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Isto está bonito, está. Como o clamor das paixões, começa a valer tudo. E não julguem que falo da lusa blogosfera. Não é preciso chegar a tanto. A venerável imprensa parece não lhe querer ficar atrás. Se há delírio, ao menos que ele seja democrático. Por isso, dá para todos. Até para compensar a magreza em número de manifestantes que, burgueses às vezes, parecem preferir curtir o sol na Caparica que engrossarem o lote de acompanhantes das passeatas de Louçã, Carvalhas e Ana Gomes.
E se o rigor é inimigo do óptimo, então pontapé na História que para a frente é que é caminho.
Um sujeito, pomposamente titulado de Assessor de Sistemas de Informação (do SIS? de Informática? do quê?), de seu nome António Vilarigues, lançou em página toda por sua conta do
Público, este naco de prosa aldrabona:
Nos anos entre as duas guerras mundiais foram precisamente os "pacifistas" quem, em todo o lado e também nas ruas, se opuseram aos partidos fascistas e nazis, denunciando o seu carácter terrorista e criminoso. Muitas vezes em condições antidemocráticas e à custa da própria vida. Foram eles que pegaram em armas para defender a República Espanhola, criando as Brigadas Internacionais, enquanto os governos das principais potências "democráticas" da época (Inglaterra, EUA e França) permaneciam "neutrais".
Meu deus! Um ignorante, ou homem emprenhado pela má fé, e deste quilate é assessor de sistemas de informação? Coitados dos seus eventuais patrões e clientes
Onde se viu um dislate deste tamanho de considerar os brigadistas como pacifistas que pegaram em armas para defender a Espanha Republicana perante a neutralidade dos governos ocidentais?
Primeiro: As Brigadas Internacionais não foram recrutadas entre pacifistas mas sim entre e pelos Partidos Comunistas, sob orientação, coordenação e logística do Komintern e da União Soviética.
Segundo: A União Soviética interveio directa e militarmente na Guerra Civil de Espanha embora pertencesse ao Comité Não Intervenção.
Terceiro: As Brigadas Internacionais retiraram de Espanha quando a União Soviética deu a guerra como perdida.
Quarto: Muitos dos brigadistas sobreviventes (assim como grande parte dos militares e diplomatas soviéticos que serviram em Espanha) foram assassinados por Estaline porque, perdida a guerra em Espanha, o ditador vermelho preparou o Pacto com Hitler que consumou no mesmo ano em que terminou a guerra civil (1939) e os espanhóis passaram a ser vistos como antifascistas inconvenientes.
Oh Vilarigues, informe-se homem. Leia. Não minta. E, se faz favor, respeita a memória e as convicções de gente que arriscou a vida por uma Causa. Os brigadistas não merecem o insulto de lhes chamarem pacifistas! Foram combatentes, a maioria portou-se valentemente, serviram Estaline porque pensavam que ele era Deus, perderam porque os fascistas foram mais fortes e porque Estaline resolveu trocar o Antifascismo pelo Pacto com os Nazis. Honremos a sua memória e respeitemos a coerência da sua cegueira ideológica.