
Há uns anos atrás, fiz umas férias inesquecíveis na Sicília. Foi uma descoberta deslumbrante da ilha magnífica que é a pedra em que a bota dá um estático pontapé, sem que a bota e a pedra se movam, felizmente. Nessa viagem sempre ocupada em fascínios acumulados de descobertas deslumbrantes (pela natureza, pela luz, pela cor, pela monumentalidade, pela paisagem humana e social, pela distância relativamente à saturação turística, pelo reencontro - em transposição da cinefilia para o real - com Salvatore Giuliano), nunca liguei a televisão nos quartos de hotel, nem mesmo durante a estadia mais prolongada em Palermo. Descobri hoje, ligado á RTP, a seguir ao telejornal, que, com atraso vingativo da minha abstinência da televisão siciliana, não é possível escapar-se aos braços longos da famiglia.