Sábado, 26 de Setembro de 2009

O PS só será de esquerda se for forçado a isso. Porque o seu socialismo é elástico mas adquiriu uma deformação por vício de inércia de só esticar para a direita. É preciso torcer o elástico, puxando-o para a banda contrária, a que nunca visitou. O pacto entre Sócrates - um viciado no centrismo - e o situacionismo em que o partido cristalizou impedem que a “banda esquerda” do “elástico” seja puxada de dentro. Esta campanha demonstrou-o. Foi a erosão à esquerda do seu eleitorado que “virou” a campanha do PS para que esta se aproximasse, em discurso, da esquerda e daí contivesse a investida da direita, desarticulando-a, recuperando dos danos do erro de casting cometido nas europeias em que o PS teve a ideia peregrina e suicida de dar a cabeça da lista a um situacionista mais papista que o papa. O Bloco de Esquerda, até como prémio à franqueza escancarada com que exibe as suas debilidades e incongruências, merece a oportunidade de assumir a responsabilidade de puxar a governação do PS para a esquerda em vez de se acantonar na radicalidade infantil do protesto. Por razões políticas e sociais: a taxa do desemprego, as disparidades sociais extremadas, a dignificação dos pobres substituindo a caridade por direitos e dignidade, a podridão da política externa herdada de Amado, pela superação dos atavismos que bloqueiam a modernidade nos costumes, a necessidade de temperar decisões e reformas com o diálogo, a recolocação de valores e da utopia no projecto e no programa. O encontro entre o PS e o Bloco dar-se-á quando o primeiro se dispuser a casar reformas com justiça social e o segundo a deixar cair a ganga da demagogia que lhe está agarrada às fraldas. Ocorrendo agora ou mais à frente mas cedo ou tarde a realidade vai impô-lo, dinamizado de cima para baixo ou de baixo para cima. Para já, mais votos no PS que lhe dessem nova maioria absoluta dariam em mais do mesmo Sócrates. Enquanto mais votos no Bloco são uma oportunidade de mais esquerda para a esquerda. Portanto, dar-lhe-ei o meu voto, que mais que útil é o que julgo ser necessário.
De Filipe a 26 de Setembro de 2009
Sim claro, nem se questiona João. Também já me decidi à muito tempo a votar no BE ou no PC por pura necessidade. Se existe alguma chance de combater o maior problema do nosso país que é a corrupção, a esquerda encontra-se dentro dela.
De Jorge Conceição a 26 de Setembro de 2009
Clara e certeira análise! Estou aí, como diriam os brasileiros. Uma reflexão "resplandecente"!
De ALBERTO a 26 de Setembro de 2009
Não sabia que se podiam fazer reflexões tão tendenciosas , demagógicas,utópicas, mesmo no dia justamente em que todos deveriam reflectir sobre o que queremos efectivamente para o país!
Post não apoiado.
De Francisco António a 28 de Setembro de 2009
Ao não fazer maioria com o PS o BE não servirá para outra coisa que não o protesto. Que utilidade terá?
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