Quinta-feira, 28 de Agosto de 2008

MEDALHAS “PER CAPITA”

 

 

O Daniel procedeu a um curioso e pertinente (re)cálculo dos méritos medalhísticos relativos obtidos pelos países nos JO de Pequim. Em vez da contabilidade oficial bruta por número de medalhas conquistadas, como se o potencial desportivo de meios humanos em todos os países fosse uniforme, o Daniel relacionou o número de medalhas conquistadas com o número de habitantes e de que resultou o seguinte ranking do “top 12” (interessante, sobretudo, constatar como pequenos e muito pequenos países demonstram uma superioridade de capacidade competitiva relativamente aos “gigantes” que oficialmente foram considerados os “mais medalhados”):
 
Jamaica 407,4
2º Eslovenia 248,7
3º Australia 227,7
4º Nueva Zelanda 225,0
5º Noruega 212,7
6º Cuba 212,3
7º Bielorrusia 186,2
8º Mongolia 137,9
9º Georgia 130,4
10º Letonia 130,4
11º Dinamarca 129,6
12º Eslovaquia 113,2
Publicado por João Tunes às 19:53
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7 comentários:
De A.Teixeira a 28 de Agosto de 2008
Claro que este interessante e objectivo indicador também nos pode mostrar quanto o desporto "tem vindo a decair" depois da extinção da saudosa RDA .

É que, por estas contas e contando as medalhas ganhas por aquele antigo país (102) nos últimos Jogos Olímpicos onde participou (Seul 1988), a RDA ficaria num destacadíssimo 1º lugar com um índice de 633,1...

Ora, sabendo o que se sabe hoje de como muitos daqueles feitos eram realizados e constatando a diferença do índice da Jamaica para os outros países, não será caso para nos perguntarmos se não se terão descoberto um novo tipo de "charros" por ora indetectáveis no controlo anti-doping "?
De João Tunes a 28 de Agosto de 2008
Concordo que um indicador é apenas um ... indicador. E, efectivamente, a performance desportiva real não deve ser confundida com o nº de medalhas conquistadas (basta ter em conta os estranhos critérios como várias modalidades se desdobram numa infinidade de variantes, multiplicando-se de edição em edição). De qualquer forma, indo ao critério das medalhas, o seguido pelo Daniel parece-me um medidor mais correcto que o oficial, assente no número bruto de medalhas. Obviamente que não partilho o "determinismo conspirativo" que associa a Jamaica aos criminosos procedimentos desportivos na RDA de tão má memória. Sem qualquer suporte para a dúvida (ou há?), repugna-me levantar uma suspeição tão leviana. Ou baseia-se nalguma lei (de que lavra?) que garante que todo e qualquer sucesso é corrupto?
De A.Teixeira a 29 de Agosto de 2008
Os indicadores sempre foram só e apenas indicadores. Precisam é de ser interpretados. Se não forem interpretados, uma temperatura de 38ºC num termómetro ou um registo de 20/12 num medidor de tensão arterial podem não indicar nada quanto ao estado de saúde de quem as registou…
Mas, mesmo na ignorância, e apenas se se proceder à comparação com os valores que são considerados normais (a temperatura humana andará à volta dos 36,1 a 37,5º e a tensão arterial 11-14/7-9), suponho que quem leia os indicadores dali se possa atrever a extrair algumas informações sobre o seu estado de saúde…
Obviamente, há quem tenha treino de interpretação numérica, como também pode haver quem não tenha, nem sequer tenha sensibilidade para isso… No Quadro que apresentou no seu poste, João Tunes, o valor correspondente à Jamaica aparece destacadíssimo (+ 64%) ao do país que imediatamente se lhe segue. Foi aquela enorme disparidade que me fez simular qual seria o resultado (arrasador…) da RDA em 1988, último ano em que ela concorreu.
Eu costumo dizer que há resultados normais, bons, muito bons, excelentes… e anómalos. O da Jamaica parece-me ser claramente anómalo, embora possa haver outras explicações para isso, além da do “doping”. Afinal eu só coloquei a questão…
É que a prudência de não a colocar e de até censurar quem a coloca, como me parece que fez, João Tunes, fez-me lembrar o mesmo tipo de argumentação que ouvi há 20 anos, quando as “anomalias” afectavam a RDA , cujos procedimentos desportivos o João Tunes hoje classifica de criminosos…
O tipo e a forma de argumentação que agora invocou ao terminar (como a falta de “suporte” para a dúvida, a classificação da suspeição de “leviana” ou a insinuação que a questão é levantada por despeito pelos resultados alcançados) parece-me rigorosamente idêntico a quem na altura atacava aqueles que questionavam a “limpidez” dos resultados alcançados pelos atletas da RDA …

E nunca se esqueça que, enquanto durou, sempre foram residuais os casos de atletas da RDA apanhados nos controlos
De paulo santiago a 29 de Agosto de 2008
Porque temos de considerar anómalos os resultados
da Jamaica?Possivelmente também terá havido alguém a considerar anómalos os recordes do Carl
Lewis quando há anos fez as marcas que todos
sabemos.
Anólamo foi o resultado do canadiano Ben Jonhson,
mas esse foi apanhado de imediato.
Também já anda por aí uma teoria relacionada com
escravatura,dizendo que para a Jamaica terão ido
escravos,que apresentam nos músculos a percentagem de fibra branca necessária aos grandes
velocistas,sendo esta fibra hereditária.
A única coisa que vi,foram provas extraordinárias da
parte da Jamaica,não posso questionar mais nada,se
o fizesse,estaria também a pôr em causa as marcas
do Phelps e de outros atletas.Não tenhamos preconceitos.
Abraço
De A.Teixeira a 30 de Agosto de 2008
Penso, Paulo Santiago, que não se deve fazer confusão entre resultados anómalos de um atleta, como o exemplo de Carl Lewis que apresentou, e os resultados anómalos de toda uma equipa de atletismo. É que as 11 medalhas da Jamaica foram todas ganhas em atletismo e mais de metade delas (6) foram de ouro, com 3 de prata e mais 2 de bronze. Para comparação, nos últimos Jogos tinham sido 5 (2-1-2), nos penúltimos 7 (0-4-3) e nos antepenúltimos 6 (1-3-2), também sempre em atletismo.

Ou seja, a Jamaica ganhou em Pequim o número de medalhas de ouro (6) que tinha recebido em média em todas as categorias (ouro, prata e bronze) nos três Jogos anteriores… É possível que estes Jogos de 2008 tenham corrido particularmente bem para a equipa da Jamaica de atletismo. Mas também não é possível descartar que possa haver outras explicações… Mantenho-me céptico até perceber se a Jamaica consegue manter este nível competitivo.

É que, como acontecia com a RDA , em comparação com os seus concorrentes directos, a massa crítica populacional de onde a Jamaica pode recrutar os atletas desfavorece-a a longo prazo: há 3 milhões de jamaicanos mas há, por exemplo, 150 milhões de nigerianos (o país de origem de Francis Obikwelu ). E quanto à teoria de que fala, relacionada com a escravatura, há quem lembre, ironicamente, que a própria selecção feita pelo homem fez com que as estirpes dos velocistas mais velozes ficassem em África: eram eles os que melhor fugiam dos esclavagistas…

Um pouco mais a sério, e quanto à confiança que demonstra sobre os resultados obtidos pelos laboratórios de controlo, talvez o Paulo Santiago não saiba que naquele mesmo ano em que Ben Johnson foi desclassificado por dopagem (1988), Carl Lewis também havia sido “apanhado” por três vezes antes das provas de qualificação para os Jogos Olímpicos desse ano. Não tivesse o caso sido “abafado” na altura e Lewis não poderia ter participado nos Jogos e não tivesse o caso sido revelado em 2003, ainda hoje não saberíamos de nada…

Pode lê-lo aqui: http :/ en.wikipedia.org wiki Carl_Lewis#Performance-enhancing_drug_use
De paulo santiago a 31 de Agosto de 2008
Desconhecia,caro A.Teixeira,essa"falcatrua"do Carl
Lewis e acho muito estranho que os comentadores,
nos últimos JO,dissessem ,após a vitória do Bolt nos
100 e 200 metros,só o Lewis ter conseguido o mesmo
numa edição dos jogos.Ora se é verdade este último
estar dopado,essa comparação está incorrecta,as
medalhas e os títulos ter-lhe-iam sido retirados.Quem
estará certo?Será que a Wikipedia é credível?Acredito
na Jamaica sem batotas.Há atletas extraordinários,
temos de acreditar.Ontem,assisti a um jogo de rugby
África do Sul-Austrália,ganho pelos africanos,onde
um ponta,recém selecionado e do qual não fixei o
nome,marcou 4 ensaios aos Wallabies.Jamais um
atleta da S.A.R.tinha conseguido tal feito e acredito
que este atleta,tal como o Habama,da mesma selecção,farão 100 metros em 10s ou menos,até
porque na selecção Neo-Zelandeza há o Joe RokocoKo
muito mais pesado que faz 10,6 nos 100 metros e
havia outro neo-zelandês o Jonah Lomu com !,96
metros de altura,110 kg de peso a fazer 10s.Como
era difícil explicar esta performance,diziam que a mãe
que ficara grávida numa ilha perto do atol de Bikini,
recebera umas radiações que tornaram o Lomu naquela força da natureza.Penso que não haverá
nenhum feiticeiro na Jamaica que tenha descoberto
uma poção mágica para aqueles atletas.
De Anónimo a 1 de Setembro de 2008
Comentário apagado.
De A.Teixeira a 1 de Setembro de 2008
Peço desculpa, parece que o meu comentário saiu misturado.

Paulo Santiago:

Agradeço a sua resposta e gostaria de esclarecê-lo que não costumo usar a Wikipedia como fonte de informação principal. No caso Lewis servi-me dela como uma ligação que normalmente todos conhecem, para o caso de querer corroborar aquilo que lhe afirmava.

Se pretende duvidar do que lá leu e em contrapartida, “acredita na Jamaica sem batotas” e que “temos” de acreditar que há atletas extraordinários, sinto-me completamente desarmado para contradizer os seus argumentos que, desculpe que lhe diga, me parecem completamente baseados na fé.

Uma nota adicional, respeitante a Jonah Lomu, um atleta que muito aprecio e sobre o qual escrevi aqui há uns tempos:

http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2007/10/as-razes-estticas-porque-torcia-pelos.html

Confesso que não conhecia essa alusão à radioactividade de Bikini durante a sua concepção que refere e a associação disso à sua anormal compleição. A minha reacção é céptica e o meu cepticismo sustenta-se no facto de Bikini se situar na Micronésia e de Lomu ser de ascendência polinésia, o que é completamente diferente. Além disso, Lomu nasceu na Nova Zelândia, que fica a cerca de 5.000 km de Bikini.

Analiticamente é isto que se me oferece dizer, mas obviamente que, quanto a concepções milagrosas, todos conhecemos aquele exemplo de Jesus Cristo de há 2.000 anos atrás, só que para isso, como já disse acima, há que acreditar e entrar pelo domínio da teologia, que é disciplina que não domino…

Cumprimentos

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