Segunda-feira, 24 de Março de 2008

RAIVA CRISTÃ FOI COISA QUE NUNCA EXISTIU

 

César das Neves, virtualizando uma ideia histórica de perseguição continuada aos cristãos, enfiou a Opus Dei na contabilidade das vítimas dos tempos presentes. Assim:  

 

Mas o problema da Prelatura do Opus Dei vai mais fundo. Toma-se consciência disso ao vermos "acusados" de serem da Obra muitos leigos só por se afirmarem publicamente como cristãos, mesmo sem nada a ver com ela, como eu. Em particular, são-lhe atribuídos todos os católicos "conservadores", entendendo-se por esta palavras aqueles que querem seguir a doutrina cristã como ela é. Ser fiel ao Papa e à Cúria, acreditar nos Evangelhos, Credo e obras dos Padres, recusar as patranhas que os críticos do momento inventam, isso hoje é ser conservador e automaticamente do Opus Dei.

Um cristão é tolerado desde que não se note que o é.

No fundo, esse problema é o mesmo que vários outros grupos católicos foram tendo ao longo dos séculos. Em todas as épocas a Igreja sempre defrontou inimigos poderosos. Esses gostavam de isolar uma pequena secção de crentes para a mimosear com o pior das suas fúrias. Há cem anos eram os jesuítas; há 500 os dominicanos; hoje é o Opus Dei. Estes têm a honra da escolha do inimigo.


É muito curioso notar uma flutuação marcada nessa história da raiva anticristã. Conforme as épocas, no meio da enorme diversidade de carismas da Igreja, os movimentos escolhidos pelos críticos vêm alternadamente dos pobres e dos poderosos.

 

Trata-se de uma forma mal amanhada de tentar marcar um martiriológio cristão que nunca existiu historicamente em termos de fenómeno contínuo ou dominante. E, nesse sentido, César das Neves manipula como se propagandista da Opus Dei fosse (organização de vítimas a que diz não pertencer). Tão manipulada é a peça que não se sentiu, passado à escrita, o rubor nas faces do catedrático tribuno quando se esqueceu que existiu e existe uma raiva cristã. Parte dela feita poder que perdura.

Publicado por João Tunes às 22:59
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4 comentários:
De mc a 25 de Março de 2008
Olá, mano! :)

O César das Neves fala de modo tolo. O cristianismo pode e deve ser criticado. Ser criticado não é o mesmo que ser perseguido e ser feito vítima. Há quem seja perseguido por causa da fé. Como há quem o seja por a não ter ou ter outra diferente. Sempre houve vítimas e carrascos dos diversos lados das trincheiras humanas.

Agora acho-lhe imensa graça é falar do cristianismo "a sério" dos ricos senhores do opus dei. É de morrer a rir...

abraço
De João Tunes a 25 de Março de 2008
Olá mana, pois se o César das Neves não existisse, ler jornais seria mais chato. Abraço.
De Augusto a 25 de Março de 2008
O homem deve estar a referir-se às investigações em
curso sobe os anteriores membros da administração do BCP, muitos deles confessos membros da Opus Dei.
As benesses eram tantas que até o comendador ficou
escandalizado.
Será que o comportamento desses senhores está de
acordo com os princípios cristãos (não Opus) de César das Neves ?
De João Tunes a 25 de Março de 2008
Mas foi exactamente pelo BCP que o Abominável Cesar das Neves começa o artigo... (segue o link e lê o artigo), depois anda e anda, passa pela raiva anticristã e, por obra e graça relativista, a questão do BCP apaga-se. Milagre? Não. Apenas vítimas pela banda do Vaticano.

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