Transcrevo uma reflexão serena e penetrante de um agnóstico (meu primo, porque eu sou de família sanguínea mais radical) sobre a “entente” cordial e circunstancial entre dois mandantes de supremacias monoteístas, dilacerando ambos, com espadas de fé oficial e oficiante, o corpo ameaçador do laicismo. Subscrevo e só acrescento de minha lavra: e a Turquia aqui tão perto. Quase Europa, por obra e graça dos laicos estratégicos ávidos de retaguardas confortáveis em que outros nos façam as fronteiras, desviando-as para longe e deixando-nos a adormecer e engordar nos ricos e remediados sofás europeus.
Disse, inspirado, o Luís Januário:
“Virados para Meca mas sem ajoelhar. Rezando. Ou meditando, uma coisa que todos podemos fazer. Assim vimos os corifeus das duas grandes religiões monoteístas, as mais mortíferas. E no fim, sorriam, coisa boa.”
”Não sabemos de que falaram, se falaram. Ou o que disseram os que por eles falaram. Dizem que Bento XVI procurava o apoio do Islão para o seu grande objectivo, contrariar a laicização do Ocidente. Mas isso que importa. A imagem fica. Na Mesquita Azul o homem de branco é um laico do islamismo. Não faz sentido para ele rezar virado para Meca. Não acredita no Profeta, na revelação, nos ensinamentos do Corão. Não acredita naquele deus. Mas respeita os crentes daquela fé e respeita aquele espaço. Um verdadeiro agnóstico do islamismo, fazendo o que nós, os agnósticos do cristianismo, fazemos nas Igrejas. Soltar o espírito. Como dizia Unamuno e Lodge citou no final de um dos seus melhores romances: Há um momento em que podemos estar juntos,
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