Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009
Duas tentativas de reciclar em faces claras a sucata política
1 - Sempre tive fascínio pelo trabalho dos sucateiros. E as duas vezes que a eles recorri, para alívio de emaranhados de estruturas de ferros e arames juntamente com restos de maquinetas inúteis que me exasperavam pela envolvente de caos e decadência que poluíam a minha paisagem privada de lazer, ampliou-me essa velha admiração. Assistir a um monte disforme de estruturas metálicas e de maquinetas com mais ferrugem que função a sair-nos porta fora e depois confirmar a forma airosa como a equipa de sucateiros lida bem com aquela decadência inorgânica, transportando-a com a mesma facilidade com que eu arrasto um saco de hipermercado, depois compactá-la e a reintegrar na cadeia produtiva como matéria prima de máquinas novinhas, é um regalo para quem acredita na velha máxima de Lavoisier. É esta conivência de admiração que me faz entender bem o grito de alma do advogado de Godinho e que traduzo assim: um homem que consumiu o talento e a saúde como sucateiro, a virar velho em novo, não tem reservas vitais para aguentar a solidão e a preguiça forçada de uma cela prisional, sobretudo se exaspera a ver as grades enferrugarem-se sem as poder reciclar. Por mim, liberte-se o Godinho, entregando-o a um médico munido de meios clássicos de contenção de fuga à justiça. Mas se insistem em manter alta a ocupação prisional, sem se sair do círculo da corrupção, meta-se no lugar do Godinho esses graúdos que, sem nunca torcerem um ferro velho, amealharam arames de metal nobre.
2 – A “cooperação estratégica” escusava de dar nisto: Sócrates a ser contaminado pela paranóia de Cavaco, um morto político provocado pela pandemia das escutas.
De Persa a 14 de Novembro de 2009
Ninguém pode ser escutado sem autorização de Juiz. Ninguém.
A única diferença é que no caso de Cavaco, Jaime Gama e Sócrates esse juiz é o presidente do STJ.
Autorização do juiz para escutar um suspeito é ouvi-lo a falar com terceiros. Para esses terceiros serem ouvidos não é necessária autorização DESDE QUE ESTEJA A FALAR PARA O TELEFONE SOB ESCUTA.
Se não fosse assim a lei das escutas não produzia efeitos : só se podiam escutar pessoas a falar consigo próprias ou outros suspeitos eles também sob escuta.
Em resumo pode-se escutar qualquer pessoa que comunique com uma pessoa sob escuta judicial. Os direitos dessa pessoa não estão a ser violados.
Quem estava sob escuta era o Vara. Com autorização do Juiz. O Sócrates foi ouvido legalmente pois comunicou com um escutado. Não há qualquer razão sequer para pedir autorização ao juiz para ouvir Sócrates pois não se montou escuta ao telefone do cromo.
Quanto à acusação do Governo de que o Sistema Judicial é uma organização criminosa é mandatório que o Governo apresente as provas que tem dessa acusação.
Se não tem provas, se é um insulto para, atirando lama para cima das pessoas, safar os alegados corruptos do governo, então o governo tem de ser demitido.
Ao afirmar sem provas que o Sistema Judicial é uma organização criminosa o Governo está a pôr em causa o regular funcionamento de uma instituição democrática.
Demissão já.
A única diferença é que no caso de Cavaco, Jaime Gama e Sócrates esse juiz é o presidente do STJ.
Autorização do juiz para escutar um suspeito é ouvi-lo a falar com terceiros. Para esses terceiros serem ouvidos não é necessária autorização DESDE QUE ESTEJA A FALAR PARA O TELEFONE SOB ESCUTA.
Se não fosse assim a lei das escutas não produzia efeitos : só se podiam escutar pessoas a falar consigo próprias ou outros suspeitos eles também sob escuta.
Em resumo pode-se escutar qualquer pessoa que comunique com uma pessoa sob escuta judicial. Os direitos dessa pessoa não estão a ser violados.
Quem estava sob escuta era o Vara. Com autorização do Juiz. O Sócrates foi ouvido legalmente pois comunicou com um escutado. Não há qualquer razão sequer para pedir autorização ao juiz para ouvir Sócrates pois não se montou escuta ao telefone do cromo.
Quanto à acusação do Governo de que o Sistema Judicial é uma organização criminosa é mandatório que o Governo apresente as provas que tem dessa acusação.
Se não tem provas, se é um insulto para, atirando lama para cima das pessoas, safar os alegados corruptos do governo, então o governo tem de ser demitido.
Ao afirmar sem provas que o Sistema Judicial é uma organização criminosa o Governo está a pôr em causa o regular funcionamento de uma instituição democrática.
Demissão já.
De Senhor Circunspecto a 15 de Novembro de 2009
«munido de meios clássicos de contenção de fuga à justiça»...
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