
Precisamente há 80 anos, ocorreu o crash bolsista em Wall Street que abalou o mundo. Na Alemanha, ajudou ao aprofundamento radical da crise ali vivida após a derrota na I Guerra Mundial e permitiu a subida do nazismo ao poder e os efeitos mundiais associados. Enquanto, no mesmo ano – 1933 - em que Hitler se apoderou do poder alemão, Franklin D. Roosevelt lançou o programa New Deal que não só relançou a economia norte-americana como a mundial. O paradigma comunista (ou, mais precisamente, revolucionário) sempre fixou o crash de 1929 como o momento apocalíptico mais alto e mais desejado do anúncio da eminência do fim do capitalismo (o dogma da finitude do capitalismo, a morrer vítima das suas contradições internas, é o mais recorrente da cartilha marxista-leninista). Numa euforia de esperança ideológica que se iria repetir em 2008, com o advento de uma crise financeira que traria, supunham os revolucionários serôdios, a “confirmação” da “morte capitalista anunciada” de 1929 e a “vingança” do suicídio comunista de 1989-91. Mas, no sistema capitalista norte-americano e no mundial, o que o crash de 1929 trouxe, de duradoiro, foi o New Deal e, por causa dele, a criação da base económica que permitiu não só a derrota do nazi-fascismo (incluindo o apoio decisivo prestado à URSS para suportar o esforço de guerra soviético no seu embate com a máquina militar nazi) como a reconstrução europeia depois da II Guerra Mundial com subsequentes décadas de prosperidade nunca antes alcançadas pela maior parte dos povos europeus. Não sendo fácil alijar-se um dogma, haja então paciência, muita.
João Tunes, uma coisa parece-me evidente: o capitalismo não é o fim da história.
O "fim da história" foi uma parvoíce redutora espalhada por um guru neo-liberal e neo-con, adoptando simetricamente uma tese clássica, um mito, do comunismo (a sociedade comunista seria a perfeição humana e social, um culminar da caminhada humana e, portanto, sem espaço para a sua superação). Nem o capitalismo nem o comunismo o são ou serão. Há muita história para fazer e contar até que o capitalismo resolva os problemas das desigualdades e das explorações sem problematizar a essência democrática assim como para superar as ditaduras comunistas pela subida dos povos que as sofrem até à democracia. Mas a história, para continuar, não precisa de apocalipses-maternidades. Como vc diz: "parece-me evidente".
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