Quinta-feira, 30 de Junho de 2005
![2005062501_225[1].jpg](http://agualisa3.blogs.sapo.pt/arquivo/2005062501_225[1].jpg)
É só para dizer à
Helena que também eu não me esqueci da conversa prometida (da conversa e dos comes e bebes lá para o Outono). E que, logo que ela cumpra o que prometeu, receberá uma colecção de t-shirts vindas directamente da
Festa do Unsere Zeit recentemente realizada em Dortmund e onde a classe operária portuguesa esteve
devidamente representada.

Quem? Um meu homónimo. Leiam só as seguintes pérolas como exemplos:
esta mais
esta.

Versão bilingue das estâncias 8 e 9 do Canto V de Os Lusíadas que o cónego A. da Costa Gomes traduziu para o crioulo de Santo Antão, em Maio de 1898:
Depôs que nô passa quês lá de Canára
Qotrora ês tá dá nome de Furtnáde,
Nô ntrá tá navegá lá pa quês aga
Daquês la de Cabe-Vérd tam sabe,
Quês têrra onde mute maravia nove
Nosse navi de guêrra jandá toiá:
Lá nô ribá cum vintim favoróve
Pa nô tmésse na quês têrra mantmete.
Nôs antrá na pôrte dum da quês [ilha]
Que tmá nóme daquêll guerrente Sam Thiágue,
Sânte q ajdá mute naçom spanhól
Fazê naquês gente môr mute strágue.
Dêi, qande soprá um ventin de Nôrte,
Nô torná tma nosscamim socégáde
Na mêi daquêll már, e assim nô bá dxánde
Quêll terra, onde nô ocha refrésque sabe.
Passadas tendo já as Canárias ilhas,
Que tiveram por nome Fortunadas,
Entrámos, navegando, pelas filhas
Do velho Hespério, Hespéridas chamadas;
Terras por onde novas maravilhas
Andaram vendo já nossas armadas.
Ali tomámos porto com bom vento,
Por tomarmos da terra mantimento.
Àquela ilha apartámos que tomou
O nome do guerreiro Santiago,
Santo que os Espanhóis tanto ajudou
A fazerem nos Mouros bravo estrago.
Daqui, tanto que Bóreas nos ventou,
Tornámos a cortar o imenso lago
Do salgado Oceano, e assim deixámos
A terra onde o refresco doce achámos.
(Copiado daqui)
O melhor e mais importante contributo que os trabalhadores e o povo português podem dar, neste momento, para abrir novas perspectivas para uma outra Europa de cooperação entre Estados iguais por isso, soberanos , de progresso, de paz e solidariedade é a sua cada vez maior mobilização para a participação na luta contra a política de direita (mais uma vez) realizada pelo PS e pelo seu Governo, derrotando-a e reforçando as forças que, interpretando os anseios dos trabalhadores portugueses, têm uma prática e um projecto políticos que efectivamente dão resposta aos problemas do País, assegurando o seu real desenvolvimento e progresso, o PCP e a CDU.Disse:
Pedro Guerreiro

Fiquei sem um dos meus blogues preferidos, daqueles que me faziam boa companhia e com quem muito aprendi. Fica a estima porque essa não se vai com a mesma facilidade com que se apaga a luz do bloganço.
Até à próxima,
Walter Rodrigues. Tenho um dedo a segredar-me que, um dia destes, vai
renascer por aí.
Adenda: Eu não dizia? Pelo visto e lido, a desistência durou o tempo de arder um fósforo. Eles prometeu voltar "com outra linha editorial". Estaremos atentos. Para já, regressou o link.
Quarta-feira, 29 de Junho de 2005

Anda três quartos deste mundo a cascar no Carrilho. Por isto e mais aquilo, Manuel Maria está a ser um bombo de festa. Provavelmente, assim o espero, porque se admite que ele vai ganhar e hoje está na moda cultivar a distância para com os putativos vencedores (este país virou-se para o culto pelos funerais dos vencidos na política e daí não arreda pé).
Mesmo o comedido e sereno
Lutz invoca razões de
ordem estética (que ele nos comentários explicou que lhe advêm do espalhafato do candidato) para exprimir a sua repugnância pela campanha do Manuel Maria (*).
Com o
Lutz não me meto e muito menos com ele volto a polemizar desde que ele revelou que mede de altura mais meio metro que eu (ou seja, ao pé dele, sou um insignificante anão). E não há nada como a devida consideração pelas proporções. Quando muito, apelo-lhe. Que vai ser o caso: estimado
Lutz nem o facto de a Maria de Belém ser a candidata à presidência da Assembleia Municipal na lista de Carrilho o reconcilia com a
estética do PS à CML? Se nem isso o comove nem o concilia, desculpe que lhe pergunte, do que estava à espera e quais os seus designíos? Mas tenha calma na resposta e, por favor, não abuse da altura
(*)
Fica por saber qual a reacção estética do Lutz ao anafado Ruben com o ar permanente de quem está sempre a acabar de almoçar, à cara lavrada do Carmona a condizer com o santanismo vira-casaca, ao ar enfastiado de bolacha-de-água-e-sal da Srª Nogueira Pinto e as ameaças de um futuro vegetariano para a humanidade que se traduzem na figurinha de vírgula da Ana Drago!

Eu sei que arrisco cometer um exagero mas não me furto ao risco: faleceu o português mais valente, em toda a nossa história, na luta pela liberdade.
Emídio Guerreiro esteve, enquanto viveu a sua vida longa de cento e cinco anos, em praticamente todas as batalhas para que Portugal fosse um país livre e a Europa liberta das pestes totalitárias. Por isso, é ele, não outros, a grande figura do Século XX português. Metam-lhe quem quiserem ao lado, os resultados serão sempre imitações.
Bateu-se contra o fascismo português, esteve em Espanha a lutar contra o nacional-catolicismo franquista, em França fez a resistência à ocupação nazi, foi comunista até perceber que a causa pela liberdade não podia servir para a matar, continuou sempre a lutar pela ideia de um Portugal livre, liderou o PPD para que Vasco Gonçalves enlouquecesse sozinho sem arrastar o País para o manicómio da Utopia e só descansou no seu direito a uma velhice tranquila quando percebeu que a liberdade em Portugal era um bem consagrado.
Olhando para trás, para a História, para a nossa História, medindo Emídio Guerreiro face aos nossos outros heróis, só encontro aproximações. E uma ou outra imitação.
Hoje, é a História de Portugal que tem o direito a usar tarja negra.
«Não haverá uma efectiva mudança à caótica situação em que se encontra o sector energético sem uma paragem imediata de todos os processos de privatização das empresas, sem o reassumir pelo Estado, em plenitude, do papel de produtor e autoridade nas diversas esferas de actividade do sector e sem uma reorganização empresarial das diversas fileiras energéticas».Disse:
Jerónimo de Sousa
![capt.sge.hjw06.280605213509.photo00.photo.default-253x380[1].jpg](http://agualisa3.blogs.sapo.pt/arquivo/capt.sge.hjw06.280605213509.photo00.photo.default-253x380[1].jpg)
Estas senhoras são manifestantes que, em Washington e frente à Embaixada de Espanha, dizem não às corridas de touros. Muito bem, há quem goste e quem não goste da
fiesta. O que as senhoras não dizem, e disso ficamos sem o saber, é do que gostam assim como não explicam porque se vestem assim.
![Fragapintoresco030903[1].jpg](http://agualisa3.blogs.sapo.pt/arquivo/Fragapintoresco030903[1].jpg)
Que dizer a Don Manuel, agora que se vai, no ponto mais baixo da sua carreira política (foi ministro de Franco desde 1951)? Sim, que dizer na despedida de um político, que acusava as sondagens que prediziam a sua derrota de tão pouco credíveis como a fidelidade conjugal das mulheres e que assim comentou uma crítica de um opositor (o líder dos nacionalistas galegos):
Que se vá ao carajo?
Terça-feira, 28 de Junho de 2005
![Fantasia[1].jpg](http://agualisa3.blogs.sapo.pt/arquivo/Fantasia[1].jpg)
I) Aquilo que considero evidências:
- O governo denota incapacidade de gerir politicamente as medidas que tomou e continua a tomar, bem como as reactividades a elas. E esta incapacidade política (em que não são de somenos as falhas de liderança e de comunicação) é politicamente tão relevante que transforma em irrelevantes as boas razões para as medidas que está a tomar. Essencialmente porque, da resultante, não sai uma dinâmica social e política de suporte a um projecto, não percebido e se é que existe, de ultrapassagem da crise.
- Com a direita nas encolhas, as castanhas estão a ser assadas e vendidas, todas, pela esquerda revolucionária. Numa escalada desbragada e que vai direitinha ao benefício da cadeira de rodas da direita em estado paraplégico mas em espera fisioterapeuta da chegada providencial de São Aníbal. Mas o tapete está-lhes estendido e o vento corre de feição. E eles, sabe-se, não querem
solução mas sim
revolução.
II) O que o PS necessita:
- Espírito crítico para pressionar uma mudança
imediata de rumo.
- Uma política que não se resuma a cascar em direitos privilegiados adquiridos (justificando-se, serão sempre medidas de correcção e não medidas de solução) mas em soluções e em motivações que levem ao desenvolvimento e à competitividade, mobilizando camadas sociais apostadas no progresso. Só nesse campo os revolucionários perderão terreno.
III) Como ajudar:
- Nunca, em caso algum, praticar a fidelidade seguidista, empurrando o cego para o barranco (lembre-se Alves Redol).
- Não
deitar fora o bebé com a água do banho, gerando e alimentando preconceitos (anti-sindicais e outros) como me pareceu o caso evidente deste
post do meu caro amigo João Abel Freitas e outros mais que contabilizam, com regozijo mais ou menos disfarçado, as derrotas sindicais do conluio CGTP/PCP-BE. É que, meus caros, lá para a frente, e com a direita em cima do lombo, iremos perguntar mas onde é que os Sindicatos se meteram?.
(*) Por quem votou PS, fez força pela "maioria absoluta" e disso não está arrependido. Porque, os factos demonstram que a chantagem da "esquerda revolucionária", em maioria relativa, trazia empates mas não soluções. Embora com consciência da evidência que "maioria absoluta", só por si, tanto pode dar cura como placebo.

A ensinar os refugiados a marcharem? Desde que isso dê direito a comida, não acho mal.
Adenda: Subscrevo o slogan que o
Raimundo Narciso, nos "comentários", propôs para a imagem: "Vejam como os alimentos que faltam no Sul são comidos em excesso no Norte!"

Talvez seja tempo de a areia sair do entulho da memória da resistência (nomeadamente da sua componente mais eficaz, determinada e sacrificada o PCP), mostrando o branco, o negro e o cinzento dos homens e mulheres que - carnes, nervos, inteligências e almas construíram o não ao fascismo. Em grandezas, no assim-assim e até em algumas misérias, mor das vezes em altos e baixos. Como é próprio de qualquer projecto humano, sobretudo se o dizer não exige tudo de cada um que se submeta como pessoa ao projecto de sacudir a opressão nefanda. Para que, pelo menos, conheçamos as
pessoas que permaneceram na luta e para quem temos a dívida da liberdade de hoje (independentemente de se saber se era
esta a liberdade por que lutaram). Também para que este povo tenha direito à sua memória.
Há um absurdo monstruoso na vida e na militância dos membros do PCP. Dão-se a um Partido, lutam pelas suas causas, levantam o punho e bandeiras rubras, orgulham-se do passado de luta e do objectivo do seu ideal, cantam as suas canções, manifestam-se, fazem greves, votam e angariam votos, cumprem tarefas, são disciplinados e organizados, comovem-se com os seus dramas e alegrias, tratam-se por tu em sinal de camaradagem, olham para onde acham que devem olhar, seguem em frente, resistem, acham que vêm do Bem e que procuram o Melhor, sem O Partido sentir-se-iam órfãos,
mas não conhecem a história do seu Partido e, assim, são militantes sem direito a passado e a memória. Eles e os outros, porque a memória é uma questão de cidadania e, assim, respeita a toda a sociedade.
Não faz sentido algum que o Partido que se arroga como tendo o património de glória de transportar consigo o melhor da humanidade e da tradição de afirmação da dignidade do povo português, continue a ocultar a sua história. Pior, filtrando-a para debitar este ou aquele episódio, maltratando a memória com os tratos da propaganda. A explicação para este fenómeno insólito só pode encontrar-se na decisão mantida de servir mitos, lendas e mentiras, como xarope para a fé, servir-nos os heróis, os santos e os mártires (verdadeiros ou construídos) e deixar os vilões, as vilanias, os injustiçados e a injustiça, na sombra mais profunda. Para anular qualquer risco de um demónio sair santo ou vice-versa? Como se alguém lúcido pudesse acreditar que um passado que exigia o limite de cada um, numa organização clandestina e acossada, só revelasse o bem humano, isento de luta pelo poder, sacanice, desenrascanço, traição, vacilação e compromisso. Mas, quem sabe, talvez um dia o PCP resolva apresentar-se como partido de humanos. Até lá, a vontade de ter memória também mostra a sua energia. Tanto mais que os que foram grandes Partidos Comunistas europeus já abriram os seus arquivos aos historiadores (casos do PCF e do PCI) como vai acontecendo com os arquivos do PCUS. E se, por cá, os que mais sabem nada contam, ou contam como convém contar, vai valendo (com os riscos inevitáveis da falta de rigor e da fantasia) aqueles que se dispõem a narrar um naco aqui e outro acolá.
Francisco Paula de Oliveira (Pável) foi Secretário-Geral do PCP e caluniado internamente e junto do Komintern. Hoje, está mais que provado que Pável foi vítima de uma nefanda calúnia (a propósito da sua evasão do Aljube) que funcionou como sua morte política enquanto comunista e de que se aproveitou (aproveitando as circunstâncias ou fazendo por elas) uma alternativa de liderança. Pável refez a sua vida no México e morreu amargurado porque sempre houve escusa (ou recusa) de fazer justiça (a ele e à história do PCP). Mas a honra de um homem não morre com o seu corpo. A dívida para com Pável continua a pesar na construída e alimentada amnésia histórica. Até um dia.
Entretanto, aqui fica, sobre Pável, a transcrição de um depoimento de
Edmundo Pedro encontrado no
excelente blogue do João Pedro George:
Foi operário comigo nas oficinas do Arsenal de Marinha, que era uma oficina de elite. Todos os operários eram obrigados a frequentar a Escola Industrial. Em nenhum outro estabelecimento fabril era assim. Havia todo um conjunto de pessoas de grande craveira intelectual. Lembro-me do Alfredo Pasteleiro, conheci-o quando era aprendiz numa oficina metalúrgica situada na rua do Salitre. Foi ele quem me deu a ler os primeiros manifestos comunistas. O Francisco Paula de Oliveira, que foi Secretário-Geral do PCP e Secretário-Geral da Juventude Comunista, tomou o pseudónimo de Pável, o nome de uma personagem de um romance do Máximo Gorki, A Mãe. Era conhecido pelos amigos como o Viagens à Lua. Era a alcunha que lhe davam no Arsenal, porque era um tipo que se interessava por ficção científica, viagens à lua, etc. Esteve preso no Aljube mas fugiu. Foi para Paris e fugiu depois para o México, onde se radicou com o passaporte de um combatente da Guerra Civil que tinha morrido, António Rodriguez. Tornou-se escritor e um grande crítico de arte. Foi uma grande figura da cultura mexicana. O México fez-lhe uma homenagem nacional pela contribuição que ele deu à cultura mexicana. Não é qualquer um. É um caso que dava um romance fabuloso. Depois do 25 de Abril, o Mário Soares convidou-o a vir cá. Tenho fotografias dessa visita.
O PP e Fraga não conseguiram, pela primeira vez, a maioria absoluta nas eleições autonómicas da Galiza. A mudança chega agora a terras onde foi parido Franco. Já não era sem tempo.
Segunda-feira, 27 de Junho de 2005

Para ver aquilo que ainda não viu a incapacidade de comunicação do governo, a inépcia na transmissão de qualquer confiança que sustente a retoma, a arrogância no lugar do conteúdo, a gaffe inadmissível do Ministro das Finanças sobre o orçamento rectificativo, a
, a
, a
, a.
De desastre em desastre, levam-nos a Cavaco. E nós que nos amolemos.