
O PS tem o (um) “problema Alegre” para clarificar. Que o faço com bom proveito, tempo e maneiras. Mas a esquerda da esquerda tem dois “problemas Alegre”: o “de Alegre” propriamente dito, baseado nas suas “insuficiências”, mais o da eventualidade de o PS e Sócrates apoiarem Alegre, integrando este na “cumplicidade com o governo de direita”. A esquerda que passa o tempo a queixar-se de que os governos PS defraudam o eleitorado de esquerda que vota no PS, a maioria das vezes com razão, formatou-se no nojo ao PS, do tipo do “antisocialismo primário”. E com uma veemência que lhes impede a distinção entre o cú e as calças e insistindo em duas generalizações igualmente abusivas: na contabilidade anti-direita, todo o PS entra na “conta de esquerda”; para desancar a direcção centrista do PS, ninguém do PS sobrevive para as causas de esquerda. Neste sentido, a candidatura de Alegre assume várias utilidades, além da principal que é despejar Cavaco de Belém, espalhando sapos e, eventualmente, bons proveitos, dentro e fora do PS, na esquerda. Como a dinâmica de congregação, confiança e motivação arrancaram, o resto vai porque tem que ir. E vai. Menos para os estacionados na estação do rancor, os da esquerda congelada, a ver o comboio passar.
Imagem: Uma escolha para partilha de gosto irónico com o Miguel Cardina.