Em princípio, um plano é um plano. Ou seja, um caminho, metas, uma expressão de opções estratégicas. Não há economia sustentada que não assente num plano. Embora tenha havido muitas economias que morreram, e com elas os regimes associados, por excesso, artificialismo e rigidez dos seus planos, de tal forma que os “planos” se transformaram, apenas, em armazéns de mentiras. Entre os extremos, o recomendável é que um plano seja simultaneamente flexível e firme, sem perda das propriedades estratégicas.
O PEC, que diferentemente de um plano é um compromisso de austeridade, ou até mera lista de castigos para exclusiva contenção do défice, desmerece totalmente a alcunha. No fundo, ultrapassando tudo o que se podia imaginar, o PEC, o nosso PEC, não só não está a revelar-se como um plano e, nunca tendo contemplado o crescimento, demonstra-se agora como ausente de intenções de estabilidade. Mal tinha nascido, já o PEC antecipava metas e ónus, acrescentando novos. E, cada dia que passa, o PEC não para de se descaracterizar e transmutar. Transformou-se, em dias, numa caixa de elásticos sempre a esticarem para o mesmo lado, o do castigo dos contribuintes, dos salários, das reformas, dos subsídios sociais. É um PEC que estica até ao fim dos limites os que trabalham ou trabalharam. Com a imaginação governamental a falir na capacidade de pensarem outros contributos, exigindo sacrifícios comportáveis, os quais só podem ser suportados pelos que melhor passaram ao lado da crise ou, inclusive, com ela beneficiaram. Não sendo nem plano nem factor de crescimento, rapa e desestabiliza os pobres, isentando os ricos de viverem a crise nos bolsos. Assim, é um título do cúmulo de três mentiras que juntaram à de se chamarem “socialistas”. Se lhe chamassem látego do défice sobre os pobres teriam o direito a morrerem politicamente na verdade semântica. E talvez isso lhes desse direito a recuperarem, mais tarde, por força da alternância. Assim, vão cair no pó da mentira. E pagarem por isso, enquanto a memória durar.
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