
VJS começa por citar uma frase de Paolo Flores d'Arcais, filósofo italiano:
"Se sentir-se ofendido garante o direito de amordaçar o ofensor, então eu sinto-me ofendido todas as vezes que um papa abre a boca."Depois continua a citá-lo:
"Nestas últimas semanas", escreve d'Arcais, "ouvimos repetir um pouco por toda a parte: 'É preciso fazer um uso responsável da liberdade. Senão, como nos espantarmos que...' Por outras palavras, se tu brincas com coisas sagradas, és eticamente responsável pela resposta fanática que provocaste. Onde está a irresponsabilidade? Não está naqueles que, com tais raciocínios, alimentam e engordam o fanatismo? A chantagem é aceite de antemão, teorizada, interiorizada, recompensada." E quando se fala de respeitar as "diferenças", que "diferença" é que se está a proteger? - pergunta ainda D'Arcais. "Há muçulmanos que se sentem ofendidos, mas há também muçulmanos que desejariam usufruir da liberdade de expressão. Para qual destas 'diferenças' vai a nossa solidariedade? Para o jornalista da Jordânia que defendeu as caricaturas ou para o establishment que o despediu e encarcerou?"Está
aqui, onde se desmonta, com toda a evidência, esse felisteísmo cobardola de quem predomina perto e aceita outras predominâncias desde que lá (longe), resguardando-se de ver posta em causa a habitação senhorial e inerte do catolicismo dominante.
Haja deus, que, para já, há gente com olhos. E conto estes dois: dArcais e VJS. E outros mais, felizmente, também com coragem. Muitos mais, se contarmos os que, pelo menos, não se embrulham nesse arco conformista arrebitado que enrola Freitas até um punhado de radicais catolicistas (tementes do - homólogo - radicalismo islâmico), passando pelo tapete feito de peluches dos que se guiam pela máxima de é ps, é bom ou está quieto, senão eles disparam, mais dos que descortinam na efervescência fanática vinda das bombas e da cegueira, massas populares a caminho da revolução ou, no mínimo, contra o imperialismo.