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O traço mais marcante que o neo-liberalismo trouxe para a política foi comparar as sociedades às empresas, defendendo que a governação deve aparentar-se, o mais possível, com a gestão das empresas.
Se o liberalismo defendia a não intromissão da política na economia, não beliscando a santa liberdade do mercado, agora defende-se que o Estado deve deixar de ser Estado. Em nome de quê? Da eficiência. Porque, dizem, o Estado não sabe gerir.
Hoje, a primeira função de um Ministro da Saúde é privatizar hospitais. Um Presidente da Câmara moderno deve entregar os serviços camarários ao outsourcing. Já se ouvem uns zunzuns que também as Cadeias, as Polícias e os Tribunais para aí deviam caminhar.
Depois, em cúmulo, chegaremos à privatização do Governo e da Política. E os Gestores já andam para aí a movimentarem-se para definir as regras da grande política (lembramos todos o célebre Compromisso Portugal do Convento do Beato).
Destas artes, o Estado vai-se demitindo do sentido social e da sua função reguladora e equilibrante. Tudo passa a ser visto como custos, receitas e resultados. Exactamente no momento em que as Empresas transformam diariamente milhares de trabalhadores em excluídos.
Os grupos económicos depois de afastarem o Estado da regulação da economia, preparam-se agora para o tomarem como agência de novos contratos. Porque ele passou a ser visto como um mero elemento de mercado.
A social-democracia é cúmplice deste baquear da função social do Estado porque foi tomada de pânico e inacção perante a sua função fundamental de evitar que a economia de mercado se transforme em mercado da economia. É exactamente neste ponto que as populações quase não se apercebem da alternância direita-esquerda. Porque, nos seus históricos traços distintivos, a direita é direita e a esquerda é direita. Apenas, quando os há, temos uns pós de sensibilidade assistencial com os mais desfavorecidos. O que é pouco, ou quase nada, perante as suas responsabilidades.