Quarta-feira, 3 de Março de 2004
![SousaFranco[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/SousaFranco[1].jpg)
Desde que militei num Partido em que me mandaram (através de um Congresso Extraordinário) votar num Candidato que era a nossa besta negra- mesmo que tivesse que tapar-lhe a fronha no boletim de voto para meter a cruzinha no sítio certo que me sinto atraído por liberalismos na opção de votar. Agora, solto do Partido, voto em que me dá na real gana mas sempre à esquerda (é defeito de fabrico e não tem reparação).
Ganhei gosto em votar no PS, sobretudo porque
raramente estou de acordo com ele. Aliás, só não digo mal do PS no dia das eleições (porque nesse dia não é permitido fazer-se campanha eleitoral). Quer dizer, voto no PS apenas porque acho que os outros ainda são piores. Assim tem sido, assim será
até ver.
Uma coisa tenho cá para mim como certa: talvez volte a votar PS mas em Ferro Rodrigues jamais. Porque já disse e repito: nunca votarei num tipo que disse que se cagava para o segredo de justiça e disso nunca pediu desculpa publicamente.
Sousa Franco foi escolhido para cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu. Acho mal. Se a escolha teve como objectivo captar votos à direita do PS, eu que me situo à esquerda do PS, senti-me fora da jogada. Por outro lado, a escolha deste polémico antigo Ministro (como são todos os Ministros das Finanças) e a quem se assacam as culpas pela derrapagem do défice das contas públicas, vai dar ao PSD a oportunidade de desviar a campanha eleitoral para questões internas (tanga à baila) e fugir ao debate sobre as questões europeias.
Veremos o resultado. Os tipos do PS lá sabem as linhas com que se cosem.
Terça-feira, 2 de Março de 2004
![Brasil_turismo[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/Brasil_turismo[1].jpg)
Já falei dos meus sentimentos sobre o Carnaval. Quanto ao carnaval brasileiro, sabemos sobretudo aquilo que os estereótipos transmitem. Este ano, a grande novidade foi o Presidente Lula mandar distribuir gratuitamente dez milhões (!) de camisinhas para prevenir a difusão da SIDA, enquanto a Igreja Católica conseguia censurar carros alegóricos que falavam exactamente desse problema e da sua prevenção.
Para não ficar pelos estereótipos, desafiei a minha simpatiquíssima blogamiga
Cathy (que também escreve admiravelmente bem) que transmitisse as suas impressões. Cathy não se fez rogada e respondeu prontamente:
"Um pouco sobre carnaval...
O meu amigo João, do blog Bota Acima, deu uma sugestão de um post sobre o carnaval, e eu vou procurar dizer um pouco do que vi e ouvi, sem pesquisas, apenas informações de uma simples brasileira.
O Brasil é um país que, desde sua origem, possui uma diversidade em todos os aspectos, inclusive na vivência cultural. Muitas coisas fazem parte da cultura brasileira, e não apenas o carnaval e o futebol. Até esses pontos que já foram mais forte em tempos passados, são assimilados de forma bastante diferenciada pelo povo brasileiro.
Especificando o carnaval, nós temos variações por região, e dentro de cada região onde a festa acontece, o comportamento não é uniforme.
Rio de Janeiro e São Paulo possuem uma força muito grande no desfile de escolas de samba, festas em clubes, alguns blocos, mas tudo isso concentrado em lugares específicos. É possível passar o carnaval em uma dessas cidades e nada ver da festa. Na maior parte dessas cidades reina a paz e a calmaria incomum nos dias úteis. Os interesses se distribuem em: alguns fogem para as praias e as rodovias de saída dessas cidades ficam num verdadeiro caos; algumas pessoas ficam em casa vendo filme, estudando, dormindo, assistindo ao desfile, etc; e por fim o grupo dos que participam ativamente. Os participantes de escolas de samba passam o ano inteiro se preparando para o desfile, ora nos barracões fazendo as fantasias essas são as pessoas que dedicam muito do seu tempo, pessoas da comunidade representada pela escola ora nos locais onde fazem o treinamento onde se concentram todos os sambistas para passar a noite sambando. A fantasia é vendida por preços bem elevados, quanto maior o destaque maior o preço. Há quem deixe de comprar algo de real necessidade para investir na fantasia. A fantasia vista de perto não justifica o preço, mas em conjunto na avenida faz total diferença.
Salvador é outra capital com uma força muito grande nessa festa, com o enfoque ao carnaval de rua. Em outros tempos já foi cantado atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu também a praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião. O trio elétrico é um carro de som com ou sem cantores em cima para animar o grupo que o segue, e é uma multidão que pula durante horas sem parar. A Praça Castro Alves é muito famosa por ser um ponto histórico na cidade de Salvador. No interior da Bahia existe uma variação, algumas cidades nem ouvem nada sobre o carnaval, em outras fazem o chamado micareta que é o carnaval fora da época. Isso vai depender das tendências políticas. Em época de eleição é comum o contecimento.
Algumas cidades do nordeste possuem algumas tradições folclóricas, como uma dança chamada frevo.
O carnaval também guarda em sua história bailes gays, sexo explícito, e muito dinheiro que escorrega para os bolsos dos que controlam alguns setores, mas isso já é outra história...
Meu carnaval se resume em sombra e água fresca."
Obrigado Cathy.
![tshirt-mural4-pq[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/tshirt-mural4-pq[1].jpg)
Se os eleitores se decidissem por factores racionais e por uma informação objectiva teriam de atender ao trabalho dos deputados, à sua intervenção, às suas decisões, às propostas que apresentaram para a Europa e para o país.
Sabemos que os portugueses têm uma informação muito limitada da intervenção dos deputados portugueses no Parlamento Europeu, o que nos penaliza.
(assim falou Carlos Carvalhas, em 28 de Fevereiro)
Já aqui dei conta do meu fascínio pela fotografia e como considero a boa fotografia ao mesmo nível da boa poesia.
O meu amigo
Viktor é um exímio e sensível artista do mister de bem fotografar. As fotografias que ele vai publicando no seu blogue são um regalo para a vista e para a alma. Para os que ainda não tiveram pachorra de irem até à magnífica Oficina que torneia ideias lá para os lados da Caparica, sempre lhes digo que não sabem o que estão a perder. Ali estão não só excelentes fotos como também bons textos e gostosa gastronomia.
Aqui fica uma das que me caíram no goto e para vos servir de amostra.
![blog500_gemeas[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/blog500_gemeas[1].jpg)
Segunda-feira, 1 de Março de 2004
![030610-D-9880W-009[1].gif](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/030610-D-9880W-009[1].gif)
Sinceramente, não entendo o granel que se está a fazer por causa da designação adoptada pela coligação PSD/PP para as Eleições Europeias. Claro que a semelhança entre o "Força Portugal" e o "Forza Itália" presta-se a paralelismos.
Todo o mal fosse esse, digo eu. O pior é o resto. E o resto, acho eu, é que é a substância do abraço lodoso que amarra Durão à extrema-direita. Antes isso, acrescento também, porque o PSD vai pagar cara esta coligação erosiva.
Saiba a esquerda aproveitar com ideias e propostas, bem mais necessárias que os trocadilhos sobre designações a servirem de slogan.
A propósito, ninguém reparou que a "nossa" CDU tem a mesma sigla do partido alemão de direita? E é por aí que a porca torce o rabo?
![28fotg[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/28fotg[1].jpg)
Fotografia de Carlos Paredes tirada por Augusto Cabrita
![24fotg[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/24fotg[1].jpg)
Foto de Mestre Augusto Cabrita
![trotsky[1].gif](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/trotsky[1].gif)
Aventa-se o desmantelamento do PSR, da UDP e da Política XXI como Partidos para darem lugar a incolores Associações de cavaqueira política.
Tudo em nome da unificação e fortalecimento do Bloco de Esquerda como Partido.
Para a UDP e a Política XXI, trata-se apenas de missa de defuntos. O maoismo albanês e o medepecedeismo renovado já tinham definhado o suficiente para só precisarem do acto formal de um jantar de extinção.
Quanto ao PSR, a coisa fia mais fino. A Quarta Internacional vai deixar? O legado de Leon Trotski fica entregue a quem? Quem vai meter na ordem os novos marinheiros de Cronstadt? Ou a ideia é o Bloco de Esquerda ser, informalmente, a frente unitária de um PSR, puro e duro, e na clandestinidade (o que, em grande parte, já será a história do BE)?
Veremos. Quero dizer: veremos o que se conseguir ver porque a lógica das organizações leninistas (o trotsquismo nunca pretendeu ser outra coisa que uma variante do leninismo na sua componente mais pura) têm uma lógica conspirativa e, por regra, têm uma música para leigos e outra para devotos.
![paneleiras[1].jpg](http://botaacima.blogs.sapo.pt/arquivo/paneleiras[1].jpg)
Há cada coincidência. Tinha eu acabado de improvisar a feitura de uma banal sopa de legumes por falta de inspiração culinária e para remediar faltas durante a semana. Estava não só desinspirado, como tinha falta de géneros e a disposição não era a mais esfusiante. Saiu assim-assim. Serve, lá isso serve. Faltaram-me clientes (a melhor resposta que tive foi a promessa de que amanhã se dispõem a prová-la). Comi eu um prato para a frustação não ser absoluta. Saborosa qb. Já saiu melhor e já saiu pior.
Eis senão quando espreito os blogues e dou com o
Alentejanando a gabar-se da sua Sopa da Panela. Tivesse eu espreitado uma horita antes e era por aqui que eu me aviava. Fica para a próxima. Roubada está a receita para quem a há-de fazer.
"Sopa da Panela:
½ kg de carne de vaca
½ kg de carne de borrego
½ galinha ou ½ kg de peru
120 gr de toucinho de porco preto
1 linguiça pequena
2 dentes de alho
1 cebola
1 colher de chá de massa de pimentão
1 folha de louro
1 raminho de salsa
1 ramo de hortelã
sal
pão duro cortado aos cubos
Numa panela introduza as carnes frescas e a linguiça, a cebola e a salsa, o alho, a massa de pimentão e o louro. Acrescente água bastante para o caldo e salgue levemente. Ponha a cozer em lume médio. Quando as carnes estiverem mais para o cozido, corrija novamente o sal. Deixe cozer completamente e retire a cebola, o alho e a salsa do cozinhado.
Numa terrina, deponha a hortelã no fundo e por cima o pão cortado aos cubos. Deite o caldo onde cozeram as carnes por cima das sopas. Corte as carnes e sirva em travessa à parte.
A sopa da panela tem um odor e um sabor capaz de erguer um moribundo. E se por ventura se acolita do vinho certo que, ao meu ver, deve ser um tinto jovem e leve, então meus amigos a coisa roça o deslumbramento.
O Alentejo e as sopas são uma fraternidade."