César das Neves, virtualizando uma ideia histórica de perseguição continuada aos cristãos, enfiou a Opus Dei na contabilidade das vítimas dos tempos presentes. Assim:
Mas o problema da Prelatura do Opus Dei vai mais fundo. Toma-se consciência disso ao vermos "acusados" de serem da Obra muitos leigos só por se afirmarem publicamente como cristãos, mesmo sem nada a ver com ela, como eu. Em particular, são-lhe atribuídos todos os católicos "conservadores", entendendo-se por esta palavras aqueles que querem seguir a doutrina cristã como ela é. Ser fiel ao Papa e à Cúria, acreditar nos Evangelhos, Credo e obras dos Padres, recusar as patranhas que os críticos do momento inventam, isso hoje é ser conservador e automaticamente do Opus Dei.
Um cristão é tolerado desde que não se note que o é.
No fundo, esse problema é o mesmo que vários outros grupos católicos foram tendo ao longo dos séculos. Em todas as épocas a Igreja sempre defrontou inimigos poderosos. Esses gostavam de isolar uma pequena secção de crentes para a mimosear com o pior das suas fúrias. Há cem anos eram os jesuítas; há 500 os dominicanos; hoje é o Opus Dei. Estes têm a honra da escolha do inimigo.
É muito curioso notar uma flutuação marcada nessa história da raiva anticristã. Conforme as épocas, no meio da enorme diversidade de carismas da Igreja, os movimentos escolhidos pelos críticos vêm alternadamente dos pobres e dos poderosos.
Trata-se de uma forma mal amanhada de tentar marcar um martiriológio cristão que nunca existiu historicamente em termos de fenómeno contínuo ou dominante. E, nesse sentido, César das Neves manipula como se propagandista da Opus Dei fosse (organização de vítimas a que diz não pertencer). Tão manipulada é a peça que não se sentiu, passado à escrita, o rubor nas faces do catedrático tribuno quando se esqueceu que existiu e existe uma raiva cristã. Parte dela feita poder que perdura.
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