Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2005
114 anos são passados sobre a revolução (melhor dito: tentativa revolucionária) que foi a primeira grande efervescência de um ciclo de desgosto em que a degradação monárquica se tornou insuportável.
Foi no Porto esse género de golpe das Caldas republicano que (ao contrário do outro, o das Caldas propriamente dito) demorou quase vinte anos para se tornar numa mudança de regime em que o que estava mais podre foi para o lixo. Passamos, desde aí, a viver em república. E, pelo meio, ainda foi necessário que
Buiça desse a sua ajuda e à sua maneira, directa e pragmática, de limpar o lixo de mando que estava a mais. O que não resolveu todos os problemas, longe disso. Talvez, nem sequer, os mais prementes. Mas dispensou-nos dos salamaleques perante a desatinada forma marcada pela cor do sangue. A partir de 1910, perdeu-se a desculpa sobre a culpa das tonterias, os portugueses ficaram plebeiamente entregues a si próprios, desatinaram mais que acertaram no uso da cidadania republicana, porque de jacobinos pouco além passámos, depois cansaram-se dela, deixaram que os da Autoridade (da Finança, da Farda e da Sotaina) a usassem como valor absoluto, perdendo, de novo, a cidadania durante quarenta e oito anos. Porque veio um professor da reacção coimbrã, ensinar que, para endireitar as finanças, havia que meter a liberdade cidadã no
prego. Depois, tivemos a recuperação breve de festa com cravos até andarmos nesta nova entrega de cidadania delegada em tonterias santanetes de governação. Mas perdemos, definitivamente, a desculpa de termos um rei tonto como bode expiatório. E cá nos vamos entendendo. Mais ou menos, mais ou menos. E, felizmente, Buiça foi Único (e Otelo que o quis imitar, não passou de uma miserável imitação, longe, muito longe, da dignidade redentista, patológica mas redentista, do original).
Visto a esta distância, o 31 de Janeiro de 1891 pouco mais parece que um grito de vontade de resgate em dizer basta no orgulho ferido pela sede de domínio de outros mais coloniais que a nossa pequenez nos consentia. Mas, como grito de revolta de orgulho nacional perdido, vale muito. Porque muito pouco é o nosso património de vaidade. Na maior parte da sua história, Portugal tem a vergonha de andar atrás dos passos e devaneios de Senhoritos da Esperança, transferindo-se, na esperança, para eternos Sebastiões - os Professores que sabem, podem e mandam; o Spínola do monóculo e pingalim; o Vasco das muralhas inox; o Álvaro dos amanhãs reservados a camaradas firmes; o Otelo da utopia feita bomba a redimir o seu passado legionário; o Soares bonacheirão que meteu o socialismo na gaveta que equilibra com o seu bloquismo octogenário; o Eanes com a ambição de ser um Perón com patilhas a cavalgar pelas lezírias; o Louçã da superioridade moral padreca dos donos dos sorrisos de meninas. E uma convicção me atravessa, neste momento breve de lembrar o 31 de Janeiro aquilo foi coisa de valentes, uma força vinda de baixo. Foi obra sobretudo de sargentos, mais popular pois que quando a dignidade chegou à cabeça dos nossos capitães redentores, muitos anos passados. E foi no Porto. E quando o Porto desce ao seu povo, deixando de lado os santinhos que os amarram ao arroto provinciano servido com os ademanes burgueses dos meninos e meninas da Foz, vem ao de cima o que de melhor temos. Cuidem-se os poderosos quando o Porto acorda no que tem de melhor e se esquece dos Caudilhos que o apequenam na miragem da grandeza da divisão e da diferença. Para o bem e para o mal, uma revolução portuense é sempre uma revolução. Mesmo quando é um prefácio de libertação, como foi o 31 de Janeiro.
Confiei que a efeméride de hoje, levasse os meus amigos e companheiros portuenses a celebrarem, pelo menos em catarse, uma das suas heranças nobres que a todos nos redimem, na memória, de más horas vindas de Braga (de onde tanto é capaz de partir o militarão do Gomes da Costa, um Arcebispo a dar guarida a bombistas, uma Universidade cheia de dinâmica, até ao pacato civilista Professor Jesualdo, armado em São Jorge a espetar uma lança no Dragão). Estou cá para ver. Tomarei atenção aos blogues de portuenses que se lembrem de comemorar, com convicção, a data que merece ser um dos maiores orgulhos de uma cidade de tão valente e decidida gente, mas que peca, sobretudo, pelos erros da distracção e da derivação.
Domingo, 30 de Janeiro de 2005
Não sou de leituras exaustivas aos jornais. Folheio, prendo-me aqui e acolá, dobro-o quando os sentidos me indicam satisfação do cheiro e do tacto com o papel. E deixo segunda e terceira volta para mais tarde. Que, na maior parte das vezes, não chega a acontecer. Porque se perdeu a atracção pela frescura do jornal para descobrir. Assim, por estas e por outras, é que nunca passarei de bacharel de leituras.
A notícia que mais me surpreendeu esta semana é que a partir de muito em breve, o Norte se liga ao Sul, e vice-versa, sem se passar por Lisboa. Porque vai ser inaugurado um novo troço de auto-estrada que torna possível correr o País e dispensar a sua capital. O que, no meu caso, me afasta do circuito dos meus patrícios que ligam o País de uma ponta à outra. Agora, para quem desce, desvia-se em Santarém, ruma a Almeirim, ladeia e ultrapassa o centro do império, na Marateca toma o caminho ao reino dos Algarves. Uns euros mais em portagens mas muitos quilómetros poupados. Feitas as contas, claro que compensa. Sobretudo para quem tem pressa. E neste abreviar e desviar, as culpas passam a pertencer a Almeirim, afinal a chave para este evitar Lisboa. Nome pois a fixar, pois se amanhã desviarem a capital de onde está, plantando-a numa área de serviço da auto-estrada, a culpa tem nome para se sentar no banco dos réus. Almeirim, esse mesmo nome. Agora a não esquecer.
Arrumados os quilos de papel de fim-de-semana, já ensacados e prontos a seguirem destino fatal, o net-rato de pesquisa de partilhas de olhares, leva-me até
aqui. E é então que eu percebo, a tramóia do tal novo percurso da auto-estrada norte-sul-norte a evitar a capital. Pois, está-se mesmo a ver. Isto foi manigância conspirativa do
Carlos Gil a querer que os patrícios não se distraiam com a grandeza pobretana dos alfacinhas, levando-lhe para a mesa da conversa, tudo o que temos para dar em sonhos imaginados. Sendo assim, concordo. Levem a capital para Almeirim, levem. Antes abancar à mesa de um patrício de sonhos largos e bem conversados que um Terreiro do Paço cheio de incompetentes inchados. Mais dia, menos dia, isto tinha de acontecer. Em vez da barriga vazia com o défice do Orçamento, este País havia de engordar com comezaina de
sopa de pedra. Não há fome que não dê em fartura, é o que é.
Sábado, 29 de Janeiro de 2005
Quem ainda supunha que Jerónimo fosse amostra de novidade relativamente à
velha guarda, desengane-se. Ou seja, leia a entrevista com ele no
Expresso de hoje. Lá está a versão, autodidacta e pobrezinha, de reduzir o marxismo-leninismo à constatação de que
a luta de classes não desapareceu (de Marx, Engels e Lenine, ele só deve ter lido
as gordas
). E partilha (ah pois não!) o sentimento de orfandade trágica com Domingos Abrantes sobre o desaparecimento da União Soviética.
Estimado
Manuel Correia,
Estás virado para dar-me troco e eu não resisto em espicaçar a tua notável e ágil argumentação (que, em muito, prefigura o tipo de discurso crítico e interrogativo que a esquerda devia fazer entre si, sobretudo para furar bloqueios e ladear as azinhagas das zangas). Interpreta as minhas alfinetadas neste sentido substituir a amostragem de cartões, vício de árbitro que nenhum de nós o é, pelo estímulo em pensar melhor e que, no caso serve para ti e para mim, oxalá sirva para mais alguém.
Acabado o intróito, a polémica deve continuar. Recomece então.
Percebi os teus argumentos e partilho as preocupações que estão metidas na bainha. Mas creio que não foste equilibrado no peso do bombordo com o estibordo (mesmo parecendo que fizeste alguma marcha à ré neste segundo post relativamente ao primeiro). E julgo que alguns preconceitos perduram.
Há alguma fantasmagoria instalada por aí relativamente à maldição das posições consideradas de
direita. A que acresce a diabolização fácil de se espetar o raio do rótulo com uma facilidade demasiado fácil. E foi, por isso, que o PS, por parte da
esquerda não socialista, levou e leva na cabeça com este paradoxo quando fora do governo, mais na leitura imediata dos resultados, contabiliza-se o PS entre as
forças de esquerda, mas quando governa, o PS passa ao supremo anátema de
partido de esquerda com uma política de direita. E julgo que é exactamente este gosto intra-mórbido com o
paradoxo PS que inferioriza a esquerda relativamente à direita (os interesses ajudam, oh se ajudam) Sá Carneiro, Cavaco Silva, Durão Barroso e Santana Lopes governaram com maiorias sólidas e o PS nunca teve tal oportunidade. E, neste quadro, não restam dúvidas que a
esquerda não socialista prefere ser oposição à direita no poder e tem um medo diabólico de ver o PS com capacidade para governar. Porquê? Arrisco a dizer que isso se deve às
escapatórias ideológicas, ou seja, à crença na carta na manga da manipulação entre jogo político e jogo social. Porque a verdade é que a esquerda
não socialista não aposta todo o seu património no
cavalo político da democracia institucional e representativa (governo, parlamento, etc), quando a
crença na revolução ( a verdadeira redenção dos trabalhadores, para uns, a dos radicais urbanos e moralistas, para outros) é o verdadeiro palco da mudança (nas manifs, nas performances, nos media). Assim, para o PCP e o BE, a intervenção institucional é pouco mais que uma montra, uma intervenção que (nem pensar!) não substitui a
intervenção principal no campo da luta de classes ou da radicalidade das roturas culturais necessárias ou hedonistas. E é este jogo dúplice que, a meu ver, explica a forma fácil e demagógica como, por um lado, se estigmatiza, e se exagera, com a
marca de direita e, por outra banda, se manipula o
paradoxo PS e de uma maneira que chega até ao juízo implícito de imbecilizar os seus eleitores (como se estes fossem tontos de esquerda que querem ser governados à direita).
Voltando ao Freitas, afinal o leit-motiv da nossa conversa. Não tenho dados para confirmar ou desmentir o retrato pérfido que traças do homem. Portanto, não sigo o teu caminho de prevenção quanto aos planos que ele terá no bolso quando, agora, aposta no PS. Como não ponho, por ele, as mãos no fogo. Mas julgo que é banal concordar-se com ele quando considera que
esta direita (a santanista-portista) trouxe para a política a máxima incompetência e que o País não suporta mais este declive de degradação. O que venha a mais, podendo já estar na calha, dependerá
da esquerda e da direita. Muito menos concordo contigo com o engrandecimento que fazes do
homem, num valor próximo do simbólico. E permite que te diga, critério meu, a
adesão de Freitas é muito curta, em termos de dimensão e significado político, que outras
adesões de outras bandas (a forma como Manuel Alegre está a participar na campanha, não diz nada?). Só a dupla coimbrã Vital Moreira & Gomes Canotilho não chegam e sobram para o contrabalançar? E sossegarem a inquietação da proximidade, no voto, do
Seitas do Mal?
Uma última discordância. Por sinal, a mais grave de todas as que julgo nos
dividem. Disseste que aceitas que se mude de quase tudo, de partido, de fé, sei lá do que mais e até de Clube. Mudar de Clube? Exagero teu, indignação minha. A mim, ninguém me tira, haja maus ventos ou más marés, o emblema do
Barreirense cá do sítio onde ele foi plantado.
Grande abraço.
Adenda:O
Manuel Correia colocou comentário de resposta que julgo ser de puxá-lo para aqui para que o contraditório fique com a mesma visibilidade que a "provocação". E limito-me a transcrever por julgar que as posições (ou apreensões) estão suficientemente claras:
Prezado João Tunes, Começo pelo parte final do teu post: mudar de clube, - nunca! Os remorsos seriam insuportáveis e as nossas tribos respectivas não compreenderiam. Há coisas na vida que não se inserem na ordem do entendimento. Nisso estamos de acordo. Quanto ao resto, nem tanto. As maiorias, preparam-se, negoceiam-se, constroem-se, merecem-se; ganham-se e perdem-se. Já conheces a minha opinião acerca disso. Quanto àquilo a que chamas «escapatórias ideológicas», estou de acordo. Há muito disso, quer no PCP quer no BE. São dados da questão das alianças na política portuguesa. Há que enfrentá-los. Não me parece que, alguma vez, os partidos políticos tenham investido exclusivamente no plano institucional, nem que lhes reste, nos nossos dias, mais do que as instituições para eficazmente exercerem ou condicionarem o poder. As minhas inquietações são comuns a outras que vão surgindo entre socialistas (o 2º artigo do André Freire, hoje, no PÚBLICO, ou as tímidas recomendações do Gomes Canotilho, são dois, entre muitos, exemplos disso). Quanto à eficácia que os homens vindos da esquerda têm no PS, - ai deus i u é - recordo-te a triste saga de José Barros Moura, após se demitir da presidência da Assembleia Municipal de Felgueiras; Vital Moreira a abandonar a Comissão de Revisão Constitucional, justamente indignado, para além de não se ter ficado a perceber muito bem porque não foi ele o cabeça de lista por Coimbra; e o meu camarada de Blogue, Raimundo Narciso. Imaginas a influência que eles têm no PS? Eu acho que é muito pouca. É claro que Zita Seabra também não tem muita influência no PPD-PSD, nem Celeste Cardona no CDS-PP, mas, pronto, sempre me pareceu que é mais difícil a direita entusiasmar-se com os trânsfugas da esquerda... Quanto ao Freitas do Amaral, acho que já disse tudo o que pensava. O acolhimento caloroso dos democratas cristãos no PS é compreensível. Todavia, quem o compreender será convidado a compreender também aquilo que há a descontar no capítulo das «escapadelas ideológicas». O BE ficou radiante; o PCP finge que se trata de mais uma das suas profecias; e o CDS-PP vai promover o seu produto «direita à séria» contra « tutti fruti». Achas mesmo que o Freitas do Amaral se vai contentar com um modesto lugar numa qualquer secção do PS? Um abraço.
Leio isto:
Há apoios que não honram, não dignificam, nem estimulam. Podem parecer muito vantajosos de imediato, mas pensando melhor, tiram votos, perturbam identidades e inibem entusiasmos.Foi
aqui, saído do teclado do estimadíssimo
Manuel Correia. E, sinceramente, não consigo entender.
No caso,
Manuel Correia falava da declaração de voto de Freitas do Amaral no PS e a reacção entusiasta de Sócrates. Mas prefiro pensar na frase, num sentido mais lato. Ou seja, o princípio de julgamento da atitude (mudança de voto) e dos seus efeitos. E, por aí fora, ligo esta frase ao linguajar do senso comum que se ouve por aí sobre a adoração do valor da
coerência para os que
nunca mudam, nascendo e morrendo com as mesmas crenças e pertenças.
Uma
coerência que assenta no mesmo engajamento não necessita de duas afinidades - do indivíduo para com o grupo e a do grupo para com o indivíduo? E se ela (a afinidade) se quebra, não é lógico que resulte uma de duas coisas ou o indivíduo dá de frosques e salta do grupo, ou o grupo expele o dissonante (e, em muitos casos, as dinâmicas até se sobrepõem)? Qualquer destas
definições/resoluções não são actos de
coerência? Em caso de disfunção entre o indivíduo e o grupo (ou mesmo com a convicção),
coerente não é o que muda ou mandar embora porque se está a mais? Chamar
coerência à inércia de
não mudar, porque ali se plantaram raízes, não é prémio à preguiça, ao comodismo ou mesmo à cobardia política?
Pela minha parte, não julgo as mudanças dos que vêm ter à minha beira política. Apenas porque não posso exigir o mesmo percurso que o meu a quem quer que seja. Como não tenho que pedir licença pelos sítios políticos onde vou poisando. Uma consonância política é um
momento, um ponto de encontro de vontades e de opiniões. Nunca um casamento com ameaça de trauma de eventual divórcio. Pensar assim, parece-me uma visão
matrimonial da política e do voto. Numa exigência de comunhão que só pode ser uma limitação à liberdade de consciência de cada um.
Se se fosse medir
todas as companhias numa qualquer opção, não havia lugar para nos sentarmos, mesmo que a companhia se resuma ao breve instante do exercício do voto. Não há partido em que não haja, pelo menos, um indivíduo a quem não gostaríamos sequer de dar os bons dias. E nem o voto branco, voto nulo ou abstenção nos salvariam. Até nestas opções, há gente pouco recomendável.
Caro
Manuel Correia, em que é que é menos honroso, menos dignificante e menos estimulante a trajectória de Freitas do Amaral relativamente à de Vital Moreira ou de outros que, por exemplo, andaram pelo maoísmo, para chegarem ao voto no PS e apelarem a ele? (Lembro que Zita Seabra também se encontrou, no PSD, com antigos adversários) E não é naturalíssimo que qualquer partido se entusiasme por verificar que tem poder de atracção abrangente com poder de captação de vária gente que caminha desde a outra esquerda mais uns tantos que vêm da direita? Se um estalinista aprende o suficiente para sacudir a sarna (por coerência, nunca a deveria sacudir?), ou um direitista se desilude com a prática da direita no poder (devia morrer facho?), por caminhos distintos de
coerência, eles não se podem encontrar num
ponto de encontro, sem a aversão recíproca ao
pecado original do outro?
E, no entanto, natural parece-me que os grupos de abandono se queixem por gáudio de exemplo para se justificarem, para dentro de casa, sobre o fenómeno das folhas secas. Para limitarem os estragos do efeito do exemplo. Estão no seu papel. E Paulo Portas, fez o seu ao dizer o que disse de Freitas do Amaral (em tempos que já lá vão, eu e a minha malta chamávamos-lhe o Seitas do Mal). Como Jerónimo chamou depósito de adidos ao Bloco por este albergar renovadores. Agora esperar que, quem recebe, não dê as boas vindas aos trânsfugas que lhe batem à porta, é exigência que está, pelo menos, bem acima mas fora da política.
Outra questão, ainda, tem a ver com os locais de encontro dos trânsfugas. Uns mais marcados que outros. Gostava de assistir, se tal fosse possível, ao comício de boas-vindas que o PCP não faria se o Manuel Alegre, ou o Manuel Carrilho, ou o Raimundo Narciso, ou o Mário Lino, ou o Pina Moura, por absurdo, lhes dessem na bolha rasgarem os cartões do PS e pedissem fichas de inscrição (alguns, de reinscrição) na Soeiro Pereira Gomes. Ou um sindicalista dos TSD. A segurança ia-lhes impedir a entrada? O problema, aqui, não será que há partidos que apresentam portas de entrada e de saída e outros que só têm uma - a que vai direita à rua? É esta a
medida da coerência: andar na política como numa rua de sentido único e, quando se calha numa rotunda, andar ás voltas e ás voltas e sem de lá se sair?
Aqui ficam umas tantas questões penduradas na espera do contraditório. Se tanto merecer.
Nota amiga: Oh Manuel Correia, tens mil boas razões para não votares PS (até já falámos em várias delas), mas conto que escolhas uma melhor que a repugnância pela companhia do voto do Freitas. Aquele abraço.
Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2005
Votas PS e não concordas com a minha engenharia no Fundo de Pensões da CGD? Rua!
(mais coisa, menos coisa, a lógica de Bagão Félix aplicada a Freitas do Amaral)
Eu aposto no choque tecnológico.
Diz-me, pinguim meu, em quem votas tu?
Não sei se vote se me abstenha...
Deixa lá ver primeiro o que dizem as sondagens...
Ah se eu já tivesse idade, gostava de votar por correspondência. Seria como escrever ao Pai Natal.
Finalmente, na SIC, a série Até amanhã, camaradas. Dizem que a obra está mais que asseada. Se assim for, um documento imprescindível para conhecer a outra face da vida no fascismo. Claro que lá não poderão faltar os estereótipos da vida então vista do
outro lado. Que talvez não sejam assim tantos que cheguem para contrabalançar os outros preconceitos do lado oposto e que vão branqueando o preço pago para termos esta liberdade. Liberdade, de cuja ausência total, só podendo gerar contrapontos, não nos é tão velha assim. O nosso passado numa memória. E nada como viver com a memória inteira. Sobretudo à atenção dos que, felizmente,
nasceram (ou tomaram consciência de si) em democracia.
Uma sondagem com boas novas é uma boa sondagem.
Uma sondagem com maus resultados é uma fraude.
Uma sondagem com números péssimos é uma mega-fraude.
Um velho e grande desporto, que é também um dos mais emocionantes espectáculos competitivos.
A recordar, com dedicatória especial ao "nosso espanhol", mas "bem português",
Sérgio Ramos, que, depois de uma lesão gravíssima, já voltou em grande forma a encantar e entusiasmar com o seu talento e vontade, ao serviço da equipa catalã de Lleida (Liga ACB). Campeão é sempre campeão.
Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2005
Não encontro melhor para fechar (*) a triste efeméride de hoje que ler
aqui esta confissão de
identidade integral de um alemão lúcido a viver entre nós. Vénia, pois.
(*) Fechar? Ou abrir? Talvez abrir, até que consigamos fazer o mesmo com Tarrafal, São Nicolau e Machava.