O Conselho das Comunidades Portuguesas destacou, esta terça-feira, o aumento do número de portugueses a partir para o estrangeiro em busca de emprego. Apesar de não existirem números oficiais, o Conselho das Comunidades explicou que são sobretudo jovens quadros técnicos que têm vindo a abandonar o país.
O presidente da Comissão Especializada de Fluxos Migratórios do Conselho das Comunidades Portuguesas, Manuel Beja, contou à TSF que a situação actual só é comparável ao aumento da emigração registado na década de 1960 e acrescenta que, ao contrário do que aconteceu há 50 anos, agora são os mais preparados que estão a abandonar o país.
«O fenómeno dos quadros, com a intensidade com que se está a desenvolver, é algo único nesta fase de saída de portugueses para a emigração. Há muitas organizações não-governamentais que indicam que Portugal nunca traçou uma fase de tão elevado número de saídas. Esta fase é em tudo semelhante aos finais da década de 1960, a época da chamada "mala de cartão". São desempregados que têm esperança de encontrar um posto de trabalho noutros países, sendo muitos deles quadros técnicos e científicos», explicou Manuel Beja.
Manuel Beja notou ainda uma mudança nos destinos da emigração, esclarecendo que são cada vez mais os portugueses a partir para a Ásia e para o continente africano.
(…)
A TSF tentou obter números exactos sobre os valores da emigração nos últimos anos, mas a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas informou que não dispõe dessas informações e o Instituto Nacional de Estatística deixou de cuidar desse levantamento desde 2003.
Os "econonmistas" são lixados.
Ser-se lacónico é virtude. Mas, para a minha capacidade de compreensão, esta síntese escapa-me...
O laconismo girava em redor de uma estratégia concebida para ocultar a realidade. Assim os senhores do números deixaram de ter números. Simples. Concreto. Não há números desde 2003, meus caros, por isso... Talvez pretendam escamotear, esconder ou simplesmente varrer para debaixo do tapete. Dai que os "econonmistas " ou os tipos da estatística economizem em tudo, até nos números. Fui parco nas palavras, mas acontece-me. Estou a ficar "econonmista ".
De mariamar a 2 de Fevereiro de 2010
Porque será??? Os jovens sao tramados! com tao boas condiçoes de trabalho por cá!...os pais pagam-lhes os cursos e os ingratos, a seguir, dao à soleta! E andam os cotas a esfalfarem-se para isto!
Claro que esta situação já passou por mim... ou eu por ela. E passei um mau bocado quando o meu filho me pediu para me ir despedir dele porque no dia seguinte seguia para o Dubai. Sabia que assim seria, mais cedo ou mais tarde, mas fiquei com uma revolta tao grande, por este País nao ter capacidade de absorver a mao-de-obra jovem e qualificada. Andamos a investir na formação dos jovens para, a seguir, os entregarmos a outros países que os acolhem como bons profissionais. Mas reconheço que, se estivesse no lugar deles e quisesse enriquecer curriculo, faria o mesmo, apesar de achar que fazem cá falta. Neste momento, o sul da Europa só é atrativo para ferias.
Partilho plenamente as suas preocupações.
O que mais me arrepiou nesta notícia é a dualidade entre os pregões governamentais sobre a necessidade de investimento na qualificação dos jovens e na mão-de-obra enquanto a governo e o INE não ligam népia aos indicadores sobre a migração dos quadros.
Nada tenho contra a livre circulação dos trabalhadores, mais qualificados ou menos qualificados. E a globalização e os espaços comuns só podiam acelerar os fluxos migratórios. Mas tem um significado aterrador que, em Portugal, os fluxos de imigrantes sejam maioritariamente constituídos por trabalhadores nada ou fracamente qualificados e os trabalhadores portugueses qualificados constituam o grosso da nossa emigração. Porque demonstra que, enquanto se qualificam os jovens, as ofertas profissionais se concentram em trabalho de fraca qualificação (o que diz muito sobre o estado do aparelho produtivo e as apostas empresariais), cada vez menos atraentes aos nossos jovens licenciados e portanto só ocupáveis por imigração terceiro-mundista, enquanto as procuras de trabalho qualificado se viram para o estrangeiro (mas não, maoritariamente, para países desenvolvidos, o que nos poderia trazer, mais tarde, um retorno de desenvolvimento profissional).
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