Um punhado de centenas de quilómetros de asfalto dado de comer a quatro pneus para: um (excelente) almoço de peixe em Leça da Palmeira; uma tarde passada no areal quase deserto do Cabo do Mundo, sob “sol algarvio” (excepcional), a olhar o mar e os pescadores desportivos (banal e refrescante), em mistura com as letras (necessárias) do primeiro volume do livro de memórias de Almeida Santos e com um canto do olho entornado sobre a “Casa de Chá” (eterna) do Siza Vieira; finalmente, cruzar-me numa área de serviço da A1 com (o pior do) José Pacheco Pereira, porque calado e sem estar a escrever.
Claro que não subi do reduto da Mourama até o império da Invicta céltico-galega só por isto. Mas foi isto o mais impressivo. E não foi pouco. Deu sobretudo para reviver, raspando caruncho à máquina fotográfica de bolso, a visão, sobretudo em contra luz, do Cabo do Mundo onde gastei fios de tempo quando a vida me surgia como eterna. A namorar com a pressa sôfrega de quando se julga cada amor como sendo o último mas com a ameaça permanente de que estava prontinho para acabar. E, então, o Cabo do Mundo se já tinha o mar fundo e bravo pela frente e ainda ali se poisava sem uma refinaria de petróleo na ilharga. O mar lá continua sempre igual na diferença das marés rebeldes. A refinaria também, agora vista com os olhos da ternura nostálgica de quem deu um naco da vida de luta para que a ganância do Imobiliário não a derrote.
OS MEUS BLOGS ANTERIORES:
Bota Acima (no blogger.br) (Setembro 2003 / Fevereiro 2004) - já web-apagado pelo servidor.
Bota Acima (Fevereiro 2004 a Novembro 2004)
Água Lisa 1 (Setembro 2004 a Fevereiro 2005)
Água Lisa 2 (Fevereiro 2005 a Junho 2005)
Água Lisa 3 (Junho 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 4 (Outubro 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 5 (Dezembro 2005 a Março 2006)