O nacionalismo, incluindo o nacionalismo inscrito no internacionalismo, ou já não é o que era ou é outra coisa diferente de há poucas décadas atrás. Por exemplo, o Kosovo. Lembro-me das secas que levava nas décadas de setenta e oitenta dos maoístas pró-albaneses que, sempre tão profundamente internacionalistas e tão minimamente nacionalistas, colocavam a autonomia e a independência do Kosovo como a causa maior do proletariado mundial. Quanto aos brejnevistas, longínquas já as décadas de nojo perante o titismo, a Jugoslávia integrava como suporte da ditadura local e camarada o reconhecimento da supremacia sérvia e, portanto, o Kosovo não passava de um tabu. Nos conflitos balcânicos que trouxeram a guerra de regresso à Europa, viu-se que o crime, a guerra, a carnificina, não iam parar até tropeçarem na questão do Kosovo. A Jugoslávia foi-se descascando como se fosse uma cebola em streap-tease, triturando ódios e corpos, repetindo crimes até à obscenidade. A orgia de crime e sangue só parou com a adição das bombas da NATO em cima dos sérvios. E, depois, quando parecia que nem a Albânia já estava interessada e motivada pelo Kosovo, este território decidiu-se independente. Entre a indiferença quase geral. Até os sérvios, em vez de bombardearem Pristina, protestaram politicamente e recorreram ao Tribunal Internacional. Perderam a causa e continuam a não bombardear Pristina. E os kosovares fizeram assim a modos que uma festinha. Não mais que isso vale hoje o Kosovo. Andaram tantos a matarem pelo Kosovo para quê?
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