Dou de barato que este post peque por defeito revivalista. Ou seja, sofra de recaída deslocada, no tempo e na maré, de um “68” penitente, irremediavelmente penitente. Mas não controlo o ser e o pensar, prometendo, embora, que tentarei evitar andar por aí, de braço dado com o “Chico” e a “jovem guarda jerónima”, com t-shirt do assassino Che, á pedrada contra os camaradas sindicalistas da polícia de choque lusitana.

[não é que não me apetecesse, a pedrada e não as companhias, mas uma vetusta hérnia discal transformou-me, irremediavelmente, num pacato reformista que se remedeia a ver a banda passar]

Pois eu vejo a malta estudantil francesa á trolha com os “flics” e estou com a malta e contra os “flics”. A provocação da escumalha neo-liberal de dar corda larga aos despedimentos até aos 26 anos é um puro acto de fascismo. E a merecer merda. E merda grossa. Antes isso que pegarem em paus de fósforo para queimarem às cegas popós de burgueses remediados que tanto podem ter votado Le Pen como nos trotsquistas. E, por via da selvajaria neo-liberal mais troglodita, Paris volta a arder. E quando Paris arde, ensina a história, nada fica como antes. Se Lisboa, Londres, Estocolmo ou Berlim ardessem (va de retro!), era um problema de bombeiros, de ajudas e défice, a União Europeia trataria do resto. Se ardessem muito, até fariam novas capitais ao lado, para gozo dos arquitectos especializados em novas capitais. E o Oscar Niemeyer ainda dava uma perninha na suma orientação. Mas arder Paris, goste-se ou não, é coisa que implica fogo revolucionário, de mudança, de mudança tanta que os revolucionários são comidos na pedalada final. Foi sempre assim. Dá-me imenso prazer acreditar que continuará assim. Eu sei que, como costume, velho costume francês, vai ser a direita, essa estúpida e chauvinista burguesia francesa, no seu catolicismo pacóvio, vichysta e ultra reaccionário, a levantar os dividendos da revolta. Se calhar, até pode levar Le Pen ao Eliseu. Eu sei e desgosto-me a pensar isso. Mas também sei que cada vez que a burguesia francesa mata a revolução entre muros, o mundo pula e avança. Voilá!