Esta declaração de Luís Amado (um político que nos habituou ao excesso de cautelas e de “nins”):
O processo negocial entre palestinianos e israelitas «assenta pela primeira vez num diálogo entre as duas partes interessadas, sustenta-se na negociação directa entre a Autoridade Palestiniana e o Governo israelita», referiu o ministro [Luís Amado].
tropeça, desde logo, no invocado conceito unificado de “Autoridade Palestiniana”. Porque, o mais provável, é que os representantes palestinianos que se sentem á mesa da negociação directa sejam os sobreviventes da orgia de metralha fraticida entre os da Fatah e os do Hamas.
O mito da causa da esquerda em apoio à “causa central palestiniana” (estereótipo introduzido na luta anti-imperialista desde que a URSS se incompatibilizou com Israel) iludiu, e nesse sentido ajudou o sofisma relacionado para uso propagandístico, prolongando a ilusão da substância da identidade e unidade palestiniana (como se os palestinianos, como qualquer outro grupo nacional, constituissem uma unidade homogénea isenta de contradições e de segmentações). Bastou a emergência agressiva e agressora do fundamentalismo islâmico nas hostes palestinianas (incentivada pela vaga de irredentismo agressivo e favorecido pelo descrédito acumulado de corrupção que há muito grassava na OLP e a que se fazia a "vista grossa" que se costuma fazer para com os defeitos dos "amigos") para que a esquerda ocidental transferisse, com uma admirável velocidade tartufa, o anterior apoio expresso à Fatah para o apoio cúmplice ao Hamas, segundo o princípio que o importante, na escolha de amigos e aliados, é quem mais combate o(s) inimigo(s) principal(is), com os resultados que estão á vista. E hoje, desgraçadamente, perante a expectativa manietada (pelas suas inconsequências) da solidariedade vácua da esquerda ocidental antijudaica e antiamericana, e sem um tiro israelita, são os palestinianos que se encarregam de destruir o mito construído da maturidade da sua identidade (condição necessária para sustentar o direito exequível a um Estado).
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