Quarta-feira, 2 de Junho de 2010
Rosa Coutinho era o militar que aparentava um ar mais satisfeito, lúdico até, por estar na crista de uma revolução, a nossa. Talvez por isso, por ser o militar revolucionário mais feliz em o ser, o que só uma paz com a consciência proporciona a par de uma relação descontraída com as missões, foi o mais caluniado entre todos os militares de Abril. Mas nenhuma ofensa lhe perturbou a maior proximidade do riso e da demonstração da evidência dos factos que do carregar as sobrancelhas. Rijo, firme, inesquecível, este almirante hoje desaparecido.
(publicado também aqui)
De A.L.SAMEIRO a 2 de Junho de 2010
TAMBEM DEVE TER A CONSCIÊNCIA LEVE,DEPOIS DO RASTO DE SANGUE QUE DEIXOU PARA TRAZ.
Deixou ele e todos nós, enquanto povo na sua história. 500 anos de colonialismo e 13 anos de guerras coloniais deixaram, de facto, um enorme rasto de sangue, seco mas não a esquecer.
De a.l.sameiro a 3 de Junho de 2010
REORDO-LHE QUE PASSOU O PODER A UMA FACÇÃO.
A SEGUIR VEIO A GUERRA CIVIL JÁ SEM PORTUGUESES POR LÁ.
O VENCEDOR COMPRA AGORA POR AQUI TUDO E MAIS ALGUMA COISA.
O CRIME É CURAL SE FOR CANHOTO
IN NATALIA CORREIA EM EPISTOLA AOS LAMITAS
Mas isso foi do melhor que o Almirante fez, impedir a liquidação do MPLA. A guerra civil já vinha de trás, mais a intervenção estrangeira. Com a PIDE a apoiar a UNITA contra o MPLA e o Zaire a apoiar a FNLA contra o MPLA. E se a coligação UNITA-FNLA-África do Sul- Zaire-colonos extremistas não conseguiu derrotar o MPLA (com apoios soviético e cubano), isso já não é conta do rosário do Almirante. Os que choram pela falta de uma descolonização "exemplar" em Angola deviam ter aproveitado bem o tempo nos treze anos de guerra colonial em que preferiram a voz das armas. Depois e agora são lágrimas de crocodilo.
De Gin-tonic a 4 de Junho de 2010
Uma coisa era certa: com ou sem o acordo de Portugal, as ex-colónias portuguesas proclamariam as suas independências. Não existindo descolonizações perfeitas, poderemos concluir que a nossa foi a descolonização possível.
O papel dificilimo de Rosa Coutinho em Angola foi tentar evitar a marginalização do MPLA. E, diga-se, que, em 1975, o MPLA era o povo.
O resto a história há-de um dia contar.
E já agora, para precisão (um "pormenor" frequentemente esquecido): Rosa Coutinho só esteve em Angola, com missão da JSN, até 15 de Janeiro de 1975, data dos Acordos de Alvor. A partir desta data, a "pasta" passou a outros (por sinal, militares de direita).
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