Sexta-feira, 26 de Novembro de 2004
![news[1].gif](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/news[1].gif)
O
Noticias da Amadora, semanário que, durante o fascismo e sob direcção de Orlando Gonçalves, representou uma voz de ampla difusão alternativa de opiniões discordantes, foi particularmente castigado pela Censura.
Pela colaboração naquele Semanário, passou muita gente do jornalismo, da crítica e da opinião antifascista.
Segundo se lê no último número deste periódico, é feito o apanhado da acção da Censura contra ele. O
lápis azul dos censores, entre 1958 e 1974, cortou ou retalhou, 2.776 artigos ou notícias (2.108 tiveram cortes parciais, 668 foram cortados na íntegra). 502 autores e autoras viram escritos seus objecto da sanha censória.
Curioso é também lembrar o ranking dos autores e das autoras mais visados pela censura (com mais de 5 artigos censurados):
1º) Orlando Gonçalves Censurado em 111 artigos,
2º) Correia da Fonseca em 58,
3º) Soeiro Sarmento em 49,
4º) João Tunes em 26,
4º) Orlando César em 26,
6º) Molarinho Jacinto em 25,
7º) António dos Santos em 24,
8º) António Caeiro em 23,
9º) Sérgio Ribeiro em 20,
10º) A-da-Maya 17,
10º) José Freire Antunes em 17,
12º) Fernando Dacosta em 16,
12º) Joaquim Assunção Leal em 16,
14º) Afonso Cautela em 15,
14º) Arlindo Mota em 15,
14º) Eufrázio Filipe em 15,
14º) Manuel Azevedo em 15,
18º) Antunes da Silva em 13,
18º) Deodato dos Santos em 13,
20º) Alice Nicolau em 12,
20º) Eduardo Olímpio em 12,
20º) Torres Rodrigues em 12,
23º) Joaquim Benite em 11,
23º) Manuel Geraldo em 11,
23º) Manuel João Gomes em 11,
23º) Rui Pires em 11,
23º) Torquato da Luz em 11,
28º) António Amaral em 10,
28º) Eugénio Rosa em 10,
28º) Helena Neves em 10,
28º) Muradali Mamadhusen em 10,
32º) Carlos Carvalhas em 9,
32º) José Antunes Ribeiro em 9,
34º) Afonso Praça em 8,
34º) Agostinho Chaves Gonçalves em 8,
34º) Francisco Marcelo Curto em 8,
34º) J.J. Magalhães dos Santos em 8,
34º) João Paulo Guerra em 8,
39º) Arnaldo Pereira em 7,
39º) Luís Ganhão em 7,
39º) Raul Calado em 7,
39º) Tito Lívio em 7,
43º) A. Krusse Afallo em 6,
43º) Alexandre Silva em 6,
43º) António Rico em 6,
43º) Fernando Marrazes em 6,
43º) Fernando Sequeira em 6,
43º) José João Louro em 6,
43º) Lauro António em 6,
43º) Leopoldo Gonçalves em 6,
43º) M.F. Tavares Sousa em 6,
43º) Mário Rodrigues em 6,
43º) Vítor Ângelo em 6.

Pelos vistos, os blogues incomodam muita gente. Dos extremos, sobretudo.
Ruben de Carvalho, o mais conservador dos intelectuais conservadores, na forma como conserva o seu partido (não acho que faça parte da melhor forma de falar do meu partido referir publicamente os seus erros
, diz ele), o mentor cultural e programático da Festa do Avante, não gosta de blogues. O que não se discute como gosto. Mas que isso o
inquiete é que já é de natureza diferente do gosto. É, mais coisa menos coisa, desconfiança perante a liberdade. Ou um conceito muito próprio das
amplas liberdades.
Leia-se o que ele diz sobre os blogues na entrevista que deu à última
Visão:
Os blogues são um tema que me inquieta. Em primeiro lugar, por me parecer que resultam de uma postura individualista socialmente estéril e a fomentam. Inquieta-me que a maioria dos blogues portugueses sejam de direita. Receio também o tipo de escrita, a sua brevidade, pouco susceptível de elaboração e reflexão.Aqui está um homem capaz de entender o desacreditado Gomes da Silva e melhor compreender o emergente Morais Sarmento (tivessem o mesmo partido, é claro).
PS: Claro que, na mesma entrevista, Ruben de Carvalho apoia Jerónimo de Sousa para próximo Secretário-Geral do PCP.
Quarta-feira, 24 de Novembro de 2004
![Ini_tudorosi[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Ini_tudorosi[1].jpg)
É sempre cedo demais para se perder a ilusão de uma viagem pela fantasia. Sem fantasia, o frio é mais frio, a noite é mais noite, a vida é menos vida.
![mdf774181[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/mdf774181[1].jpg)
Agora ... em Kiev.
![mdf773489[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/mdf773489[1].jpg)
Venezuela tem petróleo. Espanha tem Repsol.
![colegiogrupo0268[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/colegiogrupo0268[1].jpg)
De pequeninos, é que se formatam os meninos. Para eles serem certinhos. Como se fossem pepinos.

A dimensão da violência doméstica é uma das piores manchas da nossa sociedade. Umas das vergonhas que mais nos envergonham. Enquanto assim for, votar é muito curto para sermos democracia que se mereça.
Porra, revoltem-se contra os chefes, os ditadores de gabinete com secretária às ordens, os tiranos ao virar a esquina, os filhos de puta à solta, os gajos que metem as mãos nos nossos bolsos, os ministros que desgovernam, as gajas que se reduzem a um par de mamas, os que nos querem imbecis a adormecer vendo cretinos na tv, os jornalistas que se vendem, os futebolistas que não dão o litro pela camisola, os árbitros que apitam mal, os selvagens que guiam como se as máquinas fossem cavalos para galopar na planície, os restauradores que servem mal, os mixordeiros que estragam o santo vinho, os autarcas que deixam construir em cima das falésias, os jerónimos da classe operária, os socialistas monárquicos, os tolos que nos querem comer por tolinhos, os padres que só pecam, os tarados que compram meninos, os polícias que roubam, os políticos que só acordam quando têm peixeiras pela frente, os empreiteiros que roubam nas obras.
Revoltem-se e deixem as mulheres, os maridos, os velhos e os catraios em paz.
![Cervera[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Cervera[1].jpg)
Tão certos e tão compostos. Tão preparados. Tão mestres a administrar e ministrar o bem e o mal.
E castos, lá isso é que sim. Porque estão destinados a morrerem solteiros.
Mas tão negros. Nunca sujam os fatos. E lembram corvos.
Evito-os. Para os pecados tamanhos que carrego, precisava deles todos. E com todos à perna, ia-me sentir mais perdido que a escuridão.
Terça-feira, 23 de Novembro de 2004
![cabinet316[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/cabinet316[1].jpg)
Ainda há dias,
previa que o meu amigo
João Carvalho Fernandes acabasse por ser colaborador do
Inimigo Público.
Enganei-me redondamente. Isto é, subestimei os méritos deste meu amigo. O que, para com um amigo, é falta grave. É que ele agora é, nada menos, que
Director do
Democracia Liberal. Ora toma! E aqui fica a notícia penitente.
Felicidades no novo cargo, são os meus sinceros votos. Cujas mordomias de função devem dar direito a gabinete condigno (bem espero que Manuel Monteiro trate bem os seus colaboradores dilectos). Assim sendo, aqui fica oferta de um apetrecho que não pode faltar no local de trabalho de um
homem especialista em fumaças.
Aquele abraço.

Bom era que tudo se estivesse a passar assim em Kiev. Mas os
filhos de putin não deixam
PUTIN, TIRA AS MÃOS DA UCRÂNIA!
![r551498832[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r551498832[1].jpg)
Estes já se apressam a tomar lugar na primeira fila para ver e ouvir a entrevista de PSL, mais logo na televisão.
Talvez já seja agora que só lhe fazem perguntas simpáticas. Se ainda não for desta, novas mexidas teremos a seguir. Quem se arrisca? Pois é, os jornalistas têm de perceber que existem para nós gostarmos de quem nos governa.
![r539107437[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r539107437[1].jpg)
Serás sempre assim, mesmo assim não sendo.
Como podias ser papoila ou vento vindo do mar. E isso também tu não consegues ser. Nem ninguém.
Ou aquele poema que a Sophia estava para escrever antes de a levarem para descansar. E ela não mais regressa para nos dizer o que lhe vai na alma e assim vamos ter de ficar com essa sede.
Mas cada vez te pareces mais, sentindo-te assim mais, com tudo de que gosto e me emociona. Sobretudo, quando como hoje, mais um sinal de vida te faz um leve risco para me orientar os dedos.
Um beijo é pouco. Mas eu tenho sina de te dar sempre pouco. Um beijo, pois.
Segunda-feira, 22 de Novembro de 2004
![Milicianas[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Milicianas[1].jpg)
Colocámos uma série de posts (27 no total) dedicados a este tema. Pude constatar que eles mereceram interesse e apreciação positiva de alguns visitantes.
Dada a extensão e diversidade sub-temática do conjunto dos textos, a forma como foram aqui colocados (para mais, dispersos) não facilita a sua leitura integrada.
No sentido de facilitar a sua leitura continuada, resolvi transferi-los, concentrando-os e ordenando-os de forma descendente, para
aqui, onde, julgo, poderão ser mais facilmente lidos. E discutidos. E rebatidos.
(na foto, milicianas desfilam em apoio da República)

Dediquei noutro
blogue, uma série de textos (27) de reflexão sobre a Guerra Civil em Espanha (1936-39), um tema que, do ponto de vista humano, histórico e político, me fascina.
Resolvi transferi-los para aqui de forma a permitir a sua leitura continuada.
UMA AUTOCRÍTICASinto-me responsável por não ter impulsionado um debate sobre o nosso passado histórico, o franquismo e a Guerra Civil, na altura em que ele era, provavelmente, mais oportuno. Fui presidente do Governo, com maioria absoluta, na altura do quinquagésimo aniversário do começo da Guerra Civil e também de igual efeméride do fim da mesma. Duas datas bem significativas, em termos históricos. Teria até sido conveniente abrir um debate sobre o tema, nos momentos em que nós, os socialistas, estávamos em posições difíceis. Não o fiz, apesar de assistir, com mágoa, que o Vaticano continuava a beatificar dezenas, às vezes centenas, de vítimas do lado dos vencedores, exaltando-as como vítimas da cruzada, como ainda lhe chamam. Entretanto, não houve nem há exaltação, nem sequer reconhecimento, das vítimas do franquismo, por isso sinto-me responsável por uma parte da perda da nossa memória histórica e que permite agora que a direita se negue a reconhecer o horror que representou a ditadura, fazendo-o sem que por isso sofra castigo eleitoral e social, sem que os jovens se comovam, porque nem sequer sabem o que aconteceu.
Estas são palavras de humildade e autocrítica ditas por Felipe González, numa entrevista ao jornalista e escritor Juan Luís Cebrián, inseridas no livro El futuro no es lo que era.
(na foto, freiras espanholas fazem a saudação fascista, celebrando a entrada vitoriosa de Franco em Madrid)