Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2010

Emigração: agora vão os licenciados com telemóvel, computador portátil e mala com rodinhas mas, porque é considerado irrelevante, desligaram as estatísticas

 

Na TSF:
 
O Conselho das Comunidades Portuguesas destacou, esta terça-feira, o aumento do número de portugueses a partir para o estrangeiro em busca de emprego. Apesar de não existirem números oficiais, o Conselho das Comunidades explicou que são sobretudo jovens quadros técnicos que têm vindo a abandonar o país.
O presidente da Comissão Especializada de Fluxos Migratórios do Conselho das Comunidades Portuguesas, Manuel Beja, contou à TSF que a situação actual só é comparável ao aumento da emigração registado na década de 1960 e acrescenta que, ao contrário do que aconteceu há 50 anos, agora são os mais preparados que estão a abandonar o país.
«O fenómeno dos quadros, com a intensidade com que se está a desenvolver, é algo único nesta fase de saída de portugueses para a emigração. Há muitas organizações não-governamentais que indicam que Portugal nunca traçou uma fase de tão elevado número de saídas. Esta fase é em tudo semelhante aos finais da década de 1960, a época da chamada "mala de cartão". São desempregados que têm esperança de encontrar um posto de trabalho noutros países, sendo muitos deles quadros técnicos e científicos», explicou Manuel Beja.
Manuel Beja notou ainda uma mudança nos destinos da emigração, esclarecendo que são cada vez mais os portugueses a partir para a Ásia e para o continente africano.
(…)
A TSF tentou obter números exactos sobre os valores da emigração nos últimos anos, mas a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas informou que não dispõe dessas informações e o Instituto Nacional de Estatística deixou de cuidar desse levantamento desde 2003.

 

Publicado por João Tunes às 12:36
Link do post | Comentar
5 comentários:
De carlosfreitas a 2 de Fevereiro de 2010
Os "econonmistas" são lixados.
De João Tunes a 3 de Fevereiro de 2010
Ser-se lacónico é virtude. Mas, para a minha capacidade de compreensão, esta síntese escapa-me...
De carlosfreitas a 3 de Fevereiro de 2010
O laconismo girava em redor de uma estratégia concebida para ocultar a realidade. Assim os senhores do números deixaram de ter números. Simples. Concreto. Não há números desde 2003, meus caros, por isso... Talvez pretendam escamotear, esconder ou simplesmente varrer para debaixo do tapete. Dai que os "econonmistas " ou os tipos da estatística economizem em tudo, até nos números. Fui parco nas palavras, mas acontece-me. Estou a ficar "econonmista ".
De mariamar a 2 de Fevereiro de 2010
Porque será??? Os jovens sao tramados! com tao boas condiçoes de trabalho por cá!...os pais pagam-lhes os cursos e os ingratos, a seguir, dao à soleta! E andam os cotas a esfalfarem-se para isto!

Claro que esta situação já passou por mim... ou eu por ela. E passei um mau bocado quando o meu filho me pediu para me ir despedir dele porque no dia seguinte seguia para o Dubai. Sabia que assim seria, mais cedo ou mais tarde, mas fiquei com uma revolta tao grande, por este País nao ter capacidade de absorver a mao-de-obra jovem e qualificada. Andamos a investir na formação dos jovens para, a seguir, os entregarmos a outros países que os acolhem como bons profissionais. Mas reconheço que, se estivesse no lugar deles e quisesse enriquecer curriculo, faria o mesmo, apesar de achar que fazem cá falta. Neste momento, o sul da Europa só é atrativo para ferias.
De João Tunes a 3 de Fevereiro de 2010
Partilho plenamente as suas preocupações.

O que mais me arrepiou nesta notícia é a dualidade entre os pregões governamentais sobre a necessidade de investimento na qualificação dos jovens e na mão-de-obra enquanto a governo e o INE não ligam népia aos indicadores sobre a migração dos quadros.

Nada tenho contra a livre circulação dos trabalhadores, mais qualificados ou menos qualificados. E a globalização e os espaços comuns só podiam acelerar os fluxos migratórios. Mas tem um significado aterrador que, em Portugal, os fluxos de imigrantes sejam maioritariamente constituídos por trabalhadores nada ou fracamente qualificados e os trabalhadores portugueses qualificados constituam o grosso da nossa emigração. Porque demonstra que, enquanto se qualificam os jovens, as ofertas profissionais se concentram em trabalho de fraca qualificação (o que diz muito sobre o estado do aparelho produtivo e as apostas empresariais), cada vez menos atraentes aos nossos jovens licenciados e portanto só ocupáveis por imigração terceiro-mundista, enquanto as procuras de trabalho qualificado se viram para o estrangeiro (mas não, maoritariamente, para países desenvolvidos, o que nos poderia trazer, mais tarde, um retorno de desenvolvimento profissional).

Comentar post

j.tunes@sapo.pt


. 4 seguidores

Pesquisar neste blog

Maio 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Nas cavernas da arqueolog...

O eterno Rossellini.

Um esforço desamparado

Pelas entranhas pútridas ...

O hino

Sartre & Beauvoir, Beauvo...

Os últimos anos de Sartre...

Muito talento em obra pós...

Feminismo e livros

Viajando pela agonia do c...

Arquivos

Maio 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Junho 2013

Março 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

Fevereiro 2004

Links:

blogs SAPO