Obviamente que, em si, a compra-venda de acções da SLN por Cavaco Silva & Família não tem ponta de criticável. Porque a ninguém se pode verberar entrar no jogo bolsista, obter mais-valias, declarando-as como património tributável. Haveria aqui um ponto final se não houvesse lugar para uma adenda interrogativa. Um súbito investimento de poupanças tão dirigido não pressupôs uma confiança prometida no florescimento genial de um certo e determinado grupo empresarial que germinou da cúpula política do investidor e onde pontificavam, na estratégia e na gestão, figuras gradas do seu partido, do seu governo e do seu staff de carreira política? E, ainda, para uma constatação: Cavaco Silva & Família obtiveram mais-valias inteligentes de investimento accionista na SLN/BPN na fase de lançamento do grupo no que foi o “santo” para a “senha” posterior da actividade degradada do mesmo grupo. No mínimo, haja maneiras de Cavaco Silva quando este voltar a vestir as vestes professorais de analista qualificado das causas fundas da implosão do sistema financeiro especulativo. Ter comido as castanhas no tempo oportuno não lhe dá alforria de observador impoluto dos assadores de castanhas que as esturricaram. As castanhas vieram do mesmo castanheiro.
PS – E avaliem bem as falhas da supervisão. Até ao fundo, além da queima preparada para Vítor Constâncio. Oxalá não tropecem em Manuela Ferreira Leite na sua passagem pelo BdP, o que seria péssimo para o reflexo na sanidade do sistema democrático.