Fui criado na minha infância com as muletas das mitomanias dos índios e dos cow-boys. E vem, agora, um chino-americano a querer escaqueirar-me as referências! Pode fazê-lo, tem esse direito. Mas não fica sem uma pistolada do meu Colt de infância que, volta e meia, ainda fumega e não gastou os traços todos marcados na coronha e dos patifes abatidos e ainda por abater.
Gary Cooper foi o mais mítico e mais sedutor de todos os cow-boys (depois abandalhado, em péssima imitação, pelo canastrão indigesto do John Wayne), um santo da pradaria. E o mais imortal de todos os cow-boys. Matava mais com os olhos - um olhar longo, penetrante e com todo o calor da alma – que com a pistola. E tinha um tique cinéfilo que o imortalizou: nos apertos, na tensão da espera, passava os dedos lentamente pelos lábios, mostrando que valorizava o sentir sensual mas com a mão solta antes de descer para o coldre (mostrando quanto o erótico se resume a um confronto de tudo ou nada entre a vida e a morte, aspirando-se á ressurreição para que o pecado não se suicide). E um beijo do Gary Cooper era um beijo! Nada seco, a despachar, ou de domínio, pois aquele homem só dava beijos molhados, assim a modos que beijo devoto, apetecendo estar no seu lugar (e que divas, aquelas com quem ele contracenou). E com este tamanho património, vem o Lee, ou lá como se chama o tipo, a meter os cow-boys às beijocas e às paneleirices uns com os outros e as moças do Saloon a verem passar os cavalos com as selas a abanar. Pum! Pum! E que sobrem os índios!
(post sugerido, em recaída e com adaptação, na passada de resposta a um comentário da Ana, lá mais abaixo)
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