Há cada coincidência: descobri que Francisco José Viegas anda com pesadelos nocturnos (de leitura) coincidentes com os meus, pois também me está a acontecer a leitura diária de cinquenta páginas da monumental obra de Simon Sebag Montefiore (“Estaline – A Corte do Czar Vermelho”, Editora Alêtheia). E por muito que se tenha acumulado conhecimento sobre a patifaria despótica e sanguinária bolchevique, não deixa de se ficar com uns arrepios cada vez que a brutalidade se nos mete a nu olhos dentro, para mais quando se pensa no número excessivo de seguidores que ficaram para semente e que calam aqueles crimes, ou mesmo os negam, chamando-lhes erros e desvios, porque desejosos de os repetir para que todos (os que sobrarem do matadouro) sejam iguais e felizes, sem exploradores nem explorados.
Diga-se em abono do livro que, embora pela capa e pelo título pareça edição de fancaria da propaganda sobrada da guerra fria, ele é uma notável sistematização de análise ao consulado estalinista (enriquecido pelo acesso recente aos documentos de arquivo na Rússia) nas várias componentes paranóicas do marxismo-leninismo e da multiplicidade de responsabilidades (que não se esgotaram na mera figura do ditador) numa ideologia de destruição e crime, só concretizável na forma de entorse patológico da política. E pela visão abrangente com que enfoca o terror estalinista, não é nem banal nem repetitivo. Antes, é uma autêntica descida histórica ao inferno.
[Sobre esta obra oportuníssima e monumental, aconselho a leitura da apreciação entendida de Rui Bebiano]
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