Para que se entenda a realidade oculta atrás das aparências da CGTP e a concepção do trabalho sindical controlado pelo PCP, em que os sindicatos valem na exacta medida em que o PCP os controle, discipline e utilize como meios de mobilização de luta política para o caminho da revolução, nada melhor que conhecer o que se passa onde o PCP tem dificuldades na concretização desse controle. Por exemplo, entre os professores da Grande Lisboa (SPGL) em que a lista proposta pelo PCP (lista B) perdeu as últimas eleições. Num caso destes, o enaltecimento da actividade sindical, tão cara aos comunistas, dá lugar ao ataque descabelado á direcção sindical fora do controle e joga-se despudoradamente na divisão e no sectarismo prosélito da fracção comunista. A entrevista feita pelo “Avante!” a três controleiros dos professores comunistas da Grande Lisboa (Ana Lourido, Sílvia Fialho e José Manuel Vargas) é elucidativa:
“A direcção do SPGL afastou-se das escolas e do trabalho com os professores e para os professores. O que se procurou fazer nas últimas eleições foi aproximar o sindicato das escolas, foi fazer com que os dirigentes voltassem às escolas. Os dirigentes não iam às escolas, e continuam a não ir! Excepto os que foram eleitos pela Lista B…”
(…)
“Esta acção da direcção do SPGL não é tão visível perante os professores porque, de certa maneira, é disfarçada e coberta pela FENPROF, que é uma organização prestigiada e que continua a ter uma actuação que consideramos correcta em defesa dos direitos dos professores. Diria até de outra maneira: a FENPROF não vai, por vezes, mais além porque há entraves dos elementos da direcção da SPGL. Agora vai haver um Congresso da FENPROF e nós esperamos que saia dali uma direcção renovada, combativa, mais interveniente e que seja capaz de dar resposta à ofensiva contra os professores, que se agrava dia a dia…”
(…)
“A actual direcção tem confirmado não reunir condições para dirigir o SGPL. E está a causar graves prejuízos ao movimento sindical docente e ao movimento sindical unitário. Nomeadamente através do boicote às lutas unitárias promovidas pela Frente Comum e, de forma encapotada, as promovidas pela CGTP.
Acusando a direcção do SPGL de ser incapaz de organizar a luta dos professores e a acção reivindicativa, o PCP lembra que a direcção deixa-se enredar em «ilusões negociais» com o Ministério da Educação e envolve-se em alianças com «forças sindicais inconsequentes, como a FNE e outros sindicatos paralelos». Em tudo, aponta, agem «como uma organização similar à dos sindicatos da UGT», de carácter reformista e conciliador.”
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