Sexta-feira, 24 de Dezembro de 2004

Mudança de ano, mudando a vida como se possa. Tentando-a aguentar, pelo menos. 2004 foi um ano que cansou os portugueses, sobretudo porque ficámos, todos, um bocado mais medíocres. Mais que mais um ano adiado, foi um ano gasto sem proveito e nenhuma glória. Um ano de recreio, com o País entregue a traquinas levianos e a arrivistas sem peias. Um ano com o brilho baço do faz-de-conta. E nós cada vez mais atrasados. Mais curtos. Mais desconsolados. Mais fartos. Mais chatos.
2005 pode ser o ano da retoma da esperança. Pode. Se não acreditarmos nisso, acreditamos em quê? Porque, depois do 2004, quase só nos resta o nada.
Assim, a esperança, mais que tudo, mais que ilusão, mais que sonho, é uma necessidade.

Peço desculpa por esta interrupção. Vou dar uma volta e depois volto. É só para (e até) mudar o calendário. Acabo o ano lambuzado no mel de todos aqueles que andaram por aqui e por outros lados a espalhar estima, afecto e polémica que nos torna vivos, amigos e companheiros de jornada que não são do partido do natal de um só dia, os que gostam de discutir ideias e opiniões, aguentando a diferença sem zanga, os que gostam de partilhar nacos de memórias de vidas, os que gostam de gostar, vendo nos outros outras pessoas, sentindo-as quando possível, respeitando-as sempre. Comecem bem o
2005. O melhor para vós.
Quinta-feira, 23 de Dezembro de 2004

Esta quadra é péssima para se lerem jornais e revistas. Parece que os conteúdos já estão enfardados de azevias e rabanadas e a arrotar a consoada, balanço do ano para aqui, figuras em destaque para lá, patati, patatá, muito santo natal, para o ano como será.
A revista Visão desta semana não foge à regra. Mais pobre que o costume. Mas inclui uma admirável reportagem (texto de Luís Ribeiro e fotos de António Xavier) sobre a imigração ucraniana em Portugal, feita cá e lá. Excelente, limpo e completo trabalho. Aconselho vivamente.
(Verdade que sou suspeito, porque guardo um encanto nostálgico por Kiev, apesar de só lá ter estado durante 2 dias. Pela abertura larga da cidade, com um rio grandioso, pelos espaços verdes, porque Kiev me lavou os olhos da fealdade de Moscovo. Sobretudo pelos olhos claros dos ucranianos a pedirem melhor sorte que o peso da pata russo-soviética (estive lá nos anos oitenta e as coisas já rangiam nos gonzos).)A reportagem dá para pensar e ver a imigração eslava sob diversos ângulos. Uma imigração (sobretudo da Ucrânia) que escolheu Portugal como destino prioritário. E, pela forma discreta como eles penetraram e se instalaram no nossos pacato mundo, ninguém dirá que já serão
100.000 os que por cá labutam. Na maioria, gente de muito trabalho, caladinhos a amealhar economias e remessas. Ajuda a entender a herança do
socialismo real e as consequências da sua implosão, como permite perceber melhor porque é Kiev se transformou agora numa
cidade laranja. E um país que está tão mal que escolhe terras portuguesas para se desenraizarem como emigrantes. Mas em que a esperança não morreu.
![index-3[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/index-3[1].jpg)
Vale a pena ir ao
Puxa Palavra e ler os posts de
Manuel Correia de reflexão sobre a questão do PS ter maioria relativa ou absoluta nas próximas eleições e os riscos de se vir, em tempo próximo, a estarmos perante uma reedição do
Bloco Central.
Apetece ler escritos assim, acima dos estereótipos e lugares comuns, os quais, normalmente, desembocam em verdades antigas e reafirmadas (preconceitos, isso mesmo). O melhor remédio para ultrapassar o
vira o disco e toca o mesmo, é alargar pistas, reflectindo. É essa a aposta do
Manuel Correia. Eu já lá pintei as coisas com que concordo e as que não me convencem. Vão lá agora
vocemecês com as vossas achegas, porque a discussão promete e só se enriquecerá com novos e diferentes pontos de vista.

Pois a discreta entrada de Pina Moura na Administração da Galp Energia tem muito que se lhe diga. Por más razões.
Claro que Pina Moura entra, formalmente, para lugar não executivo e em representação da espanhola Iberdrola de que ele é presidente na filial portuguesa (e a Iberdrola tem 4% do capital da Galp).
A questão está para além do formal. Pina Moura foi o estratega da célebre, embrulhada e nunca esclarecida entrada da ENI no capital da Galp. Além de ter sido o génio que descobriu esse génio chamado António Mexia, foi-o buscar à banca (BES) e meteu-o, primeiro no negócio do gás natural e depois à frente da petrolífera nacional. Ora, a entrada de Pina Moura para a administração da Galp dá-se exactamente no dia seguinte ao da visita de Mincato (o presidente da ENI) a Lisboa para conversações sobre a Galp com o ministro Álvaro Barreto e de onde terá saído um acordo de protelamento da decisão sobre a petrolífera para ultrapassar o chumbo de Bruxelas (como qualquer negociador de peso, Mincato terá dito sim ao adiamento mas, deduz-se, deverá ter obtido contrapartidas que, obviamente, são segredos de negócio).
(segundo constou, Mincato, quando no PCI, terá sido camarada de curso de marxismo-leninismo em Moscovo - antes da tragédia de Domingos Abrantes - de Pina Moura, então delfim de Cunhal, de onde terão regressado como camaradas e amigos, o que é naturalíssimo entre colegas de curso que criem empatia)Por outro lado, politicamente, Pina Moura apareceu ligado à organização do Novas Fronteiras de Sócrates, pelo que se presume que, hoje, tenha voltado a ser figura influente no círculo que se prepara para dirigir o previsível próximo
poder rosa.
As dúvidas e as conjunturas têm aqui pano para mangas. Mas, claramente, é um mau prenúncio que o estratega que armou a
barafunda guterrista sobre o sector energético nacional, uma trapalhada de tamanho tal que não há meio de se deslindar nas voltas e reviravoltas que tem tido, acabe por se sentar na Administração da Galp no preciso momento em que o
poder laranja está por um fio e o
poder rosa (neo-guterrismo?) se prepara para trepar para os lugares dos ministros santanetes.
Pina Moura vale 4% na Galp (percentagem da Iberdrola no capital da petrolífera)? É isso que está para se ver.
Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2004
![matrecos[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/matrecos[1].jpg)
Pois se o
Fumaças emprestou a mesa de matrecos, não me faço rogado. Treinemos para dia
8.
Convido o
mfc para parceiro e desafio o
JCF e o
Pedro para alinharem pelo lado dos verdes às riscas.
Vale? Bora! Saem vocês que jogam em casa.
![r3457018783[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r3457018783[1].jpg)
Será que sonhei? Pina Moura na Administração da Galp? Bloco Central em andamento?
![0408Grad1[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/0408Grad1[1].jpg)
Em época de ritual de prendas, e porque já ando a fazer malas para mais uma abalada (desta vez vou apanhar chuva para as margens do Tamisa), nada melhor que meter já nos sapatinhos as distinções para as minhas preferências 2004 entre os blogues que visito. Cá vão os
prémios:
Prémio de Ouro: O JumentoPrémio de Prata: AlentejanandoPrémio de Bronze: XicuemboPrémios de Porcelana: Abrangente,
Africanidades,
Arcabuz,
Aulil,
Blog do Alex,
Causa Nossa,
Chuinga,
Food-I-Do,
Fumaças,
Oficina das Ideias,
Pé de meias,
Puxa Palavra,
Sebentária,
Sintra Gare,
Vadiar,
Vemos, ouvimos, lemos e
Viva Espanha.
Não explico os critérios porque eles não têm explicação. Uma mera questão de gosto. E de estima. Mais de apreciação do trabalho para que comuniquemos. Com saúde de espírito, é claro.

Como não ter cuidado com o amor possessivo? Todo o poder, mesmo o poder amoroso, corrompe. E o amor absoluto corrompe absolutamente. Nada como a liberdade amorosa. A chatice é que, no amor, as coisas nunca são decididas através do voto.
Terça-feira, 21 de Dezembro de 2004

O
Altino lamenta-se, mais uma vez, e eu percebo-o. Se percebo. Que bem que percebo.
Mas, meu caro, isto é como tudo. O hábito faz o adepto. Neste caso, também o sofredor.
Claro que depende do ximbaláu. Então ou nos aguentamos no balanço e ficamos com alma de aço ou desistimos. Eu sou dos que não desisto. E acredito que o
Altino também não.
Tomei lugar cativo no lugar de culto com a vinda de um célebre poeta de inspiração germânica que nos escaqueirou os altares e as sacristias. Aguentei outros curandeiros que, afinal, conseguiram pior. Até que ganhei a serenidade de me emocionar noventa minutos de cada vez, sacudindo alegrias e tristezas após o apito final. Mas para chegar a essa gestão cardíaca precisei de uma dose de cavalo. E apanhei-a. Sem largar o lugar cativo, até que resolveram demolir a igreja matriz. Para a nova Sé, só para lá caminhei uma vez, mais para conhecer a coisa. Um dia, o cativo voltará quando vir que os rapazes que correm em cima do tapete verde me respeitam como devoto. Por enquanto, guardo distância com terço rezado frente à tv. Continuando a sofrer, fiel à teimosia.
Pois a minha dose cavalar ocorreu um dia quando me meti a caminho da Galiza com uns peregrinos aqui do meu bairro. E o que mais me custou, pela humilhação, foi ver aquela cambada que hoje vê jogos da segunda divisão espanhola, a quererem consolar-me. Já nem eles se estavam a sentir bem com o fartote, o que diria eu. Calhou ir para camarote com uns amigos de Vigo que me iam consolando e já inventavam desculpas que o árbitro estava a ser parcial com as faltas e a favor deles. E eu sem perceber bem o que me estava a acontecer a mais de quatrocentos quilómetros de casa. Limitei-me a ir-me enfiando dentro do kispo vermelhusco e com os olhos estupidamente abertos. No fim, eu e os meus companheiros de infortúnio fomos beber copos para apagar a mágoa céltica. E não é que um sacana de um galego nos olha e faz questão de nos pagar as bebidas, dizendo que não suportava o nosso ar enfiado? Depois foi ver gente emudecida, patrícios que pareciam fantasmas a deambularem pela noite de Vigo, com esporádicos ataques de revolta como de um que se auto-flagelava, puxando-me pela manga do kispo, por ter vindo de Bragança para sofrer aquela desgraça e eu a tentar acalmá-lo com o único argumento de consolação de que tinha vindo de muito mais longe. Pois, desde Vigo, que estou por tudo. Desde que não perca, é claro. E é por isso que percebo o
Altino.

Se não servem sequer para atamancar o défice, metendo-lhe obras de engenharia imobiliária, servem para quê? Como dizia o outro:
andeke!

Com o próximo Natal, chega também o segundo aniversário do meu estatuto social de
desempregado. Somo agora alguma experiência do que é ser-se um pária da vida produtiva, vivendo da Segurança Social e do ordenado da mulher, desenvolvendo o engenho para não me sentir inútil em toda a acepção da palavra. O facto é que, pior que antes, agora é que não tenho mesmo tempo para o muito que acho que devo fazer. Mas, volta e meia, vem uma ponta de nostalgia por via deste caminho paralelo aos que têm emprego certo.
Vou-me lembrando que foi por escrever que aqui vim parar antes que o quisesse ou isso previsse. Resta-me o consolo (ou a vingança?) de continuar a escrever. Também os outros que não me deixaram no desemprego dos afectos.
![quit_canon_arr[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/quit_canon_arr[1].jpg)
Meti-me com o
PND de Manuel Monteiro e não perdi pela demora. Acabo de receber convite formal do seu empenhado dirigente
João Carvalho Fernandes para uma reunião da direcção daquele Partido. Ena pá! Pois aceito, sim senhor, que, em política, não se pode ser esquisito e quem tem, ou julga ter, convicções não deve temer o contraditório. Pelo contrário. E como o convite foi público, aqui fica a pública aceitação. Vamos ver no que vai dar.
E como a reunião deve ser no Portugal profundo - nada como um toque telúrico para eles, e eu, nos sentirmos em casa - meto já os pés a caminho.

Temos um ministro que sabe muito sobre Caudillos. Chama-se Sarmento. Percebe tanto de Caudillos que até tem um dicionário sobre eles. E consultou-o previamente, pelo que nos esclareceu, antes de chamar Caudillo a Jorge Sampaio.
Talvez o ministro Sarmento não saiba que os Caudillos têm cunhados. Quando têm irmãs é claro. É natural que, sendo um Caudillo um sujeito com muita importância e muito mando, os seus cunhados também sejam pessoas muito importantes e com mando razoável. É o caso do sujeito que está no meio da foto e que era cunhado de um Caudillo, tão importante, tão importante, que tinha o cognome de
Cunhadíssimo.
Receberá o
Prémio da Curiosidade, quem primeiro acertar na nacionalidade e no nome deste famoso
Cunhadíssimo, qual a analogia usada para o cognome e que instrumento é que ele tocava na orquestra do poder.
(A ideia do concurso inspirou-se em que, nos tempos que correm, convém, quanto a cultura e não só, não ficarmos atrás dos ministros que temos, até porque a qualquer um pode calhar a vez de lhes suceder.)Adenda: O
Guedes, companheiro condómino aqui da Margem Sul, decifrou a adivinha em duas penadas. Parabéns. Prémio entregue. De facto, a alcunha de
Cunhadíssimo atribuída a Serrano Suñer deveu-se a ser o homem que, politicamente, maior influência teve junto do Caudillo (pela graça de Deus, segundo o louvor oficial) e
Generalíssimo Franco, nos primeiros tempos da ditadura e em que foi Ministro da Presidência. Suñer, embora com passado fora da Falange quando do golpe (vinha da direitista e católica CEDA), transformou-se na figura de proa do pró-nazismo em Espanha, foi o inspirador da
Nova Falange e o mais acérrimo defensor da participação de Espanha no Eixo. Com as distâncias simpáticas de Franco relativamente à Alemanha, em grande parte inspiradas por Salazar, Suñer, a pouco e pouco, foi sendo relegado para papéis secundários. No após-guerra, Suñer tornou-se até num
inconveniente dada a sua exposição pró-nazi.
Blogar, num
blogue individual, é uma solidão em rede que, com o correr do tempo, acaba por se transformar em meio vício, meio tormento. Nos primeiros seis meses, mais coisa menos coisa, ainda haverá o calor da chama da novidade e o prazer renovado da descoberta. A partir daí, a coisa começa a doer no alimento de carambola entre o afago do narcisismo e a auto-flagelação em não querer parar. Acabando por ser mais que tudo uma teimosia, que tanto é bem como é mal. Então apetece parar, largar o que nos prende com o travo amargo do vício. Depois, depois, vem ou não vem a recaída.
Estou a generalizar, eu sei, ou a extrapolar uma experiência individual. Permitam-me isso. Para facilitar as coisas. E por privilégio devido a quem já passou o ano de prática. De quem quis parar ao fim do ano feito e não foi capaz. Ainda não foi capaz.
Comunicar é sempre representar. Aqui, na blogosfera, comunica-se a esmo, em todas as direcções, uma ou outra conhecida (de amigos e compinchas), mas na maioria dos casos não sabemos nem quem nos lê nem o que de nós se pensa. Porque também o feed-back dos comentários e dos mails são face da mesma moeda. Neste caso, comunicar através da blogosfera é como nos metermos num pequeno palco e estarmos para aqui, sempre com as luzes apagadas, sem conseguir sequer ver os olhos e sentir a respiração de quem nos lê. Por esta comunicação ser uma representação, a interacção, quando há, normalmente dá exagero ou estima em demasia para a sustentação real, ou embirração injusta. Talvez porque o teclado tenha qualquer coisa de prostituto que o torna maneirinho para a festa ou para a lambada. E, nestes casos, deitamos para o lixo as potencialidades deste meio veloz de comunicar transformando-o num baile de salão ou numa casa de zaragata. Claro que, com o tempo, vamos aprendendo as manhas dos descaminhos e dos empolamentos, doseamos as coisas, defendemo-nos afinal. Mas, depois, quando jogamos à defesa, a coisa ainda cansa mais. Porque, queira-se ou não, arrefecemos a emoção. E, sem emoção, isto é o quê? Nada, exagero desde já.
Como todas as regras, o que se disse tem excepções.
Não vou falar das más experiências. Já as esqueci. E as que ainda não sepultei, com o tempo lá se irá. Adiante. Até porque não me eximo de contabilizar culpas no meu cartório impulsivo, às vezes a puxar para o desbocado. Digamos que foram burrices ou inabilidades de parte a parte. Quites, pois. Mas seria despropositada, por inútil e por mesquinho, uma espécie de contabilidade de culpas.
Prefiro pensar no que a blogosfera me trouxe de bom e que não foi pouco. Primeiro, arrumei parte importante do baú da memória. Segundo, treinei a transpiração da escrita na ansiedade de um dia chegar à inspiração. Mas sobretudo, mais que tudo, fiz encontros e descobertas. Por exemplo, um compadre que nunca vira mais gordo nem mais magro, tendo-o topado e ele a mim, depois de nos conhecermos, saltou a faísca da cumplicidade amiga (daquela que não engana o algodão) como se tivéssemos andado a reinar juntos desde a primária e durante as voltas da vida, incluindo nas barricadas por valores, mas também, sobretudo, na forma de olhar e tentar entender as gentes vivas na forma como habitam os seus lugares de circunstância ou de procura. Também por aqui vim encontrar uma amiga querida, essa sim vinda lá dos fundos reais da juventude, a quem perdera o rasto há umas dezenas de anos, e por aqui ainda restamos a curtir o prazer da demora gostosa de combinar um reencontro que só pode ser coisa de arromba (como se costuma dizer, andamos na fase gostosa dos preliminares). Estes são dois exemplos apenas (e se os trago para aqui foi porque eles, mais coisa, menos coisa, disseram aproximadamente o mesmo lá nos seus sítios). Há mais, mas hoje não me estendo por aí para não lamechar a coisa ainda mais.
Feito o balanço, vale a pena estar aqui. Enquanto esta coisa me mantiver humano, mais humano se possível. Dando e recebendo. Nem melhor, nem pior. Isso mesmo, com os afectos em ordem. Esse o meu panfleto.