Terça-feira, 30 de Novembro de 2004
![capt.hav10211301528.cuba_dissidents_released_hav102[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/capt.hav10211301528.cuba_dissidents_released_hav102[1].jpg)
Agora, o combate continua para que todos os prisioneiros por opinião saiam dos cárceres de Fidel Castro. Nem mais um preso político!
Adenda 1:Para conhecer a posição da organização
Repórteres Sem Fronteiras, recomendo a leitura deste
post do Fumaças. E é justo que sublinhe que o
João Carvalho Fernandes foi o bloguista que, com maior persistência, se bateu pela libertação dos presos políticos cubanos.
Adenda 2:Claro que não vou incomodar a tranquila consciência dos que silenciaram o martírio de Raúl Rivero e dos seus companheiros. Provavelmente, até dirão que, afinal, Fidel não é tão mau como parecia e que o regime cubano mostra sinais de regeneração, assim lhe passem a mão pelo pêlo como fez Zapatero. Segundo esses, mais outros, Fidel, a Revolução, os afectos e os mitos românticos, recomendam-se, Raul só esteve
dentro ano e meio (na condenação que teve a vinte anos de perda de liberdade, aquilo foi uma
passagem), patati, patatá, malandro do Bush, patati, patatá, viva o Che, venceremos, venceremos, pátria ou morte, patati, patatá. Cada um é como cada qual.
(na foto, Rivero pouco depois de ser libertado, na companhia da mulher e da filha)
Existe hoje na sociedade portuguesa a sensação, para não falar em certeza, de que os políticos deste País vivem uma situação patológica de autismo permanente que os torna completamente alheios à realidade social, política e económica, sendo este Governo o melhor exemplo desse estado de alma nacional.Isto é o que diz um militante da direita demoliberal.
Aqui. Leio e concordo. Estará fechado o círculo do consenso?
Provavelmente, quando chegar a altura da recomendação dos medicamentos adequados para a doença, vamos ter desentendimento garantido, eu e o Jorge Afonso. Até lá, celebremos. Porque as oportunidades não serão muitas.
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2004
![Ragmala[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Ragmala[1].jpg)
Vital Moreira, personalidade arguta, serena e pragmática, dá
uma interpretação terrível para a
falta de pressa de Sócrates em que este país se alivie da incompetência e descontrole a que, neste momento, está entregue a missão de governar.
Inclino-me a que tenha razão. Infelizmente, teremos jogo de política feita com a frieza de um experimentado jogador de xadrez. Confirmando que a política cada vez é menos assunto para cidadãos. Já não era da parte do governo, temos agora o cinismo da oposição em
fazer render o peixe, segundo estreitos interesses partidários.
Pois, sobra sempre para o
mexilhão
![Image052[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Image052[1].jpg)
Não se trata de ser ou não operário. Ser letrado ou iletrado. Autodidacta ou com canudo. Afinador de máquinas, engenheiro ou doutor.
É uma questão de projecto e de talento. Olhar para frente ou olhar para trás. Abrir ao mundo ou preferir a seita.
Ir buscar a profissão que não se utiliza há trinta anos é coisa de pergaminho de aristocracia vanguardista. Ou desculpa. E quando se recorrem a desculpas antecipadas, mal vai a procissão e pior o sujeito debaixo do pálio. Ou então é o apelo
desculpem lá qualquer coisinha
. antes de se meter a unha na guitarra.
![_40575071_041128cuba203a[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/_40575071_041128cuba203a[1].jpg)
Boas notícias chegam de Cuba. Nos últimos dias, vários presos políticos foram transferidos para Havana. Segundo notícias, seis dos setenta e cinco dissidentes presos por delito de opinião (alguns condenados a vinte e cinco anos de prisão) já foram postos em liberdade condicional. Há confiança que, cedendo às pressões vindas de todo o mundo, o regime castrista liberte mais alguns, incluindo o mais conhecido, o jornalista e poeta Raúl Rivero.
Não se pode dar descanso aos carcereiros das opiniões.
Domingo, 28 de Novembro de 2004
![salsa2[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/salsa2[1].jpg)
Não me apetece falar de Cavaco. Idem com Guterres. São personagens que não me inspiram a mínima inspiração. Não sei porquê, sinto-me infinitamente medíocre a falar deles.
(Quase tanto como me sinto a falar desse Jerónimo que reduz a política a um leilão de oferendas, no intervalo de um baile de bombeiros na Cintura Industrial de Lisboa, para angariação de fundos para comprar um novo pano de bilhar, mais um par de baralhos de sueca, para o património da Sociedade Recreativa de Pirescoxe.)Provavelmente, vou ter de falar deles. Até do Jerónimo. Mas, entretanto, folgam as costas. Sobretudo quando o que há a dizer, está dito. Obrigado
Chuinga e
Puxa Palavra.
Sábado, 27 de Novembro de 2004
![3sergios[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/3sergios[1].jpg)
Depois de sete meses de sofrimento e afastamento dos pavilhões, após uma lesão gravíssima, Sérgio Ramos (para além do mundo do futebol, o mais qualificado dos nossos desportistas emigrados) voltou a jogar. Hoje, foi apenas um minuto simbólico para que a sua tremenda
aficion catalã de Lleida lhe dissesse o muito que lhe quer. A pouco e pouco, recuperando forma, vai voltar a encantar com a sua elegância e profissionalismo e a encestar com os seus
triplos que são autênticas obras de arte.
Claro que estou feliz. Muito feliz.
![lthumb.mdf774603[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/lthumb.mdf774603[1].jpg)
Guebuza ou Dhlakama? E depois? Tudo como dantes, cleptocracia no poder. Em Moçambique, a grande novidade vai ser o Palácio a estrear para a reforma de Chissano.
![r965930741[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r965930741[1].jpg)
Terão sido
operários, os
congressistas de Almada que vaiaram Lopes Guerreiro, comunista e autarca em Alvito (Alentejo) mais Fernando Vicente, do anterior CC e o homem que, no tempo da Pide, bateu o record de tempo na tortura do sono, quando intervieram no Congresso do PCP?
Se foram
operários, estão desculpados, o partido é deles. Mandam na sua casa, têm direito a usarem a paciência e a democracia das
claques da vanguarda.
Se não eram
operários, se assobiaram passaram a ser. Politicamente falando, é claro.
![r24299988[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/r24299988[1].jpg)
A querela entre
igualdade e
liberdade já não fará grande sentido. No sentido de as hierarquizar, entenda-se. A história demonstrou um número suficiente de equívocos sobre as prevalências e as vozes das vítimas ainda não se calaram. Deram-se, e ainda se dão, bofetadas a mais na
liberdade, em nome da pressa para a
igualdade, que julgo que o alimentado binómio já seja peça para museu. Adquirido estará que não há marcha para a
igualdade que não passe pela
liberdade, enquanto o contrário não é possível. A discussão restará, talvez seja mesmo eterna, sobre o
grau de igualdade, o que coloca este valor como meta nunca absoluta, retirando a questão da
liberdade para fora da conversa, por redundante ela ser.
O que sobra, e é menos abordado e sentido, é a questão do valor da
fraternidade, esse olhar e sentir os outros com olhos que passam pela incapacidade em termos paz e sentirmo-nos bem sem contarmos com o que
os outros sentem. No fundo, a capacidade de se entender a mão para apoiar e não para dar empurrões para podermos passar adiante, quanto mais sós melhor, no receio de que o queijo não chegue para todos.
O que os neo-liberais buscam é a desigualdade libertina de se chegarem à frente, presumindo que a frente é toda deles. Por isso, rejeitam o social e o Estado, a protecção aos fracos e indefesos, coisas que só atrapalham os negócios. A menos que, os do Social SA, espreitem uma oportunidade de negócio no que sobra de fraterno. Corrompendo a regra do primado do talento que só pode garantir-se com base na igualdade de oportunidades.
![Rivero[1].JPG](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/Rivero[1].JPG)
![index[2].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/index[2].jpg)
Embora, por vezes (vezes a mais), ferva em pouca água, na maioria dos casos dá-me para a calma olímpica. E, entre a fervura e a calma, a ira entra pouquíssimo. Nada mesmo quando perante afectos transformados em opções de gosto. Porque, aí, cada um sente o que sente e nadinha há a fazer. E até um não cego tem o direito de não querer ver. Como alguém sensível tem direito a recusar o sentir.
Uma velha pecha minha é, numa situação desigual, tomar partido pelo lado do preso e recusar um olhar de cumplicidade e de afecto para com o carcereiro. Então, quando se trata de liberdade de opinião, o tilintar das chaves do carcereiro e os risos sádicos do torturador são marcas que sinto na carne. Aí, só posso estar solidário com o libertário encarcerado. Uma escolha, sem necessidade de ira nas vinhas. Porque estar com os dois seria cobardia de Pilatos, fingindo gosto por
Mateus Rosé que só pode ser aceitável em quem se recusa a escolher entre branco e tinto, bebendo tudo que lhe metam à frente.
Isto tudo é para dizer,
só, que gosto de Raúl Rivero e detesto os seus carcereiros. Sem ira. É assim.
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2004
![pmenu_r2_c2_f2[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/pmenu_r2_c2_f2[1].jpg)
Bem aparecido sejas no Clube dos Grandes e Queridos Líderes!

Pode-se ser velho, muito velho, e não merecer nunca que a vida se vá. Falamos de idade, é claro. E de espírito. E de exemplo de uma vida vivida tão saudável, tão investida a dar aos outros e ser exemplo e bandeira para todos. Tanto que não merecia ter termo.
Curvo-me perante a falta que Fernando Valle, um Homem para a galeria dos grandes portugueses, nos vai fazer.
Não é justo que este Homem Bom se tenha finado com a juventude de alma rebelde dos seus (apenas) 104 anos de idade. Porque a Liberdade em Portugal tem o seu nome gravado. E precisava (sempre) dele para a regar e iluminar.
Adeus jovem Companheiro, que ultrapassaste o efémero de se ter uma idade.
![000000726[1].jpg](http://agualisa.blogs.sapo.pt/arquivo/000000726[1].jpg)
O muro [de Berlim] não era mais que uma fronteira, como a que havia aqui, em Elvas e Badajoz, não era mais nem menos que isso, disse Ruben de Carvalho, em entrevista à
Visão.
O senhor da fotografia não está a fazer mais nem menos que aquilo que faz quem acena para a esposa sentada na plateia, digo eu, se me é desculpada a adopção de raciocínio abusado.