Não compreendo o banzé para com a história dos meninos que em Aveiro vão simular um acto memorialista acerca do velho Estado Novo, vestindo fardas da Mocidade Portuguesa e reproduzindo os rituais da vetusta agremiação que faliu por falta de adesões, até na sua época, numa iniciativa com cobertura pedagógica dirigida pelo respectivo Agrupamento Escolar. Se os professores de Aveiro não forem skin-heads nem maluquinhos da tola, o efeito inevitavelmente grotesco da representação pode fazer mais e melhor pela interiorização do antifascismo que umas largas centenas de anciãos a desfilarem pelas ruas a gritarem “fascismo nunca mais!” com punhos levantados a terminarem em cravos rubros. E se juntassem um desfile paralelo com outros meninos fardados da Organização dos Pioneiros do PCP, imitando aqui as criancinhas da então RDA, que existiu durante vários anos depois do 25 de Abril, não só ninguém morria por isso como então a cartada pedagógica tinha foros de propaganda cívica, útil e completa.
É um cálculo estupidamente contraditório atribuir-se ao que se odeia um sentido sacro de intocável. E se os meninos de Aveiro sentirem o mesmo que eu senti quando me vestiram aquela mesma farda de “piolho verde” no meu tempo de menino, então obrigatória, com um efeito insanável de vergonha e má figura que ainda hoje me marca a memória, decerto sairá dali um grupo catita de democratas e antifascistas de não quebrar nem torcer.
Vá lá, não sejam dogmáticos no nojo. E o teatro também é vida, mas outra. Como esta:
Não seja tão radical, lili, logo vc que transcreve no seu blogue poesia do António Manuel Couto Viana, que foi director da revista "Camarada" da Mocidade Portuguesa.
Leio, leio tudo de tudo. Mas eu não sou um radical proibicionista. Só não vou é aos eventos do sindicato da minha esposa, isso é só com ela e a sua classe, não mete socialite. No resto, proibir é o caminho mais veloz para atrair.
João, Longe de mim proibir a encenação que Aveiro queria levar a cabo, mas na era do audio-visual, E-Escola, do Magalhães é absurdo uma representação deste tipo sobre este assunto.
Quanto ao resto, não me meto a fazer comparações com a vida dos outros casais. A SITAVA entendeu comemorar com um jantar os seus 30 anos de vida, acho bem, quem gostasse podia levar acompanhante acho bem também.
Eu acho também bem, cara lili. Mas, francamente, não deixa de ser populismo menor e kitsh fazer um post a dizer que se foi a um jantar do sindicato do esposo.
Caro amigo João Tunes, Fiz link deste post num texto que publiquei hoje lá, no A Nossa Candeia... para depois descobrir que a informação em que assentavam os meus pressupostos era incompleta e errónea... não retirei o post mas enquadrei-o com as devidas explicações... Um grande abraço :)
Todos somos levados, uma vez por outra, pela má informação. Mas o alarido do Bloco, com intervençaõ inclusive de um seu deputado, é absolutamente irresponsável. Vc fez o que lhe competia, felicito-a por isso.
Concordo. Mas não deixa de me incomodar a saudação fascista e outros pormenores. Não sei se deixava a minha filha participar numa representação dessas, não me parece necessário. Outras maneiras haverá de ensinar História às criancinhas. ninguém se lembraria de pô-los a representar o Tarrafal, pois não?