Nelson Mandela, o mais idolatrado combatente da liberdade, não bateu o record absoluto de Mário Chanes de Armas, o cubano octogenário que cumpriu 33 anos de prisão política, a que se adicionaram 15 de exílio. Portanto, o preso político que, em todos os tempos, teve maior permanência em cárceres de ditaduras. E o plural de ditadura está aqui empregue com propriedade, pois Mário Chanes de Armas foi um prisioneiro que experimentou o castanho e o vermelho da brutalidade da opressão da liberdade – três anos nas prisões do ditador Batista por ter participado no ataque ao quartel Moncada, juntamente com Fidel Castro; trinta anos nas prisões de Fidel Castro por discordar do rumo ditatorial da revolução cubana. Entre uma e outra prisão, uma experiência revolucionária como “barbudo” (participou no desembarque do “Granma”, foi combatente da Sierra Maestra e participou na primeira fase da revolução cubana). Depois de sair das masmorras de Fidel, em 1991 (com pena cumprida até o último dia), sobrou-lhe o exílio. Hoje, é um exilado sobrevivo sem direito sequer a memória, agora por força de outra ditadura, esta inelutável, a doença de Alzheimer. Que também rouba a Mário Chanes de Armas a recordação dorida do seu maior sofrimento enquanto longo prisioneiro: quando Fidel enfiou na prisão este seu antigo “companheiro”, em
A falta de memória, por doença, de Mário Chanes de Armas, pode e deve ser compensada, na medida do possível, por aqueles que, saudáveis e estimando a liberdade como bem supremo, não “negoceiam politicamente” a memória, pelo menos a memória, neste tempo em que os ditadores e as ditaduras vão-se indo com as cinzas do tempo.
A ler aqui a última entrevista de Mário Chanes de Armas (já com problemas de memória, mas ainda lúcido). Na imagem de cima, uma sua foto recente. Na imagem de baixo, uma fotografia tirada clandestinamente a Mário Chanes de Armas numa prisão de Fidel Castro, o ditador conservado em “segredo de Estado”.
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