Um Presidente da República deve ser unificador e abrangente. No todo nacional e em cada parte regional. Só um algarvio da costa mas muito sectário diria o que Cavaco disse:
“O Algarve e o mar têm cumprido um destino comum. O caminho para uma identidade algarvia será sempre definido como a busca de um encontro e de um abrigo num abraço permanente com o mar"
Ora esta é a realidade de meio Algarve, o mais meridional, o que foi da pesca e das conservas e hoje é, sobretudo, o Algarve do comércio, dos serviços, da habitação de estrangeiros reformados, do caos urbanístico e paisagístico e do turismo. Mas há a outra metade algarvia, a interior, a dos “montanheiros”, virada para a serra e para a terra, para o medronho, a alfarroba, o sobro e a caça, aquela que é um prolongamento mitigado do Alentejo, uma sua espécie brava que só as montanhas tentam separar. Perto geograficamente mas longe, económica, social e culturalmente, do Mar. E que é a parte mais pobre e mais esquecida do Algarve. Sem deixar de ser Algarve. O complexo atávico de homem de Boliqueime que habita em Cavaco, levou-o através de um discurso pomposo de Estado a varrer meio Algarve para debaixo do tapete. Assim, Cavaco já só é provinciano por metade. Tirem-no dali.
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