A minha geração é vítima de um dos grandes paradoxos da geopolítica manhosa: ter sido instruída a odiar, ou no mínimo menosprezar, um país vizinho para que os regimes de ambas as ditaduras fronteiriças fossem unidos como a unha é com o dedo. Não fujo à regra nem dou como tempo perdido o perdurar do preconceito de malquistar os espanhóis e as espanholadas. Pela simples razão de ter sido compensado com generosos juros. De tanto detestar Espanha e os espanhóis, fiquei com uma enorme sede de descobrir os locais do ódio, as suas raízes e os energúmenos que lhe fizeram a história e lhe davam o proveito da existência. E como o condómino que se vai interessando cada vez mais pela descoberta da sensualidade de uma vizinha que cada vez apetece mais, entrando pé ante pé na sua intimidade, acabei nisto: apaixonado sem remédio pela vizinha a quem antes apenas se grunhiam umas boas tarde e por favor. E digo-vos: ainda a missa erótica vai a metade pois que a Espanha por e para descobrir é obra para mais que uma vida. E eu confesso, da sua mama esquerda ainda não passei no desfrute, apesar do tour de voyeur por quase todo o seu corpo. Mas se gosto de Espanha e de alguns espanhóis, e eu só sei gostar muito, não gosto nada da “Hispanidad” (não esqueço os mapas da Península que a Falange divulgava), por muito mesmo nada que isso pese à empresa literária Saramago & Pilar, SA.
O dito foi mero intróito para dizer que, pelas razões expostas mais pelo fascínio de boca aberta pelos hinos ao futebol que plantaram neste Euro, amanhã serei um espanhol frenético a torcer pela “nossa” Espanha. E pelo seu jogador que é o mais espanhol de todos, o demonstrador que não há um povo espanhol mas muitos povos espanhóis, o melhor jogador que passou por este Euro, Marcos Senna, essa Catedral melhor que a de Burgos (até porque este génio não perde um minuto a decorar o campo com enfeites góticos, antes sendo um santo calvinista na precisão pragmaticamente divina do passe), a dominar a eucaristia do meio campo, essa mãe santa de qualquer rectângulo onde se pratique o futebol moderno. E, para que dúvidas não restem, aqui fica já a bandeira hasteada, a que amanhã me vai enfeitar a mão para assistir à desfeita aos teutónicos.
Mañana por la tarde: Que Viva España! OLÉ!
De
Lutz a 28 de Junho de 2008
Sonhe, João, sonhe!
Já não fui educado neste "rancor" de que fala o João, sou mais pró iberista, se é que isso é alguma coisa. Mas tenho Olivença como peça de engulho dessa pertença. Daí que não vá puxar por "nuestros hermanos", apodo que considero pouco simpático. Se ganharem que lhes faça bom proveito que, por cá, limito-me a comer outra Laranja.
Sobre Olivenza, pergunte-se aos "oliventinos".
De Van Aerts a 29 de Junho de 2008
A por ellos...
De
Daniel a 29 de Junho de 2008
Gracias por su apoyo amigo Joâo...
También les vengaremos a ustedes de estos alemanes sin alma. Tenga en cuenta que para mí esta es una final sorpresa. Yo había pronosticado un Portugal-Holanda!
Solo una objeción: Está seguro de que no se ha equivocado de bandera? ;)
De carlos a 29 de Junho de 2008
"E eu confesso, da sua mama esquerda ainda não passei no desfrute, apesar do tour de voyeur por quase todo o seu corpo."
Ah (poli)Valente! e rebusca bem os cantos, os redondilhos dos voluptuosos cantos... lol
De marceloribeiro@netcabo.pt a 29 de Junho de 2008
Sou como V sabe iberista e hispanista:
acima, acima gajeiro
acima ao mastro real
Se vês terras de Espanha
areias de Portugal.
sempre achei burra a educação recebida em que Castela era o monstro e nós os cordeirinhos. Não tendo vocação de animal sacrificial fui conhecendo e amando a terra ibérica e se simpatizo com a 2tricolor" não me chateia hastear a bandeira vermrlha e ouro (que vem de Aragão).
gosto da alemanha de onde me vem um trisavô não me zanguei com a justíssima vitória deles contra nós e não me move a vingança. só que a Espanha é a grande EQUiPA deste campeonato. disse equipa? Repito-o! Equipa e não um punhado de rapazes geitosos a jogar cada um para seu lado.
A ver se festejamos! Com cerveja (boa) alemã se for preciso!
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