Sábado, 2 de Maio de 2009

Duque disto, conde daquilo, marquês de uma coisa qualquer. Trinta e nove é o número de títulos nobiliários que Franco, ditador de Espanha por graça de Hitler, Mussolini, Salazar, Pio XI e Pio XII, espalhou em Espanha para brasonar militares golpistas, chefes falangistas e grandes patrões, utilizando um poder que a si próprio atribuiu por decreto em 1948. Fazia parte dos seus poderes e caprichos. Não surpreende. O que admira é que, com a Espanha devolvida à democracia há trinta e quatro anos, estes títulos de nobreza continuem a ser oficiais e constar da ”lista de títulos e grandezas do Reino” registada no Ministério de Justiça. E que continuem a ser legados aos descendentes dos figurões do fascismo espanhol graduados em nobres por Franco. Com o rei a não enjeitar a companhia desta nobreza canalha. Uma vergonha entre as vergonhas muito pouco nobres.
Imagem: Franco cumprimenta o Conde de Alcázar de Toledo (uma fortaleza militar na cidade de Toledo que sediou um dos episódios mais propagandeados da ofensiva fascista pelo cerco e conquista de Madrid), título que atribuíra ao general Moscardó, um dos oficiais golpistas que, como coronel, o apoiara a lançar Espanha numa guerra civil que destruíu grande parte do país e ceifou as vidas de um milhão de espanhóis.
De Ana Paula Fitas a 2 de Maio de 2009
Obrigado pelo texto cujo teor põe a nu informações relevantes para o verdadeiro conhecimento das dinâmicas socio-políticas subjacentes e subliminares a realidades sociológicas que parecem tranquilizar a todos - como se bastasse dizer "democracia" para se ser efectivamente Democrata. Um abraço.
De José Eduardo de Sousa a 2 de Maio de 2009
Pasme-se.
Enquanto foi/vai decorrendo o espectáculo duma monarquia, com mulheres a suavizarem-nos o coração, e homens de grandes e imponentes alturas, umas e outros tapando-nos as vistas, não se ia vendo essa velha oligarquia nobilitada. Nobres, pois então, Condes e Duques. Por aquele generalíssimo que tantas balas tinha enfiado no peito dos “republicanos” tidos por inimigos. Para mais tarde, enfiar, não balas, mas medalhas no peito dos seus mais queridos. Para que os títulos de nobreza que também enfiava nos seus largos bolsos mais brilhassem e mais luzissem.
Enfim, aquela transição – por que tantos se mostram gulosos, enquanto arrancam cabelos com a nossa/sua experiência – tem muito de transcrição. Uma transcrição também é uma “transição”. Não foi o rei declarado, proclamado herdeiro da coroa? Não foi o rei também transcrito, não está o rei, ali no seu lugar, transcrito. Nós já nem dávamos por isso! E foi transcrito pelo mesmo Franco que lhe deu, vá lá, o patamar superior e o maior cadeirão. Fez bem, este desempenha bem o seu papel de rei.
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