que está a ser feito um grande esforço de recenseamento.
No congresso, o vice-presidente Rangel pediu uma votação em Chávez na ordem dos 10 milhões, objectivo que todos reconhecem muito difícil de alcançar. De todo o modo subsiste a convicção de que Chávez vencerá.”

 

(…)

 

“Cuba é simultaneamente um exemplo e um incentivo para os povos latino-americanos. A situação actual da América Latina, este afluxo revolucionário, como caracterizam alguns camaradas, não seria possível sem Cuba.”

Publicado por João Tunes às 16:52
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AMIGOS TOTAIS OU TOTALITÁRIOS?

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“Com o povo de Cuba, a sua Revolução, o seu Partido, estiveram, estão e estarão solidários milhões de homens, mulheres e jovens de todos os países do mundo – aí incluídos muitos milhares de cidadãos norte-americanos. Com o povo de Cuba, a sua Revolução, o seu Partido, estiveram, estão e estarão solidários os comunistas portugueses e o seu Partido, o PCP - uma solidariedade nos bons como nos maus momentos: clara e inequívoca: total: sem margens: porque internacionalista e de classe.”

Publicado por João Tunes às 16:20
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A ANTOLOGIA CONTINUA: OUTRO “EVARISTO” …

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«A confirmarem-se as intenções das grandes potências relativamente à reocupação do Líbano; a continuar-se numa escalada de ameaças à Síria e ao Irão; a manterem-se por um lado as posições de objectivo apoio a Israel na definição unilateral de fronteiras com a consequente ocupação de territórios palestinianos e por outro a ocupação do Iraque e Afeganistão, a manterem-se todos estes factores de tensão, o alastramento e generalização de conflitos na região assume um grau de probabilidade assustador que, a acontecer, terá consequências devastadoras para os povos da região e de todo o mundo»

Publicado por João Tunes às 16:10
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A MEMÓRIA HONRADA DE GUSTAVO ARCOS

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Morreu, num hospital em Havana, Gustavo Arcos Bergnes, um símbolo da dignidade sofrida e lutadora dos cubanos que se querem livres. Tinha a mesma idade de Fidel Castro.

 

Não era “gusano”, não serviu a CIA e nunca desertou de Cuba. Combateu Baptista, foi companheiro de Fidel e Raul na tentativa de tomar o Quartel de Moncada, esteve com a Revolução até à sua deriva soviética e ditatorial, tendo sido embaixador de Cuba em vários países europeus. Quando Fidel “alinhou” e traiu os ideais do Movimento Libertador, disse não. Voltou à prisão que já conhecera nos tempos do ditador Baptista. Tornou-se no dissidente mais respeitado e presidia ao Comité Cubano Pelos Direitos Humanos.

 

O seu corpo gasto a combater duas ditaduras simétricas, ambas sangrentas e opressoras, não aguentou o tempo suficiente para ver concretizado o seu ideal de sempre: Cuba Livre. Porque morreu antes de Fidel. Fica dele a honra da sua memória.

Publicado por João Tunes às 15:34
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DE ANTOLOGIA

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"Vamos ver o que é que a Scotland Yard tem para apresentar. O "golpe" terá sido preparado pelos serviços de inteligência britânicos, mas é a Scotland Yard que está incumbida de desmantelar a "conspiração" jhiadista, e terá que apresentar as provas e os implicados. Mas a minha opinião é que, tudo isto, foi preparado para "desarmar" a opinião pública, tendo em vista o seguinte: (i) desviar as atenções da guerra do Líbano; (ii) credibilizar a guerra do Tsahal no Libano; (iii) ajudar Israel a captar a simpatia da opinião pública; (iv) fazer com que a opinião pública se vire contra os povos árabes e muçulmanos; (v) ajudar Tony Blair a sair da crise política em que se encontra, com perda de popularidade, deserções no Labour e sucessivos escândalos que envolveram o Gabinete do seu governo. Depois do 11 de Setembro, os EUA conheceram este tipo de "terror", sempre que havia necessidade de calar vozes e desviar a atenção daquilo que corria mal. Blair há muito que segue o método."

 

No Verão, sobretudo tão quente quanto este, ler demasiados livros policiais e de espionagem, dá disto. Venha, pois e rapidamente, o Outono e o Inverno.

Publicado por João Tunes às 14:55
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Quinta-feira, 10 de Agosto de 2006

SE FIDEL ASSINOU, PORQUE NÃO ASSINAR?

Não estranhei ver os nomes de José Saramago e de Boaventura de Sousa Santos entre os «400 intelectuais» que assinaram uma declaração pró-ditadura cubana apresentada como denúncia antecipada de ingerências previstas. Confesso até que esperava pior, isto é: mais nomes (e igualmente sonantes)aqui da pátria lusitana.

 

Era mais que previsível que a actual crise política cubana, que é uma crise de pré-implosão interna devido à incapacidade da ditadura sobreviver à perda natural do ditador, despertasse entre os revolucionários romântico-libertadores, os da acção, os do coração e os do pensamento, uma antecipação da nostalgia pela eminência da queda de uma referência e um mito querido mais uma re-afirmação de fidelidades acumuladas. É coerência (revolucionária) dirão estes. E claro que o é. Mas também um justo pagamento por uma dívida que os revolucionários pró-Fidel, não cubanos, têm para com os últimos 47 anos da história de Cuba – conseguiram neste período de tempo, enquanto os cubanos sofreram a opressão e a penúria, manterem-se revolucionários noutras terras, noutras comodidades e, por vezes, usando variadas e amplas liberdades negadas ao povo cubano, por conta dos juros dos rendimentos da compensação utópica e mitificada das gestas de Che, Fidel, Raul e seus companheiros. E alguns deles, os mais sinceros na fidelidade revolucionária, os menos dispostos a traficarem opções livremente tomadas, terão conseguido manter a coerência e a fidelidade, não se inquietando com as contradições entre a formulação dos seus ideais e a prática política da ditadura cubana, simplesmente porque o alimento ao mito lhes ocupou todo o tempo, em nada sobrando para se questionarem nesta pergunta simples “Gostaria eu de viver na libertação cubana?”.  Evitando ainda o previsível pesadelo para alguns entre os alguns, de saberem intimamente que a sua independência e rebeldia, que escolheram porem (mas fora da Ilha) ao serviço do apoio a Fidel, se exercida na ditadura cubana, partilhando as agruras dos cubanos e não se conformando com elas, lhes valeria, pela certa, o caminho da prisão em vez do direito a citação no “Granma”.

  

Os mitos de Fidel, de Che e da revolução cubana, desumanizados pelo reverso do desprezo pela (má) sorte dos cubanos, serviram a muitos, talvez demasiados, “revolucionários” espalhados pelo mundo a boa consciência compensadora da má consciência por não fazerem revolução em parte alguma. Assim, como podiam faltar as assinaturas de José Saramago e de Boaventura de Sousa Santos nesta hora de angústia revolucionária? Se Fidel Castro, ele próprio, para se prolongar no mando até que a lei da vida o vencesse, assinou, em seu tempo, o termo da abdicação dos ideias formulados na Sierra Maestra e na entrada em Havana pelo alinhamento incondicional com o puro e duro estalinismo soviético e que produziu, em tantos anos, alguns milhares de clones tropicais?

Publicado por João Tunes às 16:38
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AGORA OS 200…

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Força! Ganha lá isso. E 200 é só duas vezes 100.

 

Ó nigeriano, já deves ter aprendido que aqui se é patriota só com os que vencem. Para perder, estamos cá nós, os outros, os que não corremos, os que esperamos que ganhem por nós.

 

Se ganhares, teremos orgulho em que sejas dos nossos, um genuíno português, nosso compatriota. Um dia que percas, não ganhando, prepara-te para ouvir: “raio do preto que não presta, vá lá para a terra dele ou para as obras que tem bom cabedal para acartar cimento”.

Publicado por João Tunes às 15:09
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