Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2009

Dêem-lhe o prémio mas não travem o contraditório para que o senhor bispo, mais facilmente, ganhe o reino dos céus

 

Podemos e devemos entender o júbilo de qualquer um perante um prémio e um premiado e com a mesma dignidade democrática da posição dos que discordam da escolha. Sobretudo se o enaltecido é alguém que veste “a camisola” e a usa bem, realçando-se a raridade no quadro do seu meio, o que não está em dúvida. Mas dois livros publicados de difusão discreta a somar a uma intervenção pública sujeita à polémica e uma obra pastoral que se acredita como justa, podem ser premiáveis mas não justificam o direito à unanimidade. Isso seria como considerar o Prémio Pessoa como uma reedição do Prémio Estaline da Paz, onde os contestatários teriam direito ao purgatório do Gulag ou ao inferno do tiro na nuca em Lubianka. Em democracia, um premiado, em qualquer prémio, será sempre sujeito ao contraditório, nunca à bajulação. Se eu e outros como eu consideram que o Prémio Pessoa 2009 foi atribuído a Manuel Clemente mais como uma ofensiva catolicista que nos prepara um 2010 beato, com papa e circunstância, e que corroa o laicismo constitucional, do que um reconhecimento isento e prestigiante de méritos próprios, isso não diminui nem ofende o premiado, se ele for eucuménico e com uma tolerância tamanha que abranja os incréus, os jacobinos, os blasfemos e até os carbonários do tempo presente, todos cidadãos com direito à vida. Julgo que até Maria Barroso, tendo votado, provável e indirectamente, no premiado, usando supostamente a sua influência conjugal, compreenderá que, com polémica, o prémio quadra melhor, assim, ao senhor bispo.

 

Publicado por João Tunes às 14:50
Link do post | Comentar
1 comentário:
De Anónimo a 14 de Dezembro de 2009
Comentário apagado.

Comentar post

j.tunes@sapo.pt


. 4 seguidores

Pesquisar neste blog

Maio 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Nas cavernas da arqueolog...

O eterno Rossellini.

Um esforço desamparado

Pelas entranhas pútridas ...

O hino

Sartre & Beauvoir, Beauvo...

Os últimos anos de Sartre...

Muito talento em obra pós...

Feminismo e livros

Viajando pela agonia do c...

Arquivos

Maio 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Junho 2013

Março 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

Fevereiro 2004

Links:

blogs SAPO