
Rui Bebiano descoseu-se. Tirou o azimute ao sapo, registou-lhe as medidas como poeta e como político, salvando-lhe (vá lá, coisa espantosa num então maoísta a sintonizar, na noite marcelista, as ondas hertzianas da Rádio Argel) a oralidade nas noites da Voz da Liberdade, valorizou-lhe os defeitos e os nojos, só quase faltando apontar-lhe o defeito de ter nascido em Águeda, vomitou-o politicamente antes de o (re)engolir, fechando a peça com o anúncio da sua disponibilidade em vontade, em cheque político pré-datado, de conceder o voto em Alegre. Quando assim é, só se pode concluir: o sapo está no papo. Entretanto, para Rui Bebiano, Alegre é um veículo, o que é uma estranha, mas não inédita, forma de encarar (e, olimpicamente, apoiar com distância) um candidato a futuro Presidente da República, mas que representa, igualmente, uma forma esquisita, quando Alegre é a única alternativa viável à recondução do actual inquilino de Belém, de perdoar a Cavaco Silva o pior do seu actual mandato - a forma encapotada mas descarada como vestiu o lençol do fantasma da oposição laranja a Sócrates. E para Rui Bebiano, honra lhe seja feita, ele que é um académico coimbrinha e de ponta com provas dadas e comprovadas, um intelectual rigoroso com os factos e os termos, construindo com ambos os talentos a sua admirável estética de escrita, não é factível que diga o que não quer dizer ou aquilo em que não acredite ou simplesmente aposte. Mas seja o que for e como for, sabe bem, a um alegrete como eu, ler assim:
Eh! Eh!Eh!
Sim, há que conter os nervos, esperando pela volta.
Caro João Tunes,
Pode votar-se na pessoa sem a amar ou achá-la perfeita e inatacável. Aliás, será assim que a maior parte das pessoas votará em MA. Já dei para o peditório dos seres providenciais...
Abraço,
RB
Pode e deve-se, caro Rui Bebiano. Como ao contrário. Por exemplo, eu tenho estima e admiração por si mas suponho que nunca lhe daria o meu voto se tencionasse rumar a Belém.
Abraço.
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