No programa “Prós e Contras” de ontem, tivemos um ministro entre empresários e gestores, mais dois embaixadores como enfeite. Tratava-se de economia, globalização, inovação, concorrência e criação de valor em produtos-mercadorias.
Curiosamente, o ministro (Manuel Pinho), um péssimo comunicador e contumaz especialista em “gaffes”, homem de discurso entaramelado, saiu-se muito melhor que qualquer dos seus colegas de governo que por ali, programa, tinham passados quando de outros apertos. Tudo facilitado pelo ali demonstrado espírito de concórdia que reina entre governo e empresários. E se isso é um sinal positivo de estabilidade, muito mais importante que a performance do ministro, que não pode deixar de ser tido em conta na apreciação da acção do governo, não deixa de fazer pensar a dissonância evidenciada entre os resultados tão diferentes que resultam do confronto do governo com os vários pólos da sociedade civil, a que se exprime institucionalmente e a que recorre frequentemente à “rua”. É que termos um governo socialista pacificado com o patronato, o que é obra de monta (nuns e noutros), a que acresce a paz laboral vivida nas empresas privadas e de que resultará a anemia reivindicativa do sindicalismo “de classe contra classe”, enquanto fervem os conflitos com camadas dos assalariados “servidores do Estado” o que levou à relevante ironia paradoxal de ter transformado o PCP de “partido da classe operária e restantes trabalhadores” em “partido de professores e restantes funcionários públicos”, coisa para arrepiar Marx, Lenine e Cunhal, merece atenção bem atenta se quisermos perceber as mutações que ocorrem no país social e no país político. Ou seja, que comboio está a passar, quem vai nele e quem são os que o vêm passar.
Obviamente que o determinante no quadro em que vivemos será a forma como, nos próximos tempos (1-2 anos), se recompõe ou desconjunta a economia mundial. E, nesse desiderato maior, nós (Portugal) pouco ou nada contamos, se a crise estalar com força. Seguiremos, como em 1926 ou
De qualquer forma, gerindo melhor ou pior o desconforto de ver um governo socialista de bem com os empresários e de mal com as cúpulas dos sindicatos e com as esquerdas clássicas, há muito para esquecer quanto a ideias feitas sobre a interpretação da realidade social e política, e teremos de aprender, aprender sempre, como dizia um dos mestres da praxis, agora a ser constantemente desautorizado pela evidência da vida globalizada. Provavelmente porque ele, mestre, aprendeu muito mas ensinou mal, aspecto em que os seus alunos foram relapsos a avaliá-lo.
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