Esta notícia de uma tragédia em Lagos, na Nigéria (500 mortos):
“A violenta explosão de um oleoduto num bairro de Lagos, o maior centro populacional da Nigéria, matou mais de 500 pessoas e feriu um número indeterminado. As vítimas estavam a roubar combustível e as autoridades esperavam um balanço muito mais pesado de mortos.”
”Numerosos corpos incinerados eram visíveis no local do acidente. As testemunhas diziam que a vandalização do oleoduto tinha começado logo de manhã, quando um grupo de desconhecidos, usando camiões cisternas, lançou um roubo em larga escala. Isto atraiu a população local, que se juntou perto da abertura feita pelo primeiro grupo. Foi então que se deu a catástrofe. Súbita e devastadora. As vítimas foram queimadas vivas.”
”A penúria de combustível constitui um forte incentivo para a população vandalizar os oleodutos. Por isso, este tipo de incidente é frequente na Nigéria, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, com 2,6 milhões de barris diários.”
É um grito de absurdo de um mundo a viver no paradoxo. O da posse da riqueza e o seu usufruto. Num país riquíssimo em petróleo, sendo um seu importante exportador, não só as manchas de pobreza são enormes e em alto grau como ocorrem tragédias altamente mortíferas porque a segurança é atingida pelos roubos de combustível. Evidentemente que só se pode roubar o que existe e tenha valor. E está-se mesmo a ver o convite que representa bairros e aldeias, carentes de quase tudo, incluindo combustível, a serem atravessadas por tubos conduzindo o “ouro negro”. Grande tentação esta. Mesmo quando a morte é o prémio do saque.
Mas o paradoxo ficava melhor ilustrado se a notícia identificasse as grandes fortunas nigerianas. Que as há. Além de a Nigéria contar com o mais poderoso exército africano. Fortunas e Forças Armadas alimentadas a petrodólares. Que só sobram para os constantes golpes de estado.
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