Claro que não podia deixar de levar o Pedro ao Speakers Corner, sítio que ele aliás tinha assinalado na sua agenda.
Com o passar do tempo, a representação ali tornou-se mais demencial e mais sádica. Um escape para loucos desopilarem, o que só lhes fará bem, mas também um usufruto de gozo para uns tantos testarem a sua sobriedade pela medida de desarranjos alheios, repugnante por isso. Nem mais. Nada daquilo tem a ver com liberdade. Porque não há liberdade no que é cruelmente inútil. É pouco mais, se for, que um contracto entre esquizofrénicos pendurados num escadote e umas dúzias de papalvos a gozar disparates com figura de gente.
A democracia não passa pelo Speakers Corner. Mas a democracia corre sempre o risco de se transformar num Speakers Corner. Essa, para mim, a sua única validade simbólica. Valha isso. Valerá?
Registo o desagrado, por pudor, do Pedro, que se incomoda com aquele gozo com quem vai perorar para ser gozado.
Marcaste mais um ponto, digo-me.