Quarta-feira, 30 de Setembro de 2009

Que fumo saíu da reunião de balanço eleitoral do Comité Central do PCP? Uma amostra de reflexão política acerca dos motivos pelos quais o PCP não consegue transformar significativamente em votos a seu favor o protesto que mobiliza e organiza através da sua máquina sindical? Ou porque, no rescaldo do acto eleitoral, numas eleições de profunda hemorragia de votos do governo e do primeiro-ministro que tão encarniçadamente combateu, a CDU se vê relegada para o lugar de “lanterna vermelha” das forças partidárias com assento parlamentar, deixando-se ultrapassar pelo CDS e pelo BE? Ainda sobre as razões pelas quais tantos participam em iniciativas organizadas pelo PCP de protesto social mas não têm para com este partido a confiança suficiente para lhe entregarem as chaves de um poder que possa ser alternativa? Nada disso. Este Comité Central não sabe o que é a autocrítica e por isso não a usa. Vangloria-se das migalhas de uns tantos votos a mais, desclassifica os votos dos eleitores que preferiram outras forças de protesto, reenfatiza a luta de massas e de rua. E queixa-se, em desculpa esfarrapada mas sempre repetida, que foi vítima da discriminação da comunicação social, aspecto que no concreto nunca provaram ou sequer apresentaram durante a campanha por se tratar de um mero tique vitimizador e sem qualquer suporte na realidade. O costume num partido virado para o seu umbigo vanguardista. Que vive as eleições, sabendo-se incapaz de produzir mudanças políticas através de uma disputa eleitoral taco a taco com outros partidos, como sendo apenas um “intervalo” no caminho de uma imaginada revolução.Confirmando o eterno problema do PCP relativamente a eleições: os eleitores topam-no.